Alguns dias passados no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, a observar a vida selvagem são as férias de sonho para muitos. Ao terceiro dia da minha estadia, todas as preocupações com eventuais encontros próximos com predadores ferozes, que me tinham ocupado a mente enquanto preparava a viagem, tinham desaparecido. A estrutura e os funcionários do parque pareciam ter a situação sempre controlada e a sensação de segurança era plena.

Talvez tenha sido por isso que decidi aventurar-me num walking safari, um passeio apetecível em que grandes partes do trajeto são feitas a pé, de forma a assegurar o silêncio e, portanto, haver maior probabilidade de aproximação dos animais.

Ver os animais selvagens de perto é o principal desejo de um turista no Parque Kruger, mas é preciso ter cuidado com o que se deseja. O referido passeio estava a correr bem: um grupo de zebras passou perto de nós, um avistamento de girafas ao longe, um antílope a passar em grande velocidade.

Umas horas mais tarde, chegou o momento mais esperado: uma alcateia de leões. Reconheço que avistar os leões, mesmo que ao longe, me gerou um certo desconforto, mas o guia garantiu que estávamos a uma distância segura e que os leões não teriam interesse em interagir connosco. Repeti a pergunta quando um dos leões passou a olhar fixamente para o nosso grupo. Embora com um tom menos confiante do que da primeira vez, o guia insistiu que estava tudo bem.

É Desta Que Leio Isto: Em junho recebemos David Machado

Nascido em Lisboa em 1978, o David Machado tem obra tanto em literatura infantil como em ficção contemporânea, sendo que já recebeu diversos prémios na primeira área.

O seu conto infantil "A Noite dos Animais Inventados" recebeu o Prémio Branquinho da Fonseca, da Fundação Calouste Gulbenkian e do jornal Expresso, em 2005. Já "O Tubarão na Banheira" foi distinguido com o Prémio Autor SPA/RTP 2010 de Melhor Livro Infantojuvenil.

Conta ainda no seu catálogo com obras como "Uma Noite Caiu Uma Estrela", "Histórias Possíveis", "Eu Acredito", "Acho que Posso Ajudar", "Os Livros do Rei", "Viagem ao Centro do Escuro" e "O Meu Cavalo Indomável".

Este último é uma das obras que vai ser servir de mote para a conversa, assim como o recém-lançado "Os Reis do Mar", destinado a um público mais juvenil e na senda do que já tinha escrito em "Não te Afastes".

Para se inscrever no encontro basta preencher o formulário que se encontra neste link. No dia do encontro receberá um e-mail com todas as instruções para se juntar à conversa.

Além disso, pode ficar a par de tudo o que acontece no clube de leitura através deste link.

Uns minutos mais tarde, porém, ficou claro que não estava.

Ao ver o leão aproximar-se de nós, o guia tentou manter a calma e não elevar a voz enquanto repetia: "Temos de voltar para o jipe! Temos de voltar para o jipe!”

Tal como todos os outros membros do grupo, comecei a correr em direção ao carro e para longe do leão, que continuava a aproximar-se a passos cada vez mais largos. A distância entre nós e o jipe ia diminuindo, mas a distância entre o leão e o grupo também.

Eu corria mais depressa e a minha visão afunilava-se segundo a segundo, à medida que pensava repetidamente: “Só temos de chegar ao carro, só temos de chegar ao carro.” Nesse momento, a voz do guia já não era baixa, estava claramente aos berros, mas eu só a ouvia ao longe, por detrás do som do meu próprio coração a bater desenfreadamente.

A minha respiração estava ofegante, a boca, seca e as mãos, frias e transpiradas. Continuava a correr apressadamente, sem pensar que podia não aguentar aquele ritmo. Os músculos das minhas pernas pareciam ter uma resistência sobre-humana. Toda a minha atenção estava focada no carro e na ideia de que o leão estava cada vez mais próximo, ainda que, por essa altura, já não me atrevesse a olhar para trás para verificar.

Segundos depois, vi o guia entrar para o lugar do condutor e, logo a seguir, saltei também para dentro do todo-o-terreno. Rapidamente, todos os elementos do grupo tinham entrado e, no momento em que o leão estava a apenas alguns metros de nós e se preparava para saltar na nossa direção, o guia arrancou numa nuvem de poeira, deixando o animal para trás. Tentei respirar fundo enquanto via o leão a ficar mais pequeno e à medida que os metros de terreno entre nós cresciam.

Embora estivéssemos então em segurança, durante aquilo que me pareceu ser uma eternidade, continuei a sentir o coração a bater muito mais rápido do que era normal e a minha respiração estava muito mais ofegante e superficial do que era costume. Ao pegar na garrafa de água, percebi que as minhas mãos estavam frias, suadas e tremiam tanto que mal conseguia desenroscar a tampa. Por essa altura, concluí também que, a partir daquele momento, teria uma história interessante, embora altamente improvável, para contar.

*

Seria, de facto, uma história interessante... se fosse verdadeira. Mas não é. Não só nunca fui perseguido por um leão, como nunca estive no Parque Kruger ou, sequer, na África do Sul. O relato deste breve episódio fictício teve como único objetivo chamar a sua atenção para as alterações que ocorrem no nosso corpo quando estamos sujeitos a um risco iminente de morte, como teria acontecido se este ataque do leão tivesse sido verdadeiro.

Porque é importante conhecer estas alterações, de forma a justificar a invenção de uma história destas? Porque as alterações físicas pelas quais passamos perante um risco iminente de morte são, em grande parte, as mesmas que nos afetam quando estamos ansiosos.

Pensemos em situações do dia a dia bastante mais prováveis de acontecer do que sofrer um ataque de um leão: ter um teste de Matemática, estar à espera de uma entrevista de trabalho, ir a um primeiro encontro romântico, ser pai pela primeira vez...

Numa grande diversidade de situações comuns da nossa vida, e também em momentos em que ficámos particularmente ansiosos, todos já experienciámos as sensações físicas acima descritas: palpitações, respiração superficial e ofegante, extremidades dos membros frias e suadas ou tremores. A pergunta que então se coloca é: porque é que o nosso corpo reage com as mesmas adaptações fisiológicas à antecipação de uma entrevista de trabalho e à ameaça de morte por um leão?

Sabendo que “o cérebro comanda o corpo”, como é amplamente reconhecido e repetido (como se o cérebro não fizesse, ele próprio, parte do corpo...), estará ele a reagir desproporcional ou inadequadamente a acontecimentos que não representam para nós um risco de vida? Se a resposta for sim, porque é que isso acontece? E mais importante ainda: poderá isso ajudar-nos a compreender por que razão todos nós temos ansiedade?

Voltemos ao leão: quando um ser humano se depara com um predador (ainda que isso seja pouco frequente na nossa vida atual), o cérebro deteta um perigo de morte e desencadeia uma série de reações cujo objetivo é a sobrevivência. Nesse sentido, o ser humano vai reagir como qualquer outro mamífero: vai tentar manter-se vivo perante as adversidades.

Se o leão estiver muito perto, sobreviver implica lutar; se estiver longe, o mais prudente é fugir. Em ambos os casos, é fundamental que os órgãos e sistemas do corpo responsáveis pelas ações que resultarão, esperançosamente, na sua sobrevivência, estejam preparados para isso.

Os músculos devem receber maiores quantidades de sangue, que transporta oxigénio e nutrientes (como é o caso da glicose, vulgarmente designada como “açúcares no sangue”), para poderem funcionar num período de intenso esforço, como uma fuga ou uma luta.

As extremidades ficam frias e suadas para permitir o arrefecimento do corpo, uma vez que esse momento de grande atividade física resulta numa elevação significativa da temperatura corporal, podendo comprometer o seu equilíbrio.

Além da atividade física, também a mental aumenta, porque durante a fuga ou luta é preciso manter a atenção (chamado “foco”) não só nos perigos, mas também no planeamento das nossas reações aos perigos. Ë essa a razão pela qual o cérebro deve receber o suplemento adicional de sangue (e tudo o que contém), para funcionar no seu melhor desempenho possível.

Paralelamente, para que os músculos e o cérebro (e não só) possam receber a quantidade de sangue (e oxigénio e glicose) necessária para este súbito aumento de atividade, o coração tem de bater mais depressa, motivo pelo qual a nossa frequência cardíaca aumenta, dando a sensação de palpitações.

Simultaneamente, para que esse sangue contenha uma quantidade maior de oxigénio e glicose, outras adaptações têm de ocorrer no nosso corpo: a respiração torna-se mais rápida, para conseguir captar mais oxigénio do ambiente para os pulmões e, daí, para o sangue; ao mesmo tempo que o dióxido de carbono produzido pelo metabolismo (que está nesse momento acelerado) é eliminado pela via inversa.

O metabolismo é outro componente que é significativamente alterado após o confronto com um predador. Isso acontece porque é preciso disponibilizar a glicose (os tais açúcares) para a circulação sanguínea, através da qual chegará aos órgãos mencionados, servindo de combustível para uma resposta de fuga ou de luta.

Todas estas adaptações ocorrem num período relativamente curto de tempo, usando dois sistemas fundamentais de comunicação entre o cérebro – que deteta a ameaça através dos nossos sentidos (visão, audição, olfato) – e o resto do corpo, que, no seu conjunto, deverão construir uma resposta a essa ameaça. Esses dois sistemas de comunicação são o sistema nervoso autónomo e o sistema hormonal – e sobre eles falaremos no próximo capítulo.

Mas então, o que terá isto a ver com o stress e a ansiedade?

NATURALMENTE ANSIOSOS

Ë incrível como o corpo humano (o de qualquer mamífero, aliás) se adapta tão rapidamente perante um risco iminente de morte. Ë natural que assim seja – e não uso a palavra “natural" por acaso: foi a seleção natural que assim o determinou.

Para quem não se lembra do que aprendeu nas aulas de Ciências e de Biologia, a seleção natural é o processo, descrito por Darwin e Wallace, segundo o qual os indivíduos de qualquer espécie que possuam características que aumentem a sua sobrevivência (face ao que os pode matar, como predadores, fome ou infeções) passam mais frequentemente os genes que determinam essas características à sua descendência.

Geração após geração, os seres humanos com atributos que lhes permitiram sobreviver aos predadores, à fome, às infeções – as chamadas pressões evolutivas – foram os que se reproduziram (porque, como todos sabemos, é preciso estar vivo para procriar). Assim, os seus genes e as características por eles determinadas passaram à geração seguinte. De forma simplista, podemos dizer que a evolução humana, ao longo de muitas gerações, determinou que fôssemos capazes de nos adaptarmos rapidamente a um risco de vida imediato.

Mas se é verdade que todas as alterações anteriormente descritas são favoráveis e adaptativas quando temos de fugir de um leão, o mesmo não se pode dizer em situações como, ter de fazer uma apresentação em público ou estar preso no trânsito e atrasado para uma reunião importante.

Sabendo agora que as sensações físicas e mentais em situações de ansiedade são o resultado de adaptações fisiológicas que, durante a evolução, nos permitiram responder a ameaças do ambiente, retornemos então à pergunta inicial: porque é que o cérebro e o corpo produzem tal resposta perante acontecimentos relativamente aos quais não precisamos de fugir ou de lutar? Colocando a questão de outra maneira: porque é que os fatores de stress psicológico levam às mesmas adaptações que as ameaças à vida?

A resposta a esta pergunta tem duas componentes: primeiro, o cérebro dos humanos (e dos restantes primatas superiores) evoluiu mais do que o dos outros mamíferos; segundo, evoluiu num ambiente em que agora não vive.

Começando, como se deve, pela primeira parte: embora não saibamos exatamente o que se passa na cabeça de um antílope, o mais provável é que ele não acorde todos os dias a pensar naquele leão que quase o matou dois anos antes, nem na possibilidade de lhe faltar comida daqui a seis meses. Já o ser humano pode sentir o coração a bater mais depressa e dificuldade em respirar só de pensar no que vai pagar de IRS.

Isso acontece porque o cérebro humano se desenvolveu muito em regiões como a amígdala e o córtex frontal (falaremos das regiões do cérebro relacionadas com a ansiedade alguns capítulos adiante), o que lhe permite ter funções cognitivas superiores mais complexas, como alguns tipos de memória e maior capacidade de raciocínio.

Assim, lembramo-nos melhor do que nos aconteceu (no passado) e temos a possibilidade de pensar a longo prazo no que nos poderá acontecer (no futuro). Também aqui é útil lembrar a “intervenção” da seleção natural – o facto de conseguirmos prever que algo de mal nos iria acontecer aumentou a probabilidade de sobrevivermos perante esse risco e, portanto, essa característica foi selecionada e melhorada ao longo das gerações.

Ë aqui que entra a segunda parte da resposta à pergunta formulada: o cérebro evoluiu num ambiente onde agora não vive. Olhemos brevemente para a história da espécie humana.

300 mil anos de ansiedade — 1
créditos: Lua de Papel

Esta cronologia pretende chamar a atenção para a enorme diferença temporal entre o surgimento da nossa espécie e a mudança radical do ambiente em que passámos a viver. Recorde-se de que as características do cérebro humano (e, aliás, do resto do corpo) foram selecionadas durante os duzentos mil anos da evolução do Homo sapiens (a nossa espécie), como resultado das pressões evolutivas do ambiente, ou seja, predadores, fome e infeções (microrganismos).

Só muito recentemente é que essas pressões foram modificadas: há cerca de doze mil anos, o ser humano tornou-se relativamente mais sedentário, depois de ter começado a domesticar plantas e animais, o que reduziu de forma significativa o risco de fome e, em parte, o perigo de se deparar com predadores. E só há cerca de quinhentos anos, com a Revolução Científica, é que foi possível começar a controlar um dos principais responsáveis pela morte de seres humanos – os microrganismos.

O crescente conhecimento sobre as causas das doenças infeciosas, aliado à melhoria da salubridade, permitiu reduzir a mortalidade relacionada com essas doenças ao longo dos últimos cinco séculos. Posteriormente, os avanços na medicina, tais como o desenvolvimento dos antibióticos, permitiram um decréscimo ainda mais rápido nas mortes causadas por infeção, como se pode ver no exemplo abaixo: um gráfico que representa as causas de morte nos EUA desde 1900 até 2015.

300 mil anos de ansiedade — 2
créditos: Lua de Papel

Além dos aspetos relacionados com a sobrevivência, nos últimos quinhentos anos assistimos a drásticas alterações da organização social no mundo. No ano de 1500, poucas cidades tinham mais de cem mil habitantes e as casas eram feitas de argila e madeira. Não havia saneamento básico nem eletricidade. As deslocações eram demoradas e a circulação de informação, também.

Com a Revolução Industrial, há cerca de duzentos anos, a organização do trabalho mudou: surgiram as grandes fábricas, os horários de trabalho (e o famoso “picar o ponto”), o trabalho por turnos... Em suma: a vida de um ser humano foi praticamente igual durante duzentos mil anos e, em quinhentos anos, mudou de forma radical. E o mesmo aconteceu com os fatores de stress.

Comparemos então o ambiente em que os humanos viveram durante a quase totalidade da sua história com o ambiente atual. O ser humano ancestral era caçador-recoletor e as suas preocupações resumiam-se a:

  1. Caçar animais e recolher alimentos de outras fontes, para não morrer à fome;
  2. Não morrer às mãos, ou melhor dizendo, aos dentes de predadores ou na sequência de acidentes naturais (como cair de uma ravina);
  3. Quando as coisas estivessem calmas, procriar (haja alguma coisa que não tenha mudado...).

Embora eu não desejasse ter vivido nesses tempos, a verdade é que durante milénios havia poucos fatores com potencial para causar stress num ser humano. Quando havia, porém, era um stress muito intenso e preditor de um risco de vida. Por outras palavras, todos os fatores de stress eram situações de vida ou de morte e requeriam do cérebro e do resto do corpo uma resposta imediata de fuga ou luta. Durante duzentos mil anos, o cérebro adaptou-se a isso.

300 Mil Anos de Ansiedade
créditos: Lua de Papel

Livro: 300 Mil Anos de Ansiedade

Autor: Gustavo Jesus

Editora: Lua de Papel

Publicação: 21 de junho

Preço: 15,21 €

Depois veio a Revolução Neolítica, há doze mil anos, e a grande maioria dos humanos passou a viver da agricultura; a seguir, deu-se a Revolução Industrial, há duzentos anos, e muitos passaram a trabalhar em escritórios e em fábricas. E assim chegámos aos dias de hoje, repletos dos mais variados fatores de stress: são sete horas da manhã, toca o despertador; vestir os miúdos... Já estamos atrasados; tomar um duche rápido... Já não tenho tempo de comer; levar os miúdos à escola... Que trânsito infernal; chegar ao escritório, picar o ponto; abrir o e-mail (Quero voltar para casa!); reunião de equipa – não estão a cumprir os objetivos, vamos ter de aumentar a produtividade; engolir uma sopa e dois rissóis; voltar para a secretária... Não me posso esquecer de pagar o IRS!; voltar para o trânsito...

Mesmo que esta representação de um dia contemporâneo pareça exagerada, a verdade é que os seres humanos dos dias atuais (que é como quem diz: nós!) são submetidos a fatores de stress psicológico frequentes – falando apenas dos reais. Como disse o escritor norte-americano Mark Twain: "Passei por algumas coisas terríveis na vida, algumas das quais efetivamente aconteceram.”

Por outras palavras, além de todos os fatores de stress que a vida contemporânea origina, o ser humano consegue criar ainda outra série de eventos stressantes, que, na realidade, só acontecem na sua imaginação. Isto resulta da evolução adaptativa do cérebro, no sentido de prever o que lhe poderia acontecer de mal no futuro. Todos experienciamos emoções e reações físicas típicas de estados de ansiedade, mas provocadas por meros pensamentos.

Acontece que o cérebro não teve tempo de se preparar para nada disto. Quinhentos anos, ou doze mil, são um piscar de olhos em comparação com os duzentos mil anos que o ser humano levou a adaptar-se ao mundo. Por isso, vai responder a todos estes “novos” fatores de stress como sabe.

O nosso cérebro, como, aliás, o de todos os mamíferos, é perito em criar uma resposta física e mental após o avistamento de um leão. Ao viver os sucessivos eventos diários da vida moderna ou ao pensar em situações de stress potencial (que ainda nem aconteceram), o cérebro vai responder de forma semelhante.

Infelizmente, este sistema de resposta, apurado ao longo de centenas de milhares de anos, está preparado para o stress agudo de um risco de vida, mas a manutenção de tais respostas fisiológicas por períodos prolongados de tempo (uma vivência de stress crónico) tem potencialmente consequências nefastas para a nossa saúde física e mental (das quais falaremos também neste livro).

E, assim, começamos a perceber porque é que todos temos ansiedade.