De caráter reservado, Adam Schiff, de 59 anos e natural do estado de Massachusetts, representa o centro da indústria do entretenimento de Hollywood-Burbank, na Califórnia.

Na Câmara de Representantes atua como presidente do Comité de Inteligência e liderou a investigação contra Trump que levou ao processo de impeachment onde é acusado de abuso de poder e obstrução ao Congresso, depois de ter pressionado o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar a família de Joe Biden, adversário político nas eleições presidenciais de novembro.

"A tarefa diante de nós é séria, mas exigida pelo nosso juramento", afirmou Schiff. "O presidente Trump colocou os seus interesses pessoais acima do interesse nacional, acima da nossa segurança nacional. E se ele não for parado, vai fazer o mesmo de novo. O único remédio é a condenação e a destituição".

Schiff nunca eleva a sua voz e raramente se perde em hipérboles. O seu perfil não se encaixa no de "cão de caça" que os democratas precisam para derrubar o presidente republicano — mas atrás desta aparência tranquila há uma longa experiência, muito valorizada pelos seus colegas de bancada.

"Comedido mas contundente" 

Schiff é "lógico, linear, comedido mas contundente", disse Nancy Pelosi, a líder democrata da Câmara de Representantes, que o nomeou esta quarta-feira chefe da equipa dos sete promotores do impeachment.

Durante a sua juventude, o legislador democrata procurou a glória em Hollywood como argumentista, mas não obteve sucesso.

No final da década de 1980, pouco tempo após sair da Faculdade de Direito de Harvard, foi o encarregado do primeiro processo contra o agente do FBI detido por espiar para a Rússia.

O agente era membro de uma unidade de contraespionagem seduzido por uma russa, que o convenceu a vender informação sensível sobre as atividades da polícia federal dos EUA.

"Aprendi muito sobre a espionagem russa: como operam os russos, quem visam, as vulnerabilidades que procuram", disse em maio a Zach Dorfman, do programa sobre Cibernética e Tecnologia do Instituto Aspen.

Estes antecedentes levaram-no ao Comité de Inteligência da Câmara de Representantes, que investigaram nos últimos anos como os russos interferiram na campanha eleitoral de 2016.

O caso ucraniano

Como presidente do Comité de Inteligência da Câmara, Schiff conhece bem o expediente do caso ucraniano. Dirigiu a investigação parlamentar que levou à acusação formal contra Trump por abuso de poder e obstrução ao Congresso.

Durante um telefonema a 25 de julho ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, Trump pediu que investigasse um dos seus potenciais adversários nas eleições presidenciais de 2020, o ex-vice-presidente Joe Biden, ameaçando congelar a ajuda militar à Ucrânia. O pedido reflete "uma ação típica de um mafioso a um líder estrangeiro", disse Schiff.

A Casa Branca também se negou a cooperar com a investigação, qualificada de "inconstitucional", e proibiu vários assessores de testemunhar.

A reação de Donald Trump 

A maioria democrata na Câmara de Representantes aprovou dois artigos de destituição que serão votados no Senado, onde uma maioria de 2/3 (improvável pela maioria republicana na câmara alta do Congresso) poderá demitir o Presidente.

Contudo, Trump considera que o julgamento político no Senado podia ter sido evitado se tudo tivesse ficado esclarecido durante o inquérito na Câmara de Representantes, usando a conta de Twitter para perguntar porque não lhe foi permitido um “julgamento justo” na câmara baixa do Congresso.

“Foi o inquérito mais distorcido e injusto na história do Congresso”, acrescentou o Presidente, lamentando que o processo se arraste agora para o Senado.