Em entrevista ao Expresso publicada na edição deste sábado, o primeiro-ministro e líder socialista diz que “o PS não é um partido anormal” e “deseja ter o maior número de votos possível”, quando questionado sobre o desejo de uma maioria absoluta nas eleições legislativas de 2019.
“Acho que é claro para todas pessoas que esta solução política só é possível com um PS forte. E quanto mais forte for o PS, melhor funcionará esta solução política”, afirmou.
Na opinião de António Costa, “um PS mais enfraquecido certamente suscitará mais dúvidas sobre a estabilidade política e a continuidade desta política”.
“Um PS que não tenha condições de formar esta solução política torna a situação inviável”, avisou.
Confrontado com o que fará se ganhar as próximas eleições sem maioria, o primeiro-ministro começou por recordar o que falta da atual legislatura e o calendário eleitoral para 2019, com eleições europeias e só depois com as legislativas.
“Perante a situação do país hoje, faz mais sentido mudar ou continuar? Creio que objetivamente a generalidade das pessoas acha que faz sentido continuar. Estas eleições devem ser sobretudo um voto de confiança e de força na continuidade desta solução política”, antecipou.
Questionado sobre a eventualidade de se terem esgotado os pressupostos dos acordos com os parceiros da ‘geringonça’ (PCP, BE e PEV), o secretário-geral socialista foi perentório: “não acredito que o BE e o PCP tenham meramente uma agenda de reivindicação salarial ou de resposta à notícia”.
“Mas o meu programa de Governo não é o programa do PCP nem do BE”, respondeu ainda quando confrontado com as áreas em que não cedeu aos partidos que apoiam o Governo parlamento.
Sobre o posicionamento do PS, António Costa afirmou que o partido “está onde sempre esteve, é um partido de centro-esquerda, como são os partidos sociais-democratas”, dando o exemplo de estudos em que “os portugueses nunca tiveram dificuldades em localizar o PS nesse imaginário entre a esquerda e a direita”.
Costa aproveita para reiterar que discorda da solução governativa de bloco central, referindo que não é saudável para uma democracia, e acrescenta que idêntica posição tem sido defendida pelo presidente do PSD, Rui Rio.
“E não é por eu achar que o PSD seja um partido que tenha lepra, é porque a vida democrática deve assentar na possibilidade de os cidadãos terem alternativas de governo”, disse.
Numa entrevista de dez páginas concedida na passada segunda-feira e em que são abordados vários temas da governação como a situação do Serviço Nacional de Saúde e as críticas ao seu funcionamento, o primeiro-ministro dissipa uma eventual saída do ministro da Saúde.
“Se alguém pensa que o professor Adalberto Campos Fernandes deixe de ser ministro da Saúde para que esses problemas se resolvam por artes mágicas pode tirar o cavalinho da chuva, que ele não deixará de ser ministro”, afiançou.
Sobre o caso que levou à demissão do vereador Ricardo Robles (BE), da Câmara de Lisboa, Costa admitiu ter ficado surpreendido.
“Nunca imaginei que quem prega com tanta virulência a moral política cometesse pecadilhos”, disse.
O vereador bloquista renunciou ao cargo de vereador da Câmara de Lisboa, na sequência da notícia da aquisição de um prédio em Alfama por 347 mil euros, que foi reabilitado e posto à venda em 2017, avaliado em 5,7 milhões de euros.
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