A 'shortlist' do prémio, hoje anunciada, inclui “At Night All Blood is Black”, do franco-senegalês Davip Diop, “The Dangers of Smoking in Bed”, da argentina Mariana Enríquez, “When We Cease to Understand the World”, do chileno Benjamín Labatut, “The Employees”, da dinamarquesa Olga Ravn, “In Memory of Memory”, da russa Maria Stepanova, e “The War of the Poor”, do francês Éric Vuillard.
Dois dos nomeados estão publicados em Portugal: “Um Terrível Verdor”, de Benjamín Labatut (lançado pela Elsinore, em janeiro do ano passado), e “A Guerra dos Pobres”, de Éric Vuillard (editado pela Dom Quixote, em março de 2020).
O júri deste ano, composto pela historiadora Lucy Hughes-Hallett, que presidiu, pela jornalista Aida Edemariam, pelo escritor Neel Mukherjee, pela professora de História da Escravatura Olivette Otele e pelo poeta e tradutor George Szirtes, destacou que os seis escritores selecionados "foram elogiados por figuras tão abrangentes como Phillip Pullman, Patti Smith, Sarah Waters, Dave Eggers, Geoff Dyer e Philippe Sands".
"Revolucionários na forma, no conteúdo e no ponto de vista, todos os livros da 'shortlist' deste ano são obras de literatura urgentes, enérgicas e extremamente originais", que incluem "histórias aterradoras de adolescentes desordeiros, bruxas tortas, fantasmas sem abrigo e mulheres esfomeadas na Argentina contemporânea", destacou o júri.
Os outros temas abordados são o relato histórico de dois soldados senegaleses a lutar pela França durante a primeira guerra mundial; as vidas da tripulação a trabalhar no navio Seis Mil no século XXII; histórias dos momentos marcantes da História da ciência; a exploração da memória cultural e pessoal, usando como base a família judia da autora (Maria Stepanova) na Rússia; e uma história de rebelião contra o poder e privilégios estabelecida durante a Reforma Protestante na Alemanha do século XVI.
Já premiados nas suas próprias línguas, dois terços dos autores agora seleccionados "são novas vozes a descobrir pelos leitores de língua inglesa", destaca o júri, acrescentando que estes livros "subvertem os géneros familiares, sejam eles reinvenções de histórias de guerra, ficção científica, góticas ou de trajetórias políticas revolucionárias".
São histórias que "sondam a natureza da memória, as ideias e se o fracasso humano se disfarça de progresso", sublinham.
A lista de finalistas ao prémio é novamente dominada por editoras independentes.
Este ano, foram avaliados 125 livros, dos quais foram selecionadas 13 obras para a lista longa do prémio. Com este apuramento, ficaram para trás “I Live in the Slums”, da chinesa Can Xue, “The Pear Field”, da georgiana Nana Ekvtimishvili, “The Perfect Nine: The Epic Gikuyu and Mumbi”, do queniano Ngũgĩ wa Thiong'o, “Summer Brother”, do holandês Jaap Robben, “An Inventory of Losses”, da alemã Judith Schalansky, “Minor Detail”, da palestiniana Adania Shibli, e “Wretchedness”, do checo-polaco Andrzej Tichý.
A 'shortlist' abrange quatro línguas: Dinamarquês, Francês, Espanhol e Russo, com cenários que abarcam toda a Europa, América do Sul e mesmo o espaço exterior.
O livro vencedor é revelado no dia 2 de junho, numa cerimónia virtual.
O prémio de 50 mil libras (58 mil euros) é distribuído pelo autor e pelo tradutor da obra.
No ano passado, o livro vencedor foi “The Discomfort of Evening”, de Marieke Lucas Rijneveld, dos Países Baixos, com tradução de Michele Hutchison.
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