A candidatura de Eduardo Lourenço, em 2018, ao prémio é uma iniciativa da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), em parceria com Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e com a Fundação Calouste Gulbenkian.

O prémio será entregue por ocasião da Feira Internacional do Livro (FIL) de Guadalajara, que este ano tem Portugal como país convidado de honra.

A candidatura de Eduardo Lourenço foi apoiada pelo colombiano Jerónimo Pizarro, especialista em Fernando Pessoa e em literatura portuguesa, que, na sua carta de apoio, considera que “não há outro ensaísta que tenha pensado tão a fundo toda a cultura portuguesa e que tenha feito desse pensamento contínuo a sua vida”.

Jerónimo Pizarro assinala que apenas com 20 anos, já Eduardo Lourenço era “um jovem crítico que queria entender todas as manifestações e idiossincrasias do seu tempo e do seu mundo que, ao longo dos anos, se foi expandindo em todas as latitudes”.

O professor da Universidade de Los Andes, onde é titular da cátedra de Estudo Portugueses, recorda que Eduardo Lourenço reflete permanentemente, em profundidade e com ironia, sobre tudo o que o rodeia, sobre aquilo que lê e o que escuta.

“Se muitos o veem como um sábio, é porque tem a candura de uma criança aliada a um conhecimento muito vasto, pelo qual gosta de se mover, como ensaísta, com total liberdade. Lourenço reapresenta a mais alta liberdade de espírito e da palavra, e é um símbolo para todos aqueles que creem nas artes e na necessidade da crítica”, afirma.

Jerónimo Pizarro considera ainda que todos os leitores regressam a Eduardo Lourenço, como se os seus livros tivessem atravessado certas fronteiras do tempo, e convida, todos aqueles que ainda não o fizeram, a ler “Pessoa Revisitado”, mas também os volumes da “Heterodoxia”.

“Contra ditaduras e pensamento monolítico, existem obras baluartes como as de Eduardo Lourenço. Que justo seria premiar essa obra e com ela o mundo da língua e cultura portuguesas”, conclui.

Eduardo Lourenço é professor de Cultura Portuguesa em várias universidades estrangeiras, autor de numerosas obras de relevância internacional, traduzido em inúmeros países, e uma das mais características personalidades da cultura portuguesa.

“O Labirinto da Saudade: Psicanálise Mítica do Destino Português”, “Nós e a Europa ou as Duas Razões”, “Pessoa Revisitado” e “Fernando Rei da Nossa Baviera” são exemplos de obras em que “a sua inteligência e agudeza de espírito se encontram lado a lado com uma paixão por tudo aquilo que é português no seu sentido mais amplo”, descreve a DGLAB.

“A sua noção de liberdade, a ironia com que aborda os assuntos mais sérios, a lucidez patente no que escreve e no que diz, fazem de Eduardo Lourenço uma das maiores autoridades morais no Portugal de hoje”, acrescenta.