“Shogun” é a primeira série de língua não inglesa a vencer o Emmy de Melhor Série Dramática, depois de ter chegado a esta edição dos prémios da Academia de Televisão como a mais nomeada, com 25 indicações. Venceu 14 nas categorias técnicas e quatro das mais importantes nesta madrugada.
Retrato ficcional sobre o Japão do século XVI, “Shogun” tem no elenco o português Joaquim de Almeida e o luso-canadiano Louis Ferreira.
A consagração como série do ano aconteceu depois de os protagonistas terem levado as estatuetas de representação na categoria de drama.
“Foi um projeto em que o oriente encontra o ocidente”, declarou Hiroyuki Sanada, vencedor do Emmy de Melhor Ator, no discurso de aceitação. “Quando caminhamos juntos, podemos fazer milagres. Podemos criar um futuro melhor”, afirmou. O ator regressaria ao palco quando a série foi distinguida como a melhor do ano e falou então em japonês.
Antes disso, foi Anna Sawai quem triunfou pelo seu papel em “Shogun”, agradecendo a distinção de lágrimas nos olhos. ”Obrigada à FX por acreditar na nossa história”, disse a atriz japonesa, que interpreta Toda Mariko na série. “Isto é para todas as mulheres que não esperam nada e continuam a ser um exemplo para toda a gente”, acrescentou.
A série recebeu um total de quatro Emmys esta noite, incluindo Melhor Realização para Frederick E.O. Toye.
A outra grande vencedora foi “Baby Reindeer”, a produção da Netflix que quebrou recordes de audiência quando estreou, em abril, e levou quatro Emmys na noite mais importante da televisão.
“Obrigado à Netflix por me ter deixado contar esta história ao mundo”, disse Richard Gadd, que venceu os Emmys de Melhor Escrita e Melhor Ator na categoria de Minissérie, série de antologia ou filme.
“Há dez anos, eu estava no chão. Nunca pensei que conseguiria endireitar a minha vida”, disse Gadd, que escreveu a série com base na sua própria experiência pessoal. “Digo isto como encorajamento para quem está a passar por um mau bocado neste momento, para que perseverem”, acrescentou.
Gadd subiu ao palco três vezes e na última deixou uma mensagem à indústria do entretenimento. “Nenhuma crise foi quebrada sem vontade de correr riscos”, afirmou, dizendo aos estúdios que não precisam de grandes estrelas para ter sucesso mas sim de boas histórias.
“Tomem riscos, empurrem as fronteiras, explorem o desconfortável, tenham a coragem de falhar para conseguir vencer”, disse Gadd.
A sua coprotagonista, Jessica Gunning, venceu Melhor Atriz Secundária e mostrou-se “incrivelmente orgulhosa” da série e do elenco.
Nesta categoria, o rol de vitórias de “Baby Reindeer” foi interrompido por Jodie Foster, coroada como Melhor Atriz por “True Detective: Night Country”.
Na comédia, uma grande surpresa: a terceira temporada de “Hacks” sobrepôs-se a “The Bear”, algo que não era esperado.
“Hacks” não só foi a Melhor Série de Comédia como deu a Jean Smart o Emmy de Melhor Atriz em comédia e valeu o prémio de Melhor Escrita para comédia a Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky.
Um desfecho surpreendente porque “The Bear” tinha rendido três Emmys de representação a Jeremy Allen White (Melhor ator em comédia), Eben Moss-Bachrach (Melhor Ator Secundário em comédia) e Liza Colón-Zayas, que bateu Meryl Streep e Carol Burnett para o Emmy de Melhor Atriz Secundária em comédia.
Colón-Zayas foi mesmo a primeira latina a vencer este prémio da Academia de Televisão. Além disso, Christopher Storer superou a concorrência e levou o Emmy de Melhor Realização em comédia.
A noite também distinguiu “The Crown”, com a estatueta de Melhor Atriz Secundária em série dramática para Elizabeth Debicki, “Fargo”, dando a Lamorne Morris o primeiro Emmy, para Melhor Ator Secundário em minissérie, série de antologia ou filme, e Billy Crudup, que foi Melhor Ator Secundário em série dramática por “The Morning Show”.
Na escrita para série dramática foi Will Smith (não o ator) quem venceu por “Slow Horses”, da Apple TV+, enquanto Steven Zaillian obteve o prémio para Melhor Realização em minissérie com “Ripley”.
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