Podia ser só um problema na internet de cada um, mas não. Ontem à tarde, por volta das 16h30 em Portugal, foram muitos aqueles que começaram a sentir problemas em três plataformas online: WhatsApp, Facebook e Instagram. Em comum, o facto de todas pertencerem ao mesmo grupo — e de fazerem parte da vida de tantos.

Até às 23h00, pouco ou nada funcionou. As mensagens no WhatsApp não eram enviadas e nenhuma entrava, o Instagram não actualizava o feed e o Facebook pedia para se recarregar a página, até que deixou de dar qualquer sinal de vida. Foram horas duras para muitos. Será que ainda sabemos enviar SMS e ligar para quem precisamos sem recorrer a estas aplicações? (Nota pessoal: o telefone aqui de casa tocou pela primeira vez em semanas — e pensei seriamente se o meu telemóvel estaria também a sofrer alguma espécie de apagão, por não receber esta chamada por lá.)

No total, foram quase sete horas sem a vida como já a conhecemos: com likes, comentários e conversas de grupo em que não lemos metade das mensagens.

Mas quais os motivos? A rede social Facebook veio já dizer que "a causa principal da interrupção foi uma alteração de configuração defeituosa", indicando não haver "provas de que os dados dos utilizadores tenham sido comprometidos como resultado" do sucedido.

"Pessoas e empresas em todo o mundo dependem de nós para se manterem ligadas. Pedimos desculpa aos que foram afetados", afirmou o grupo.

Contudo, os afetados não foram só os utilizadores: a riqueza pessoal do fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, caiu em mais de seis mil milhões de dólares (cerca de 5,2 mil milhões de euros). De acordo com a agência de informação financeira Bloomberg, Mark Zuckerberg desceu um degrau na lista dos mais riscos do mundo.

Todavia, a paralisação registada nas redes sociais da empresa não afetou apenas Zuckerberg. Numa "estimativa aproximada", a organização não governamental NetBlocks, que se dedica à cibersegurança, calculou que a economia mundial perdeu mais de 950 milhões de dólares (cerca de 819 milhões de euros), na sequência dos problemas técnicos desta segunda-feira.

Já no dia de hoje, na bolsa, o setor tecnológico mostrava recuperar, depois de ter sofrido descidas acentuadas, pelos efeitos de contágio do Facebook, que perdeu 4,89% — mas agora já subia 0,78%.

A par com os problemas técnicos, o Facebook vê-se a braços com um caso que chegou aos jornais. A 13 de setembro, o The Wall Street Journal começou a publicar uma série de histórias com base em documentos internos da rede social, mostrando que o Facebook conhecia os problemas causados pelos seus produtos, como os malefícios do Instagram para a saúde mental dos adolescentes e a desinformação sobre o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos.

Os relatórios, relativizados pelo Facebook em público, chamaram a atenção de congressistas e, na segunda-feira, uma ex-funcionária da empresa declarou ter denunciado o caso à imprensa. Em resposta, o Facebook sublinhou que os problemas das suas plataformas, incluindo a polarização política, não são causados apenas pela tecnologia.

"Penso que dá conforto às pessoas presumir que deve haver uma explicação tecnológica ou técnica para as questões de polarização política nos EUA", referiu, à cadeia de televisão norte-americana CNN, o vice-presidente de assuntos globais do Facebook, Nick Clegg.

Depois de um dia de pausa, fica mesmo a questão: como é que estas plataformas — Instagram, WhatsApp e Messenger — prejudicam ou ajudam as nossas vidas?

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