Uma análise da biografia e de dois retratos do também engenheiro e arquiteto feita pelos médicos Davide Lazzeri e Carlo Rossi, publicada na revista académica da Real Sociedade de Medicina britânica, avança a hipótese de, ao contrário do que tem sido estabelecido por repetidos estudos ao longo de anos, Da Vinci ter sofrido um desmaio, que levou a um impacto suficiente para lhe causar a limitação da mão direita.

“Análises da biografia e de dois desenhos de Da Vinci parecem confirmar que ele sofreu uma doença na sua carreira tardia, que afetou a sua capacidade para segurar paletas e pincéis para pintar com a sua mão direita, apesar de não ter afetado a sua capacidade para desenhar com a mão esquerda”, pode ler-se nas conclusões do artigo.

Segundo uma pintura do século XVI de Leonardo da Vinci (1452-1519), “o impedimento da sua mão direita estaria provavelmente ligado a uma neuropatia ulnar pós-traumática e não a um acidente vascular, mesmo que um acontecimento cardiovascular possa ter estado na origem da sua morte”.

Os autores do texto, médicos em Roma e Pontedera, em Itália, recordam que a paralisia da mão direita de Da Vinci não esteve associada a uma perda de capacidade cognitiva, “o que pode explicar porque é que ele deixou numerosos quadros incompletos, incluindo a ‘Mona Lisa’, durante os últimos anos da sua carreira como pintor, enquanto continuou a ensinar e a desenhar”.

Os autores socorrem-se dos escritos do assistente pessoal do cardeal italiano Luigi d’Aragona, Antonio de Beatis, para justificar a sua teoria de que da Vinci não terá sofrido um acidente vascular na base da sua paralisia.

Em 1517, de Beatis visitou Leonardo da Vinci e, na sequência desse encontro, escreveu que já não se poderia esperar “bom trabalho dele, uma vez que uma certa paralisia limitou a sua mão direita”, mas ressalvou que, apesar de não poder pintar “com a doçura que lhe era peculiar, ainda pode desenhar e instruir outros”.

“Não há informação sobre uma eventual paralisia facial que frequentemente ocorre após um acidente vascular”, realçam os autores do texto.

Nascido em 15 de abril de 1452, perto de Vinci, na então República de Florença, Leonardo da Vinci morreu no dia 02 de maio de 1519 em Cloux, França, para onde se mudou três anos antes, a convite do rei François I.

Autor de alguns dos quadros mais icónicos da arte mundial, da Vinci está este ano no centro de múltiplas comemorações a nível internacional, por se assinalarem os 500 anos da sua morte.