Gravar um álbum totalmente cantado em português, ao fim de 25 anos de carreira, “foi uma decisão artística, como tudo nos Moonspell”. “A razão foi extremamente simples. O disco liricamente é sobre Lisboa, sobre o que aconteceu na cidade [o terramoto de 1755] e sobre o que aconteceu em Portugal. Utilizamos não só expressões idiomáticas portuguesas, como muitas vezes dizemos Lisboa e Portugal e não queríamos dizer isso em inglês”, explicou Fernando Ribeiro em declarações à Lusa.

Nas letras há muitos “nomes e coisas de cá, tipicamente portuguesas”, daí a banda recorrer, “pela primeira vez, de forma absoluta, ao português como língua para um disco”. “Na nossa cabeça faz todo o sentido”, disse.

O disco sai em novembro e o primeiro 'single', assim como o respetivo vídeo, deverá ser divulgado em setembro.

O tema, “In Tremor Dei”, tem como convidado Paulo Bragança, que “vem do fado, mas é muito diferente do fado”.

“Paulo Bragança, tirando toda a parte artística e vocal, tem algo de anjo caído, de pessoa que não se conformou às regras, parte daí a despedida dele e agora o ressurgimento”, referiu Fernando Ribeiro (Paulo Bragança atua a 26 de julho no Museu do Fado, depois de alguns anos ausente dos palcos).

O nome do fadista surgiu quando os Moonspell estavam em estúdio a gravar “1755”. “Sem saber onde andava o Paulo Bragança ou se ainda cantava, quando compusemos aquela canção eu disse que ficava ali fantástica a voz dele. Achava curioso o que ele fazia com o fado, que o levou aos extremos e fiquei com essa ideia”, recordou.

Na altura, a banda não conseguiu entrar em contacto com o fadista, mas, “coincidência feliz”, Paulo Bragança contactou os Moonspell através da rede social Facebook, quando a banda foi tocar a Dublin, “onde ele esteve a viver durante dez anos”.

“Não nos encontrámos lá, mas vi a mensagem dele e decidi responder e desafia-lo para esta canção. Ele conhecia muito bem a carreira dos Moonspell e gostava do que nós fazíamos. Mostrei o tema, gravámos e tudo o que imaginei foi o que ele trouxe à música”, partilhou.

O disco será apresentado ao vivo poucos dias antes de chegar às lojas.

“Vamos anunciar mais datas, mas, para já, são duas datas em Lisboa - 30 e 31 de outubro, data em que é tradição tocarmos, por ser Halloween -, no Lisboa ao Vivo, e uma no Porto - 01 de novembro, no Hard Club”, disse.

Como habitualmente e com fãs espalhados por todo o mundo, além de concertos em Portugal, a banda fará uma digressão internacional.

Apesar de “1755”, Fernando Ribeiro considera que terá boa aceitação fora de Portugal. “No metal, a língua não é uma barreira, as pessoas gostam mais do ‘feeling’ e o que eu tenho como vocalista é andar no meio das ruínas a contar o que é que se passa, no meio dos vivos e dos mortos”, assinalou.

O disco é “bastante poderoso”, até porque “fala de um terramoto”.

“É um álbum agressivo, dinâmico, também melódico de alguma maneira, porque também tenta associar a metade do século XVIII, na zona de Lisboa, toda aquela grande fusão musical e linguística que havia”, disse, recordando que “Lisboa era um dos portos de troca e de comércio mais importantes do mundo”.

Os espetáculos ao vivo “vão afinar um bocado por isso” e haverá uma tentativa de os aproximar "a uma peça de teatro, com alguma coreografia e elementos que remetam as pessoas para o tema”.

Os bilhetes para os concertos de Lisboa e do Porto incluem a oferta de uma das edições do disco e podem ser adquiridos através do ‘site’ www.letsgo.pt.

Antes de se dedicarem em exclusivo ao disco “1755”, os Moonspell têm atuações marcadas em Sever do Vouga (28 de julho), Setúbal (01 de agosto), Kortrijk, na Bélgica (13 de agosto), Sinbronn, na Alemanha (17 de agosto), Góis (19 de agosto), Corroios (23 de agosto), Markneukirchen, na Alemanha (02 de setembro) e Santarém (08 de setembro).