“Caminho de Ferro – Gentes e Memórias” resulta da recolha de testemunhos desenvolvida pela Medway (antiga CP Carga), ilustrados com imagens da responsabilidade dos CTT - Correios de Portugal, que edita o livro, coordenado por Maria Judith Borges e prefaciado pelo sociólogo António Barreto.

A coordenadora da publicação, Maria Judith Borges, Provedora do Cliente na MSC (que detém a Medway), entrou para a CP em 1983, tendo passado depois para a CP Carga, conta ela própria a sua história num livro que resulta de uma proposta que fez à administração da empresa há um ano, quando se celebravam os 160 anos da ferrovia em Portugal.

“O que pedi às pessoas foi que contassem o que viram, o que ouviram, o que disseram, o que sentiram, o que fizeram sentir, com quem estiveram, onde estiveram”, e dessas histórias, todas incluídas no livro, resultou um registo “que não existia” e que pode ser útil a outras áreas da sociedade, nomeadamente universidades, disse Judith Borges à Lusa.

Das muitas histórias narradas recorda o texto do filho de um dos ferroviários que um dia acompanha o pai numa viagem do Porto a Vila Real de Santo António.

“É o relato de uma criança que nunca tinha saído do Porto e que vai contando o que viu, como por exemplo os touros no Ribatejo”.

Judith Borges considera ainda “muito interessante” o facto de praticamente todos os testemunhos falarem do processo de recrutamento e seleção, em particular dos, na altura assim designados, testes psicotécnicos.

“Eram muito jovens e esse momento era um marco significativo nas suas vidas, quase como ir à tropa”, disse, realçando ainda os relatos sobre os momentos que se seguiram à Revolução de 25 de abril de 1974, dando conta das mudanças que também aconteceram no caminho de ferro.

De resto, são "relatos de vidas, de dificuldades, de sucessos", abrangendo “períodos alargados, décadas inteiras”, sendo o testemunho mais antigo o de um ferroviário que morreu em 2009 e que chegou às suas mãos trazido por uma neta, afirmou.

“Foi muito interessante ver que o que sucedia em 1929 foi sucedendo nas gerações seguintes”, acrescentou, sublinhando que o livro inclui testemunhos de trabalhadores das várias empresas que constituem hoje o universo ferroviário.

A apresentação do livro vai acontecer num local dedicado às memórias da ferrovia, o Museu Nacional Ferroviário, inaugurado em 18 de maio de 2015, contando com as presenças dos presidentes da Medway e dos CTT e o testemunho de um dos trabalhadores, além de António Barreto e de Judith Borges.

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