APM. Três letras que representam as iniciais do António Pereira Machado, cujo nome próprio serviu para o batismo de um automóvel português, datado de 1937.

Do veículo pouco se sabe. Pensado numa pequena oficina no Porto, pelas mãos de Libório Machado, sócio de António Pereira Machado, o APM foi, então, construído à mão, durante um ano e meio, recorrendo à chapa e ao alumínio. Sabe-se que foi baseado no chassis de um Fiat Balilla e restante material de um Fiat 1100 da época, com o processo de construção registado na Direção Geral de Viação do Porto. O interior do carro desvenda ainda peças soltas de várias marcas, das manetes interiores de fecho de porta oriundas do Austin A40, aos farolins traseiros e o fecho da mala de um Studebaker.

Sabe-se igualmente que a sua única aparição perante o grande público decorreu no rali “A Mundial”, em 1945, um Porto-Lisboa organizado pela então Companhia de Seguros Mundial, que passou pela mão de três proprietários e que foi deixado ao abandono durante décadas, até chegar a um avançado estado de degradação.

A arte e engenho “à moda antiga” de Luís António Simões, que o redescobriu, permitiu um minucioso processo de recuperação e restauro, durante sete anos, deste automóvel português que estava esquecido entre os quase sempre relembrados DM, Alba, Edfor, Felcom, Marlei, ou mais recentes Portaro, Sado ou UMM.

Pintado com as cores branco e o vermelho “Marlboro”, o APM será apresentado ao grande público e é um dos destaque da 14.ª edição do Salão Motorclássico, maior salão nacional de veículos clássicos e desportivos, que se realiza entre os dias 6 e 8 de abril, na FIL, em Lisboa.

70x3. Porsche, Land Rover e 2CV celebram sete décadas

Mas nem só de uma boa dose de saudosismo da indústria metalomecânica nacional vive o Salão Motorclássico.

O evento conta com uma exposição “Porsche: 70 anos de evolução”, dedicada à marca da cidade de Estugarda, numa viagem no tempo e pelos diversos modelos, incluindo várias versões raras do icónico modelo 911,

O número 70 repete-se nas celebrações do 70º aniversário da mítica Land Rover e do icónico Citroën 2CV. Se os Jeeps optam por um passeio, já o popular clássico brilhará com a exposição de um exemplar com apenas 4 km feitos, desde que saiu da linha de montagem da fábrica de Mangualde.

O autocarro do Benfica em madeira à venda

Como novidade do Motor Talks do Jornal dos Clássicos — conjunto de conferências e conversas com personalidades do mundo automóvel —, os míticos pilotos portugueses António Peixinho e Nené Neves, a dupla histórica do Team Palma dos anos 60 e 70 e os respectivos automóveis com que corriam (Ford Escort TC de 1969) vão estar todos reunidos, pela primeira vez em 50 anos, para relembrar a era dourada da competição em Portugal.

O Salão Motorclássico não atrai apenas os modelos mais antigos, sendo possível passear pelos pavilhões da FIL admirando as “bombas” da Ferrari e Lamborghini, o luxo da Bentley ou a inovação da Tesla.

Por fim, no Leilão de Automobilia Histórica, em parceria com a leiloeira Leilosoc, é outra das marcas do salão internacional de veículos clássicos, organizado pelo Museu do Caramulo. De entre os objetos a leilão, tal como no ano passado, há uma camioneta do Benfica à venda.