Em conferência de imprensa, o diretor do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, João Nunes, afirmou que os problemas com o abastecimento começaram hoje pelas 12:00, tendo entretanto sido cancelados 27 voos e seis outros divergiram para outros aeroportos.

“É algo que tem dimensão, não podemos esconder nem faz sentido”, disse.

Realçando tratar-se de "uma situação que aconteceu pela primeira vez", o mesmo responsável explicou que neste momento (cerca das 20:30) já estão a ser abastecidas aeronaves, com recurso a autotanques, o que tem permitido a partida de alguns voos, mas que não garante o normal funcionamento da operação.

"Se não fosse o abastecimento por autotanque, estaríamos em muitos maus lençóis neste momento", declarou, admitindo que mais voos possam vir a ser cancelados ao longo do dia de hoje.

O diretor do aeroporto de Lisboa disse ser ainda “muito cedo” para fazer uma contabilidade de passageiros afetados pela avaria no sistema de abastecimento de combustível, até porque, explicou, há soluções que estão a ser utilizadas, como recolocar passageiros noutros voos ou pedir aos operadores que garantam que os aviões que chegam a Lisboa têm combustível suficiente para partir, nem que seja até a um destino intermédio, para reabastecimento, ajudando a minimizar o impacto em termos de passageiros retidos.

Ainda assim, João Nunes admitiu que são já mais de 4.000 mil os passageiros afetados, tendo em conta os 27 voos cancelados e o número médio de 150 passageiros por voo.

Para quem ficou retido em Lisboa, o diretor do Aeroporto Humberto Delgado garantiu que serão asseguradas “condições mínimas de descanso”.

“Estamos conscientes da situação que vivemos hoje em dia, nomeadamente da escassez de oferta em termos de hotel. Temos uma série de contactos com vários entidades que em caso de necessidade vão garantir o apoio que necessitamos”, afirmou o responsável, que disse que a ANA tem uma rede de contactos que permite dar resposta a situações semelhantes, recorrendo a instituições da região de Lisboa e aos meios da Proteção Civil, se necessário.

João Nunes explicou que “todas as diligências de acomodação em hotéis estarão a ser feitas pelas companhias aéreas, independentemente de quem assume depois os custos finais”.

A mesma fonte fez ainda questão de sublinhar que o abastecimento de combustível às aeronaves no aeroporto de Lisboa é da responsabilidade de um consórcio internacional ao qual a ANA concessionou essa atividade.

“A questão dos abastecimentos é garantida por uma entidade, um fornecedor internacional de combustíveis, constituído pela Galp, pela BP e pela Repsol, que têm uma concessão da ANA para fazer operação e manutenção dos sistemas de abastecimento. As coisas têm funcionado bem até hoje. É uma situação absolutamente ímpar, mas aconteceu”, disse.

O sistema de abastecimento de combustível ao Aeroporto de Lisboa é da responsabilidade do GOC [Grupo Operacional de Combustíveis, liderado pela Petrogal e que reúne as principais petrolíferas].