A ideia era apresentar o novo embaixador de Israel em Portugal, Oren Rosenblat, que chegou há dois dias, mas a entrega das cartas  credenciais no Ministério dos Negócios Estrangeiros não aconteceu e a  sua apresentação pública ficou adiada. 

A conferência, rodeada de medidas de segurança, estava marcada  para as 11:30 da manhã, num hotel em Lisboa, mas o imbróglio protocolar obrigou a mudar os planos e foi o número dois da embaixada que falou à imprensa: "António Guterres não fez o suficiente  pela estabilidade do Médio Oriente". 

António Guterres foi considerado persona non grata por Israel e está  proibido de entrar no país. "Enquanto secretário-geral, no uso pleno  das suas atribuições para falar e agir contra o terrorismo, contra a  desestabilização do Médio Oriente, Israel sente que não fez o  suficiente", diz o encarregado de negócios, Yotam Kreiman. E dá como  exemplo "o dia do ataque iraniano, com 188 mísseis de cruzeiro e  mísseis balísticos". A ONU "falhou em não condenar o ataque". 

Yotam Kreiman, que sublinha que "Israel é a única democracia no  Médio Oriente", diz que "o único país está realmente a tentar impedir  danos para a população desta região é Israel". E acredita que o  ocidente tem de fazer muito mais para pôr um travão neste conflito, a  começar por aplicar sanções ao Irão e ao Líbano. "As sanções podem  limitar ou fazer regredir a escalada a que temos vindo a assistir nas  últimas semanas". 

"O Irão é um factor desestabilizador, está a tentar manter a região  refém. Quanto mais cedo o mundo intervier para travar o Irão, mais  depressa regressaremos à estabilidade e ao fim das hostilidades, que é  o primeiro passo para a paz", acredita.

"O Irão já disse várias vezes que usará todos os meios ao seu dispor  contra Israel. Ainda não usaram armas nucleares, mas a menos que  façamos alguma coisa, será uma questão de tempo", avisa o  encarregado de negócios. E, garante, "quando isso for feito, Israel vai  responder, terá de responder. Não reponder seria abrir a porta e  convidar esta entidade tão perigosa a manter a sua actuação". 

Yotam Kreiman lembra que "não estamos a falar do povo do Irão, estamos a falar de um corpo revolucionário específico da República  Islâmica do Irão, que tomou o poder de assalto e fez o povo refém. Esta administração não é só perigosa para o Irão, é perigosa para a  Ucrânia, é perigosa para a Europa, é perigosa para Israel, é perigosa  para o Médio Oriente.Temos de fazer tudo o que está ao nossa alcance  para limitar esse perigo". 

Sobre os esforços de paz, o número dois da embaixada garante: "Sim, queremos o cessar-fogo, sim, queremos o fim da guerra, sim,  queremos acabar com o poder do Hamas em Gaza e com o poder do  Hezbollah no Líbano. Pessoalmente, penso que o mundo devia  esforçar-se para acabar com o poder dos Houthis no Iémen".  

Se isso é compatível com algumas afirmações de membros o executivo  israelita, como a do ministro da Educação, que recentemente disse que  "pela maneira como as coisas estão a progredir, o Líbano será  aniquilado"? "Há nuances que não são fáceis de entender fora de  Israel", diz. "O entendimentos desta realidade pelos países ocidentais,  do que significa ser controlado ou ser feito refém por uma organização  terrorista, é difícil de entender porque não vivem com isso".