A terceira votação volta a não trazer nenhuma solução ao impasse: há 90 votos em Francisco Assis, 88 para Aguiar- Branco e 52 em branco, anunciou o deputado do PCP António Filipe, que preside temporariamente ao parlamento, na primeira sessão plenária da XVI legislatura.
Em declarações aos jornalistas, André Ventura (Chega) afirmou que "nós entendemos que deve haver um entendimento sobre um candidato. Esta noite vou pedir ao Luís Montenegro uma reunião à hora que ele quiser, onde ele quiser, para que até ao meio-dia de amanhã haja um entendimento à direita".
"Todos devemos chegar a um entendimento para derrotar o PS. Nós estamos a dar oportunidade ao PSD. Não estamos a afirmar que queremos um nome nosso. Espero que Luís Montenegro responda a este pedido de reunião", afirmou Ventura.
Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, afirmou que "aquilo que assistimos hoje é ver a democracia portuguesa refém de um irresponsável. Esse irresponsável chama-se André Ventura. É alguém que tem o parlamento português refém de uma birra".
"Da nossa parte continuamos disponíveis para que o impasse seja resolvido", afirmou Joaquim Miranda Sarmento, líder parlamentar do PSD. "Estamos abertos a dialogar com todos".
Para o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, "houve um acordo público entre AD e Chega, divulgado ainda ontem. E hoje, sem surpresa, o deputado Aguiar-Branco não foi eleito, numa evidente rotura das negociações entre AD e Chega".
"Devido à rotura desse acordo, o PS apresentou um candidato, que ganhou duas votações, não sendo eleito. As bancadas do PS e do PSD deram o seu acordo a que as candidaturas possam ser apresentadas às onze da manhã e teremos nova votação ao meio-dia", explicou Dias.
"Pareço que aterramos numa realidade paralela. Há problemas sérios, graves e uma eleição tornou-se num circo. Amanhã devíamos estar a trabalhar, mas vamos estar a trabalhar numa novela, que não resolve esses problemas", afirmou Nuno Melo, em dia de regresso do CDS-PP ao parlamento.
"Não houve nenhum acordo com o CDS-PP. Nós sempre dissemos que votaríamos a favor de Aguiar-Branco. Isto não é uma questão de acordo, mas sim de resolução de problemas", explicou Melo.
Para o Livre, nas palavras de Rui Tavares, "nada disto era imprevisível. O resultado das eleições e as declarações dos partidos deram aso aos três blocos diferente na AR. O que o PSD quis foi manter a sua ambiguidade e silencio até ao extremo. Tivemos uma candidatura que não apresentou um programa. José Pedro Aguiar-Branco poderia falar sobre o que faria sobre o discurso de ódio, insultos e ofensas na AR. A direita não dá estabilidade neste momento".
Do PCP, a líder parlamentar Paula Santos, afirmou que "os resultados vieram confirmar as nossas grandes preocupações. Queria salientar, neste quadro de discussão, os problemas do país estão todos à espera de resposta".
Para Inês Sousa Real, a porta-voz do PAN, apelou para que "o país não fiquem refém de forças políticas. Apelamos ao PSD que não conte com o Chega".
Na segunda votação em que participaram 229 deputados, registaram-se dois votos brancos. Francisco Assis (PS) obteve 90 votos, José Pedro Aguiar-Branco (PSD) conquistou 88 e Manuela Tender (Chega) 49 votos, tendo os dois primeiros passado à segunda volta. A deputada proposta pelo Chega teve apenas 49 votos, sendo que a bancada parlamentar do seu partido tem 50 deputados. Ou seja, Tender não obteve os votos de toda a sua bancada.
Na primeira votação, os deputados não elegeram José Pedro Aguiar-Branco como presidente da Assembleia da República. A primeira votação ditou que Aguiar Branco teve 89 de 116 votos necessários, 134 brancos e sete nulos, na primeira sessão plenária da XVI legislatura.
O regimento da Assembleia da República determina que o presidente do parlamento é eleito na primeira reunião plenária da legislatura por maioria absoluta dos votos dos deputados em efetividade de funções (116).
“Se nenhum dos candidatos obtiver esse número de votos, procede-se imediatamente a segundo sufrágio, ao qual concorrem apenas os dois candidatos mais votados que não tenham retirado a candidatura. Se nenhum candidato for eleito, é reaberto o processo”, refere o Regimento.
Comentários