“Estou muito orgulhosa por ter ganho esta noite”, afirmou Campion nos bastidores da 94.ª cerimónia dos prémios da Academia, depois de ser apenas a terceira mulher a vencer o galardão.
“Sou outra mulher, que será seguida por uma quarta, quinta, sexta, sétima, oitava. Estou muito entusiasmada com o facto de que isto agora está a evoluir rapidamente”, afirmou. “Precisamos disso. A igualdade importa”.
Campion, que não parou de sorrir na sala de entrevistas, disse que quando venceu o Óscar de Melhor Argumento Original por “O Piano”, em 1994, a experiência foi muito diferente.
“Isto é como um verdadeiro retorno e é bonito sentir que podemos fazer isso, que é possível continuar a evoluir como realizadora e ficar mais forte”, explicou Jane Campion.
Questionada sobre se será possível um dia ter a categoria de Melhor Realização inteiramente com mulheres nomeadas, a cineasta respondeu que esse “é um sonho bonito” e que neste momento vamos uma a uma.
“O que eu gosto mesmo é de excelente trabalho, e é gratificante ver que, por estes dias, esse bom trabalho é feito por mulheres”, indicou. “Elas têm esta energia, foram encorajadas pelo movimento Me Too e sentem que agora é o seu tempo”, continuou. “Vamos ver muitos mais filmes entusiasmantes feitos por mulheres”.
A realizadora disse que houve muitos desafios na realização de “O Poder do Cão” e que o facto de ser uma história com muitas camadas foi algo incrível. “A escuridão não me incomoda. Do que eu não gosto é quando as pessoas a encobrem”, salientou.
A realizadora elogiou os seus colaboradores e disse ser “impossível” ganhar um prémio destes sem uma equipa extraordinária por detrás.
“Realizar é, em primeiro lugar, imaginação e, em segundo lugar, disciplina e trabalho duro”, considerou. “Estamos sempre a equilibrar essas duas qualidades para fazer arte e um bom filme”.
“O Poder do Cão”, uma produção da Netflix, estava nomeado para doze Óscares mas só ganhou um, o de Melhor Realização, entregue a Jane Campion. A categoria mais cobiçada da noite, Melhor Filme, foi ganha por “CODA - No Ritmo do Coração”.
[Ana Rita Guerra, da agência Lusa, em Los Angeles]
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