Com a passagem pela nova exposição, que assinala também o início das comemorações do vigésimo aniversário da classificação das gravuras rupestres do Vale do Côa como património da Humanidade, o visitante pode contemplar um núcleo de gravuras de Júlio Pomar, que permitem estabelecer uma “relação” com a arte pré-histórica dos gravadores do Côa, ao longo dos últimos 25 mil anos.

“Esta relação é visível num conjunto de gravuras de Júlio Pomar, datadas dos anos 70 do século passado, em que o pintor explora as entradas de touros e campinos, numa figuração de certo modo, semelhante às existentes nas gravuras do Côa”, explicou à Lusa, a curadora da exposição, Sara Antónia Matos, diretora do Atelier-Museu Júlio Pomar, em Lisboa.

Ao longo das várias salas do museu estão expostas cerca de 200 peças da coleção do Atelier-Museu, que preserva, investiga e divulga a obra de Júlio Pomar, datadas de diversas fases do percurso do artista e que dão conta dos seus 70 anos de carreira.

“Esta exposição no Museu do Côa é importante e simbólica para nós, já que procuramos fazer sair da metrópole [Lisboa], o espólio artístico de Júlio Pomar tentando, assim, descentralizar a sua atividade por outros espaços culturais do país”, adiantou Sara Antónia Matos.

Entre esculturas, ensaios para tecelagem, desenho e pinturas coloridas, o visitante tem a oportunidade de mergulhar no universo do artista plástico português.

O ministro da Cultura e outras figuras públicas ligadas ao panorama cultural do país e da região, já passaram pela exposição que é tida como um momento “marcante” no panorama das atividades recentes do Museu e Parque Arqueológico do Vale do Côa.

“Este é um grande acontecimento para o museu. Neste mesmo espaço vai ficar patente uma exposição de um grande artista português que é transversal às diversas fases da sua obra. Trata-se de uma exposição de um artista contemporâneo, como Júlio Pomar, que se instala junto do apelo e do gesto daquele homem da pré-história que gravou na pedra diversas figuras de animais e objetos”, observou o ministro da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, aquando da sua passagem pelo espaço museológico.

Segundo o governante, a exposição “Incisão no Tempo” é um gesto de arte, que vai ao encontro de outro gesto de arte mais ancestral, e que assim se cruzam no Museu do Côa.

Por seu lado, o presidente da Fundação Côa Parque, Bruno Navarro, não esconde a sua satisfação com esta iniciativa cultural da Fundação Côa Parque: “Trata-se de uma exposição de grande qualidade, de um artista plástico consagrado, num espaço que pretende ser referência cultural nos panoramas regional e nacional”.

O responsável mostrou-se “muito expectante” com a adesão do público a esta nova atração do Museu do Côa.

“Estamos muito empenhados em ampliar o número de visitantes no Vale do Côa e que esse aumento tenha reflexo na dinâmica económica da região e no reforço das receitas próprias da Fundação. Será interessante analisar a variação de visitantes, comparando-a com os anos anteriores”.

Os visitantes do Museu e Parque Arqueológico do Côa têm agora “um novo atrativo”, num espaço cultural que junta a “Arte do Côa”, com cerca de 30 mil anos de existência, com a “contemporaneidade” e o estilo inconfundível do pintor Júlio Pomar e que poderá ser visto nos próximos meses.

A partir de hoje, o Museu do Côa passa a ter também um bilhete combinado com os museus de Serralves do Museu do Douro, e a dispor ainda de áudio-guias, que, durante a fase inicial, podem ser usados sem custos pelos visitantes.

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