Apoiantes do Presidente da Venezuela Nicolás Maduro entraram com violência no parlamento onde a oposição detém a maioria, no âmbito das celebrações do Dia da Independência. Pelo menos 13 pessoas ficaram feridas na sequência do ataque, em Caracas, por civis armados afetos ao regime, mantendo-se os deputados, funcionários e jornalistas fechados no edifício, que está cercado.

Homens encapuzados, armados com paus e vestidos de vermelho entraram no espaço e a confusão instalou-se, conta a AFP, acrescentando que os manifestantes ocuparam os jardins do Palácio Legislativo e detonaram artefactos explosivos. Lilian Tintori, ativista pelos direitos humanos na Venezuela, reporta agressões aos deputados.

A deputada Yajaira de Forero adiantou à AFP que os deputados Américo de Grazia, Nora Bracho e Armando Armas foram agredidos violentamente na cabeça. Outros funcionários do Parlamento foram também alvo dos manifestantes.

O ataque foi precedido por uma visita do vice-presidente da Venezuela, Tarek El Aissami, que, conjuntamente com vários membros do Governo venezuelano, e cerca de 300 de apoiantes, entrou no parlamento para realizar um ato no salão Elíptico, onde está a ata da Independência da Venezuela.

El Aissami fez um discurso de cerca de 15 minutos, no qual acusou a oposição de "sequestrar" o Poder Legislativo. A visita foi feita sem informação prévia à mesa da Assembleia Nacional, o parlamento, onde a oposição é maioritária desde a esmagadora vitória nas urnas em dezembro de 2015.

"Estamos precisamente nas instalações de um poder do Estado que foi sequestrado pela mesma oligarquia que traiu Bolívar e sua causa", disse o vice-presidente, aplaudido pelos presentes.

À saída as portas do parlamento ficaram abertas permitindo a entrada dos 'coletivos' [denominação por que são conhecidos os grupos de civis armados afetos ao regime] que lançaram engenhos explosivos e ameaçaram sequestrar os deputados.

A crise política venezuelana encontra-se numa fase de grande tensão. Maduro é contestado nas ruas e 91 pessoas já perderam a vida nos protestos.

O vice El Aissami avisou que Maduro não se vai render, nem ceder no objetivo de levar adiante a Assembleia Constituinte, que visa alterar a Constituição. "Aqui está um presidente digno, que nunca se renderá, nem permitirá que a Venezuela seja uma colónia de uma qualquer potência estrangeira", disse no seu discurso.

Oposição critica demonstração

"Isto foi um assalto ao Palácio", criticou o deputado Tomás Guanipa.

Já o ex-presidente da Assembleia, o ex-deputado Henry Ramos Allup, disse não estar surpreendido com esta "provocação" de El Aissami, uma vez que o governo está disposto a "qualquer coisa". "É um governo terminal, sustentado pelas baionetas e pelas decisões do Supremo Tribunal de Justiça", disse Ramos Allup.

Na Venezuela, as manifestações a favor e contra o presidente Nicolás Maduro intensificaram-se desde 01 de abril último, depois de o Supremo Tribunal de Justiça divulgar duas decisões que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele orgão de soberania assumia as funções do parlamento.

Entre queixas sobre o aumento da repressão, os opositores manifestam-se ainda contra a convocatória de uma Assembleia Constituinte, com o intuito de mudar a Constituição, feita a 01 de maio último pelo Presidente.

(Notícia atualizada às 18h49)

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