Durante uma comovente cerimónia em Los Angeles, repleta de danças e canções nativas americanas, a Academia emitiu um pedido público de desculpas a Littlefeather, outrora celebrado por ativistas, mas condenada ao ostracismo por profissionais do cinema.

Littlefeather, que é apache e yaqui, foi vaiada na cerimónia da Academia em 1973, na primeira transmissão ao vivo para todo o mundo, quando explicou que Brando, a quem ela representava, recusaria o Óscar de Melhor Ator por "O Padrinho" devido ao "tratamento dado aos nativos americanos pela indústria cinematográfica".

No sábado, a atriz disse que naquela ocasião subiu no palco "como uma mulher indígena orgulhosa, com dignidade, com coragem, com graça e com humildade". "Eu sabia que tinha de dizer a verdade. Algumas pessoas podiam aceitar. E outras não", disse.

Ela também afirmou que o ator John Wayne teve de ser contido para não agredi-la fisicamente quando deixava o palco. Mesmo como membro do Screen Actors' Guild, o sindicato dos profissionais de cinema, a atriz teve dificuldade para encontrar trabalho em Hollywood, já que os diretores de elenco foram pressionados a deixá-la de fora das produções.

O ex-presidente da Academia David Rubin, que lhe pediu desculpas em junho, falou no sábado sobre a "carga emocional" que Littlefeather teve de suportar e o consequente "custo para a própria carreira".

O ato de reparação ocorre num momento em que a indústria cinematográfica americana confronta-se com o que muitos descrevem como uma cultura de sexismo, racismo e impunidade. "A Academia e nossa indústria estão num ponto de inflexão", disse Rubin.

Em 2019, o ator Wes Studi, de "O Último dos Moicanos", tornou-se o primeiro ator nativo americano a receber um Oscar, ao ser premiado com uma estatueta honorária em reconhecimento à sua carreira.

"Nunca é tarde demais para um pedido de desculpas", disse Littlefeather à imprensa no sábado. "Nunca é tarde demais para o perdão."

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