Num comunicado, Grandi, que terminou quinta-feira uma visita de uma semana à Ucrânia, a quarta desde a invasão russa, a 24 de fevereiro de 2022, alertou também para o agravamento das condições em que os civis afetados pela guerra sofrem com o inverno.
Durante a estada em solo ucraniano, o responsável da ONU para os refugiados visitou algumas das zonas mais destruídas e danificadas da Ucrânia, incluindo as afetadas pelo aumento dos ataques aéreos que recentemente mataram e feriram civis e danificaram casas e infraestruturas civis.
Grandi apelou com veemência a um maior apoio humanitário internacional ao país, incluindo às pessoas deslocadas devido à terrível violência e sujeitas a um inverno rigoroso
“Os combates intensificaram-se e a situação humanitária no país é dramática e urgente. Milhões de pessoas foram forçadas a fugir da guerra e dos ataques russos e precisam desesperadamente de assistência humanitária”, disse Grandi.
“Sob forte liderança do Governo [da Ucrânia], as Nações Unidas e os parceiros, em especial as organizações ucranianas, têm feito tudo o que podem para ajudar, mas sem muito mais apoio e financiamento internacional os civis ucranianos continuarão a sofrer”, acrescentou.
Ao longo da visita, que incluiu deslocações a Odessa, Kryvyi Rih, Dnipro, Kharkiv e Kiev, Grandi afirmou sentir-se “impressionado” com os esforços dos ucranianos comuns que, apesar da guerra e das dificuldades, se recusam a desistir e estão a regressar às suas casas, reconstruindo-as e recuperando-as em plena guerra.
“O ACNUR continua a apoiar as pessoas deslocadas no interior do país e está a intensificar a sua ajuda aos que optam por regressar às suas zonas de origem, sobretudo através do lançamento da plataforma ‘A Ucrânia é a sua casa’, com informações atualizadas importantes para os refugiados e para os deslocados internos”, indica a organização da ONU no comunicado.
“A resiliência dos ucranianos continua a ser forte e inspiradora. Mas a sua coragem não pode ser considerada como um dado adquirido e a comunidade internacional tem de intensificar a ajuda humanitária e de recuperação, e tem de o fazer já!”, afirmou Grandi enquanto inspecionava o bairro de Irpin, que está a ser reconstruído com o apoio do ACNUR.
Grandi prestou também homenagem à liderança do Governo de Kiev e à coordenação da ajuda, lembrou que o ACNUR está no país há 30 anos e que continuará a acompanhar a Ucrânia e o seu povo “durante o tempo que for necessário”.
Nos últimos dois anos, a assistência e o apoio do ACNUR e respetivos parceiros, na quase totalidade ucranianos, chegaram a mais de 4,3 milhões de pessoas em 2022 e cerca de 2,6 milhões em 2023.
Mais de 27.500 casas foram reconstruídas ou reparadas em todo o país e mais de 270.000 ucranianos receberam ‘kits’ de abrigo de emergência que lhes permitiram reparar danos ligeiros nas suas casas.
Mais de 470 milhões de dólares (432,4 milhões de euros foram distribuídos diretamente a pessoas necessitadas em 2023. No mesmo ano, o ACNUR declarou que mais de 178.000 pessoas receberam apoio jurídico para as ajudar a obter documentos civis danificados ou perdidos devido à guerra, o que é frequentemente um precursor do acesso a serviços e a outras formas de assistência.
Se o financiamento estiver disponível, o ACNUR planeia prestar uma assistência no valor de quase 600 milhões de dólares (552 milhões de euros) para chegar a 2,7 milhões de ucranianos em 2024.
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