"Até sempre, Presidente!"
O Partido Socialista destacou um dos seus mais brilhantes intelectuais e descreve uma dor "indescritível" no dia da morte de Jorge Sampaio.
"O PS ao tomar conhecimento do falecimento do ex-Presidente da República e seu digníssimo Camarada Jorge Fernando Branco de Sampaio, vem tornar pública a sua indescritível dor pela partida de um dos seus mais brilhantes intelectuais. Até sempre, Presidente!", escreveu o partido nas redes sociais.
Marcelo Rebelo de Sousa: "A sua luta foi uma, a liberdade na igualdade"
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez hoje uma breve declaração a propósito da morte do antigo chefe de Estado, a partir do Palácio de Belém, na Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa, sem direito a perguntas.
"Portugueses, acabei de exprimir à família do Presidente Jorge Sampaio, em dor, o pesar de todos vós. Lutando, mas serenamente, nos deixou hoje o Presidente Jorge Sampaio. Lutando serenamente, como sereno foi o seu testemunho de vida ao serviço da liberdade e da igualdade", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa.
Numa declaração de cinco minutos, o Presidente da República recordou Jorge Sampaio como "sereno na sua luminosa inteligência, sereno na sua profunda sensibilidade, sereno na sua paciente, mas porfiada coragem", acrescentando: "Nasceu e formou-se para ser um lutador, e a causa da sua luta foi uma: a liberdade na igualdade".
O atual Presidente da República enfatizou ainda o seu papel na construção de "pontes", década após década, entre "formações diversas no seu hemisfério político e para além dele".
António Costa: "Um exemplo de lutador pela liberdade, pela democracia"
Numa declaração na residência oficial em São Bento, António Costa destacou a "liberdade" e "verticalidade ética" do ex-Chefe de Estado, após decretar luto nacional de três dias.
"Curvamo-nos todos em memória de alguém que foi um exemplo de lutador pela liberdade, pela democracia e que tanto prestigiou com a sua verticalidade ética a nossa vida política".
"Jorge Sampaio exerceu as funções políticas com o mesmo sentido cívico de militância e convicção com que em 1962 assumiu a liderança do movimento estudantil de combate à ditadura", afirmou posteriormente o líder do executivo durante a sua comunicação no Palácio de São Bento.
"Nos últimos anos, já não tendo nenhuma função oficial assumiu o encargo de lançar uma grande plataforma internacional para que os refugiados sírios pudessem prosseguir os seus estudos universitários e concluí-los com sucesso", disse.
"Para Jorge Sampaio, o exercício dos seus múltiplos cargos político foram sempre e só mais uma forma de exercer a sua cidadania. Foi membro do Governo nos difíceis tempos dos governos provisórios. Foi um deputado apaixonado, um líder parlamentar, no momento em que a democracia já estava consolidada", rematou.
Por fim, salientou que durante os seus mandatos em Belém notabilizou o mote com que se candidatou e apresentou aos portugueses: "um por todos, e todos por um".
“Um homem de causas, um homem que serviu Portugal com grande sabedoria e dedicação"
O ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, também já reagiu, afirmando que foi “com profunda consternação” que tomou “conhecimento da morte do Presidente Jorge Sampaio”.
“Em meu nome pessoal, e da minha mulher, quero dirigir à família do Dr. Jorge Sampaio profundas condolências e uma palavra de conforto neste momento difícil”, declarou.
Relembrou-o como “um homem de causas, um homem que serviu Portugal com grande sabedoria e dedicação nos cargos que desempenhou e também como líder do partido Socialista, como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, mas também nos cargos internacionais que desempenhou, como foi o caso da Aliança das Civilizações e de enviado especial das Nações Unidas para a luta contra a tuberculose”.
“Dedicou muito do seu tempo à causa de Timor-Leste, a defesa dos interesses do povo de Timor-Leste. E uma das suas últimas causas mostra bem a sua visão humanista: apoiar os estudantes que foram atingidos por situações de guerra ou de terrorismo nos seus países”, destacou.
“Em algumas ocasiões fomos adversários políticos, mas mantivemos sempre boas relações – cordiais, de respeito mútuo”, recordou ainda Cavaco Silva.
Presidente do PS fala em "homem do mundo"
O presidente do Partido Socialista, Carlos César, considerou hoje o antigo Presidente da República Jorge Sampaio um “homem do mundo”, um “combatente pela democracia”, para além de um “militante cívico inconformado”.
Carlos César, que reagiu à morte de Jorge Sampaio na sede do PS/Açores, em Ponta Delgada, considerou que se está perante uma “notícia triste” para a família, para o PS e para todos os portugueses, tendo considerando o antigo líder socialista um “homem do mundo, bom”, e um “combatente pela democracia”.
Para além de um “militante cívico inconformado”, Carlos César destacou o seu papel enquanto “defensor ativo dos direitos humanos”, o seu “rigor ético”, “humanismo” e a sua “generosidade”, sendo um combatente na resolução das desigualdades sociais.
O presidente do PS anunciou, entretanto, a suspensão da campanha eleitoral para as eleições autárquicas de 26 de setembro.
"Perdi hoje um amigo de longa data"
O presidente da Assembleia da República salientou hoje que a morte de Jorge Sampaio representa a perda de “um amigo de longa data” com quem partilhou uma constante luta pela liberdade e democracia em Portugal. Na sua mensagem, Ferro Rodrigues disse ter recebido a notícia da morte do antigo líder do PS e antigo presidente da Câmara de Lisboa “com profunda tristeza e sentimento de enorme perda”.
“Se perdi hoje um amigo de longa data, com quem tive o privilégio de partilhar sucessos e insucessos nesta constante luta pela Liberdade e pela Democracia, Portugal perdeu um dos seus mais prestigiados cidadãos, que sempre serviu o seu país com distinção e honra”, referiu o presidente da Assembleia da República.
Ferro Rodrigues destacou Jorge Sampaio como uma personalidade “imbuída de valores humanistas, de uma visão progressista e de um forte dever cívico”.
“Jorge Sampaio cedo entrou em confronto com o regime repressivo então vigente. Antifascista convicto, participou ativamente na crise académica de 1962, foi candidato nas listas da oposição democrática da CDE, em 1969, e, já como advogado, assumiu, corajosamente, a defesa de inúmeros presos políticos no Tribunal Plenário da ditadura”, recordou.
Guterres: “Incomparável homem de Estado”
O secretário-geral das Nações Unidas afirmou hoje que Jorge Sampaio foi uma figura “central” da democracia de Abril, um “incomparável homem de Estado” que deixou uma marca “decisiva” na luta pela paz e no diálogo entre civilizações.
Numa declaração à agência Lusa, António Guterres, que sucedeu a Jorge Sampaio na liderança do PS em 1992 e que desempenhou funções de primeiro-ministro entre 1995 e 2001, disse que ficou “profundamente emocionado e entristecido com a notícia da morte de Jorge Sampaio”.
“Foi um amigo querido e um companheiro de luta em tantos momentos decisivos para a vida do nosso país. Nunca poderei esquecer a forma como juntos trabalhámos noite e dia, em uníssono, para evitar uma terrível tragédia para os timorenses e permitir a independência de Timor-Leste”, observou o secretário-geral das Nações Unidas.
Para António Guterres, Jorge Sampaio “foi uma figura central da democracia de Abril, lutador incansável contra a ditadura desde o seu tempo de estudante, militante ativo de todas as nobres causas e incomparável homem de Estado pela sua integridade, humanismo e permanente devoção pelo interesse nacional”.
“Jorge Sampaio deu um contributo inestimável às Nações Unidas, onde deixou uma marca decisiva na luta pela paz e pelo diálogo entre culturas e civilizações. Jorge Sampaio era um homem bom, um homem generoso, como demonstrou o seu forte empenhamento no acolhimento dos refugiados sírios”, indicou ainda o antigo primeiro-ministro português.
António Guterres considerou depois que, com a morte do antigo chefe de Estado, “Portugal perde um dos seus melhores”.
“E todos os que como eu com ele privaram perdem um amigo querido, um companheiro solidário e uma referência moral inesquecível”, referiu, antes de deixar uma mensagem à família de Jorge Sampaio.
“À [sua mulher] Maria José e a todos os seus familiares, envio um abraço de profunda solidariedade e condolências”, acrescentou.
Manuel Alegre enaltece "visão de estadista" fulcral para o Portugal democrático
O antigo dirigente socialista Manuel Alegre lamentou hoje “com mágoa” a morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio e enalteceu a “visão de estadista” de uma figura que considerou fulcral na construção do Portugal democrático. Contactado pela agência Lusa, Manuel Alegre reagiu “com mágoa” à morte de “um amigo” que conhece “há 60 e tal anos”.
“Quando o conheci, há 60 e tal anos, numa assembleia magna muito tensa e difícil, realizada no velho Palácio dos Grilos, em Coimbra. Eu ia subir à tribuna e senti uma pancada nas costas. Voltei-me e vi-o, com o cabelo muito ruivo ainda, a dizer-me: 'Eu venho de Lisboa e trago-vos a nossa solidariedade, em nome da Reunião Inter-Associações (RIA)'”, recordou o também antigo candidato presidencial.
Jorge Sampaio foi, sustentou, uma das principais figuras da “consolidação da democracia portuguesa”.
Manuel Alegre lembrou o também antigo secretário-geral do PS como uma pessoa que “não era exaltada, às vezes enervava-se, sabia construir pontes e tinha uma visão política moderna” sobre o país, assim como uma “visão estratégica sobre a posição de Portugal no mundo”.
“Na minha opinião, foi o Presidente que melhor exemplificou os dois poderes que tem um Presidente, quando decidiu não dissolver a Assembleia [da República] e nomear o então primeiro-ministro Santana Lopes, porque havia uma maioria, e quando depois, por razões de estabilidade política, decidiu dissolvê-la”, disse Manuel Alegre, acrescentando que este exemplo mostra a “visão lúcida própria, muito autónoma” e também “de estadista” de Sampaio.
A visão de Jorge Sampaio sobre Portugal, sustentou Manuel Alegre, já estava espelhada quando eram mais novos: “Estivemos juntos nas lutas estudantis, estivemos juntos na luta antifascista e anticolonial, mesmo quando estava no exílio ele manteve sempre contacto com aqueles que estavam em Argel, em Paris, em vários pontos do mundo, participou, de uma maneira ou de outra, em todos os combates significativos pela democracia portuguesa antes do 25 de Abril, na luta contra a ditadura”.
Durão Barroso recorda "personalidade empenhada nas causas da democracia"
O antigo primeiro-ministro Durão Barroso recordou Jorge Sampaio como uma “personalidade realmente empenhada nas causas da democracia”, enviando os pêsames à família do antigo presidente da República.
“Os meus mais sentidos pêsames para a família de Jorge Sampaio, Presidente da República com quem tive a honra de trabalhar como primeiro-ministro, e que era personalidade realmente empenhada com as causas da democracia e do desenvolvimento social no nosso país e no plano internacional”, escreveu José Manuel Durão Barroso na sua conta de Twitter.
Rui Rio, líder do PSD, faz um "balanço positivo" da vida pública de Jorge Sampaio, com um "trajeto coerente ao longo de toda a vida" e "intervenções muito lúcidas" no Conselho de Estado. Lembra também que Jorge Sampaio foi o primeiro a congratulá-lo pela primeira vitória na câmara municipal do Porto. Quanto à suspensão das ações de campanha, Rio disse aguardar pela mensagem de Marcelo Rebelo de Sousa para tomar uma decisão.
A campanha do Partido Socialista no Porto foi suspensa, anunciou o candidato Tiago Barbosa Ribeiro: "A morte de Jorge Sampaio cobre-nos de tristeza. Partiu um grande democrata, socialista e humanista, a quem Portugal muito deve", escreveu na rede social Twitter.
Ainda no Porto, Rui Moreira cancelou a agenda e o Grupo de Cidadãos Eleitores: Rui Moreira “Aqui Há Porto”, "lamenta, com profundo pesar, a notícia do falecimento ex-Presidente da República, Jorge Sampaio. À família, amigos e ao Partido Socialista endereça os seus respeitosos sentimentos", lê-se numa nota enviada às redações.
Na rede social Twitter, o partido Livre diz que Jorge Sampaio "vai ser relembrado pelo seu papel percursor na convergência à esquerda em Portugal como Presidente da República mas também na sua ação em defesa dos Direitos Humanos. A sua ação política permanecerá."
Já o eurodeputado bloquista José Gusmão destaca "um bom homem", elogiando também as passagens de Sampaio pela câmara de Lisboa e pelo palácio de Belém.
A também bloquista Joana Mortágua lembra a geração que "cresceu com o Jorge Sampaio na Presidência. A ouvir falar de como fez e cumpriu o acordo de Lisboa e do papel que teve antes do 25 de abril. O meu pai uma vez disse que quando se vive até idade avançada é difícil manter a coerência até ao fim. Ele conseguiu", escreveu na rede social Twitter.
Passos Coelho lamenta “grande perda” para Portugal e destaca “agudíssimo sentido cívico”
Numa nota escrita enviada à Lusa, Passos Coelho expressou as suas “sentidas condolências" à família, "e em particular à sua mulher Maria José Rita”.
“Trata-se, sem dúvida, de uma grande perda para o nosso país, que o Dr. Jorge Sampaio representou ao mais alto nível e com grande dignidade em diversas e importantes circunstâncias, quer no plano nacional quer internacional. Recordo, em particular, a sua enorme afabilidade e simpatia, mas sobretudo o seu agudíssimo sentido cívico moldado por grande humanidade”, salientou o antigo líder do PSD, que foi primeiro-ministro entre 2011 e 2015.
PCP recorda percurso "democrático e de resistência ao fascismo"
De acordo com uma nota divulgada, os comunistas expressaram à “família e ao PS as suas condolências” pela morte do antigo chefe de Estado e dirigente socialista.
“A Jorge Sampaio deve ser reconhecido o seu percurso democrático e de resistência ao fascismo no qual releva o papel desempenhado na defesa nos tribunais plenários, nos anos da ditadura, de numerosos antifascistas”, acrescenta o partido.
Homem de esquerda e advogado de formação, defendeu casos célebres, como os dos réus do assalto ao Quartel de Beja, o caso da 'Capela do Rato', em que foram presas dezenas de pessoas que protestaram contra a guerra colonial.
O PCP também recordou a trajeto político de Sampaio no pós-25 de Abril, nomeadamente através do desempenho das funções de secretário-geral do PS, de Presidente da República entre 1996 e 2006, e de presidente da Câmara de Lisboa, “cargo que exerceu entre 1990 e 1995 no quadro da coligação 'Por Lisboa', em que o PCP exerceu relevante papel”.
Basílio Horta recorda amigo e diz que "Sintra perde um dos seus melhores"
Numa mensagem no Facebook Basílio Horta, que apoiou Sampaio nas presidenciais de 1996, confessou estar "profundamente triste" com a perda de "um amigo".
"Perdi hoje um amigo que sempre respeitei e admirei. Apoiei o Dr. Jorge Sampaio nas suas caminhadas presidenciais, estivemos juntos em tantos e tantos momentos", lembrou.
O autarca recordou Sampaio, que fez os primeiros anos de escola em Sintra, como "um sintrense de coração, de alma e de devoção", defendendo que "Sintra perde um dos seus melhores".
"Não comecei a caminhada em Sintra sem ter a certeza do seu apoio e caminhou sempre ao meu lado. Querido Presidente Jorge Sampaio: quantas saudades teremos suas. Quanta falta fará a todos nós. Quantas lembranças nos deixa e que tamanha foi a sua vida! Obrigado querido amigo. Para sempre no meu coração", lê-se na mensagem, acompanhada de várias fotografias de ambos.
João Soares destaca o lado pioneiro de Sampaio
À RTP, João Soares destaca o primeiro acordo de esquerda na câmara de Lisboa, "algo de pioneiro", lembrando o percurso do ex-presidente da República, quer antes, quer após o 25 de Abril. "Jorge Sampaio era um homem de uma grande inteligência e de uma cultura muito vasta." "Era um homem de debate e de controvérsia", acrescenta ainda o filho de Mário Soares (o presidente que antecedeu Sampaio).
A Juventude Socialista destaca "uma referência incontornável, pela constância nos valores e a integridade na ação política, pelo ímpar percurso de vida desde a luta estudantil à militância socialista até à Presidência da República."
Ramos-Horta recorda "grande defensor da causa timorense" e "extraordinário ser humano
"Em declarações à agência Lusa, Ramos-Horta referiu-se ao ex-Presidente português, que hoje morreu em Lisboa, como uma figura “arauto de causas nobres, de causas justas em todo o mundo, em particular em Timor-Leste”, porque foi “o grande defensor da causa timorense”.
“Devemos-lhe muito, e eu pessoalmente, que o conheço como poucos timorenses, sinto pessoalmente a perda de Jorge Sampaio”, disse, recordando o ex-chefe de Estado, além de figura pública e estadista, como “um extraordinário ser humano, um coração bondoso, uma alma muito sensível, que se emociona com o sofrimento de outros seres humanos e de outros povos”.
O ex-Presidente timorense lembrou que conheceu Jorge Sampaio na década de 1980 e que esteve com ele em “inúmeras ocasiões”, de Lisboa a Nova Iorque, mas recordou particularmente quando o ex-chefe de Estado português esteve presente na entrega do seu prémio Nobel da Paz, que recebeu em conjunto com bispo Ximenes Belo, em 1996.
“Eu lembro dos políticos, dos líderes, sobretudo pelas suas qualidades humanas, não tanto por ser grande político, de sucesso ou insucesso e Jorge Sampaio lembro sobretudo por isso, era uma extraordinária pessoa, de grande coração, de grande alma”, reforçou.
O luto chegou ao futebol, uma das suas paixões
A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) recordaram o antigo Presidente da República pelo seu contributo para o país e como adepto da modalidade.
"É com profunda emoção e tristeza que vejo partir Jorge Sampaio, antigo Presidente da República e figura incontornável da democracia do nosso país. Teve uma vida ligada à luta pelos direitos e liberdades, pautou o seu trajeto político pela coragem e coerência e deixou sempre a marca de um humanismo próprio de quem tem vincado sentido de justiça”, lê-se na mensagem assinada pelo presidente da FPF.
Fernando Gomes recordou o “homem digno e íntegro”, que “honrou a política e foi um exemplo de civismo”, identificando Jorge Sampaio como “uma personalidade importante para o futebol português, pelo contributo que deu como jurista e como figura pública que se manteve sempre atento ao fenómeno desportivo”.
“O papel que desempenhou enquanto Presidente da República, ao apoiar a realização do campeonato da Europa de 2004 em Portugal e partilhar o seu entusiasmo com a organização e a seleção nacional foram bem demonstrativos do seu envolvimento como mais alta figura do Estado e a paixão que sempre teve pelo futebol”, prosseguiu Gomes, apresentando as condolências à família e amigos.
O presidente da LPFP, Pedro Proença, recordou que o antigo Presidente da República “teve ainda um papel preponderante no desenvolvimento do desporto nacional, tendo sido um dos fundadores do Sindicato dos Jogadores”.
“Jorge Sampaio foi, sem dúvida alguma, uma figura ímpar da sociedade portuguesa. Hoje vemos partir um líder consensual e amável, fiel ao seu Sporting, mas grande adepto e impulsionador do futebol, e do desporto em geral. Nesta hora de dor quero deixar uma palavra de carinho à família e amigos, ficando a enorme gratidão pelo legado que deixou para o nosso país”, escreveu Proença.
Uma referência para gerações futuras, diz Elisa Ferreira “desolada”
A comissária europeia Elisa Ferreira manifestou-se hoje “desolada” com a morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, ao qual expressa “profunda gratidão”, sublinhando que “o seu nome ficará para sempre associado à democracia portuguesa”.
“Desolada com morte de Jorge Sampaio. Foi exemplo de civismo, integridade e coragem, desde os tempos das lutas estudantis até ao mais alto cargo da nação. Uma referência para gerações futuras, o seu nome ficará para sempre associado à democracia portuguesa. Profunda gratidão”, escreveu a comissária portuguesa, responsável pela pasta da Coesão e Reformas, na sua conta oficial na rede social Twitter, acompanhando a publicação com uma fotografia a preto e branco do antigo chefe de Estado.
Domingos Abrantes recordou hoje Jorge Sampaio como “um resistente”
O histórico comunista Domingos Abrantes recordou hoje Jorge Sampaio como “um resistente”, lembrando que o ex-chefe de Estado foi seu advogado quando esteve preso nos tempos de ditadura, e expressou a sua gratidão.
Em declarações à Lusa, o membro do Conselho de Estado Domingos Abrantes lamentou a morte de Jorge Sampaio, aos 81 anos, e dirigiu à família os seus sentimentos e pêsames.
O comunista recordou Sampaio como “um resistente, como um lutador empenhado pela luta, pela liberdade e pela democracia”, destacando o papel que este teve como seu advogado quando esteve preso em Peniche.
“Primeiro, o que Jorge Sampaio foi, foi meu advogado quando eu estive preso e devo-lhe essa gratidão”, vincou.
Domingos Abrantes realçou que no período do Estado Novo, o trabalho dos advogados nos tribunais plenários “não era um trabalho fácil” uma vez que “à partida os presos estavam condenados”, mas Sampaio “sempre o desempenhou com muita coragem, com muita determinação”.
“Ele foi-me visitar a Peniche. Como deve calcular, eram momentos muito sombrios e incertos quanto ao futuro (…)”, evocou, lembrando que na inauguração da primeira fase do Museu de Peniche, teve ocasião de recordar o papel de Sampaio no apoio aos presos políticos.
Mas Domingos Abrantes destacou ainda um outro momento marcante na sua convivência com Jorge Sampaio, quando integrou o Conselho de Estado. Segundo o histórico comunista, o ex-Presidente fez questão de mencionar o que “significava um preso político, e um preso político que ele tinha ajudado, estar num órgão como o Conselho de Estado, ainda por cima um operário”.
Domingos Abrantes disse ainda temer que “se não houver um trabalho de educação democrática, do que significou a luta e o papel dos resistentes, daqui a uns anos já ninguém se lembre de Jorge Sampaio, como de outros”, salientando que “essa geração de resistência está a chegar ao fim”.
Ministro da Defesa entre a mágoa e a admiração
O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, manifestou hoje "mágoa" pela morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio e afirmou que ter uma "profunda admiração" pelo ex-chefe de Estado, que era um "extraordinário e exemplar português".
"Obrigado Jorge Sampaio", escreveu o ministro na sua conta na rede social Twitter.
João Gomes Cravinho afirmou também que "não cabe num 'tweet', nem a mágoa da perda nem a profunda admiração por este extraordinário e exemplar português".
Eurodeputado Pedro Marques lembra "percurso exemplar"
Numa mensagem publicada na sua conta oficial na rede social Facebook, o eurodeputado e antigo ministro do Planeamento e das Infraestruturas expressou os seus "mais profundos sentimentos" pela morte do também antigo secretário-geral do PS.
"O Presidente Sampaio foi um democrata. Foi Presidente da República, presidente da CM [Câmara Municipal] de Lisboa, secretário-geral do PS, mas foi essencialmente um homem com um percurso exemplar que começou jovem, quando se bateu, sem hesitações, contra a ditadura", salientou Pedro Marques na mensagem que é acompanhada por uma fotografia de Jorge Sampaio.
Secretário-Geral da UCCLA realça prioridade no relacionamento com países de língua portuguesa
Numa nota publicada na página oficial daquela organização, o responsável máximo da UCCLA, o socialista Vitor Ramalho, afirmou que Jorge Sampaio "considerou sempre o relacionamento com os povos e países de língua portuguesa uma prioridade na sua ação política".
"De tal sorte que nas funções públicas que exerceu, desde secretário de Estado da Cooperação Externa, no VI Governo provisório, até à Presidência da República, não esquecendo o reforço na presidência da Câmara Municipal de Lisboa com a UCCLA e ainda nos recentes e altos cargos que ultimamente exerceu, por mandato da ONU, esta marca distintiva esteve também presente", sublinhou.
“Nesta hora de dor, compete-me sublinhar em particular que essa dor, seguramente também extensiva aos homens e mulheres falantes do português, as relações que até ao final da sua vida o Sr. Dr. Jorge Sampaio teve com a UCCLA, registando ainda que era Presidente da República de Portugal quando em 1996 a própria CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] foi criada", acrescenta na mesma nota.
O secretário-geral da organização recorda que Jorge Sampaio foi Presidente da Comissão Executiva da UCCLA, no período compreendido entre 1989 e 1996, e sublinha ainda que, nessa qualidade, o antigo chefe de Estado português deixou "uma marca muito importante no aprofundamento das relações com os munícipes das cidades associadas da UCCLA, que a cada passo é invocada pelos mais altos responsáveis dessas cidades de língua portuguesa dos vários continentes".
Na qualidade de secretário-geral da UCCLA e em seu nome próprio Vitor Ramalho transmite os "mais profundos sentimentos de pesar" à família de Jorge Sampaio.
José Sócrates em "choque"
“Recebi com choque a notícia da morte de Jorge Sampaio, como todos aqueles que foram camaradas no PS e companheiros da sua longa carreira política. Tenho uma memória de Jorge Sampaio muito delicada, porque ele era uma pessoal encantadora do ponto de vista pessoal”, declarou o antigo líder do PS (2004/2011) e antigo primeiro-ministro (2005/2011).
José Sócrates referiu que teve um contacto político e institucional mais próximo no último ano em que Jorge Sampaio foi chefe de Estado e ele próprio estava no seu primeiro ano como líder de um executivo de maioria absoluta do PS.
“Tive a oportunidade de transformar aquilo que era uma relação de companheiro político numa relação institucional, da qual ficou uma grande admiração da minha parte por ele, sobretudo pelas suas características pessoais e por ser um homem de espírito. Se é possível identificar um traço político que sobressaia, destaco o seu profundo respeito às instituições democráticas”, defendeu o antigo primeiro-ministro.
Segundo José Sócrates, Jorge Sampaio mostrou-se sempre “muito preocupado e atento à preservação da reputação e do prestígio da institucionalidade democrática”.
“Foi sempre visto como um advogado que colocava acima de tudo os direitos individuais, os direitos constitucionais, aquilo que se chamam os direitos, liberdades e garantias. Foi fiel a isso durante toda a sua vida”, observou.
José Sócrates salientou depois a sua “simpatia e amizade” por Jorge Sampaio: “Um homem muito afável, muito bom companheiro, do qual fiquei amigo e do qual me fui lentamente tornando admirador”.
Liga dos Bombeiros manifesta condolências e adia inauguração da sede
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) manifestou hoje condolências pela morte do ex-Presidente da República Jorge Sampaio e anunciou o adiamento da inauguração da nova sede prevista para sábado.
“A LBP lembra e enaltece a figura do ex-Presidente da República Jorge Sampaio e as qualidades que demonstrou na sua vida pública, de compromisso ativo com a liberdade e com a democracia”, refere a Liga dos Bombeiros num comunicado, no qual apresenta “sentidas condolências” à família e ao PS.
A LPB recorda que Jorge Sampaio “deixa marca na sociedade portuguesa como cidadão empenhado, político e antigo supremo magistrado da nação pelas qualidades que evidenciou e demonstrou, reveladoras do seu caráter, sentimento verdadeiro em prol da liberdade, solidariedade e da democracia, tendo sempre ao longo do seu percurso de vida uma palavra de respeito e consideração pelos bombeiros portugueses”.
“A LBP associa-se ao luto pelo falecimento do ex-Presidente da República, manifestando assim a admiração e o respeito que é credor por parte de todos os bombeiros de Portugal”, frisa a Liga.
A Liga dos Bombeiros Portugueses indica ainda que, na sequência da morte de Jorge Sampaio, decidiu adiar a inauguração da nova sede, em Lisboa, prevista para sábado, sendo anunciada posteriormente nova data.
Associação Académica de Coimbra recorda papel como líder estudantil
O presidente da Associação Académica de Coimbra (AAC), João Assunção, lamentou hoje a morte do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, recordando o seu papel na crise académica de 1962.
“Mais do que um Presidente da República, foi um líder estudantil que teve uma importância fundamental na crise académica de 62 e que tem correlações óbvias e muito próximas com o movimento académica que havia em Coimbra”, afirmou à agência Lusa João Assunção.
O dirigente estudantil salientou que não se perde apenas “um político ou um ex-Presidente da República, mas um cidadão ativo de sempre, desde a sua juventude”.
Jorge Sampaio foi “um democrata convicto, um cidadão ativista como poucos existem, até à sua última manifestação pública que foi uma iniciativa para acolher jovens afegãos no país”, salientou.
“Foi um homem bom, um homem completo”, resumiu João Assunção.
Nas redes sociais, a Associação Académica de Coimbra lamentou a morte de Jorge Sampaio, fazendo também alusão ao seu papel fundamental na crise académica de 1962, durante o Estado Novo, que levou milhares de estudantes a exigir liberdade de associação e expressão.
“Fica um vazio, mas também um legado”, diz alta comissária para as Migrações
A alta comissária para as Migrações, Sónia Pereira, disse hoje à Lusa que a morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio deixa “um vazio, mas também um legado” na defesa dos direitos humanos em Portugal.
“Infelizmente, as pessoas desaparecem, mas a sua experiência e a forma como inspiraram as pessoas, umas próximas e outras menos, perduram sempre”, frisou.
Salientando a “enorme perda” para a sociedade portuguesa, Sónia Pereira afirmou que “é sempre importante podermos contar com estas vozes que não se calam contra as injustiças e contra as desigualdades, e que têm a capacidade de mobilizar pessoas e recursos para encontrar respostas”.
“E o Presidente Jorge Sampaio fazia isso sempre. Todo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pela Plataforma Global para os Estudantes Sírios reflete isso mesmo”, acrescentou.
Comunidade Israelita de Lisboa diz que “o país fica mais pobre”
A Comunidade Israelita de Lisboa considerou hoje que “o país fica mais pobre” com a morte do ex-Presidente da República Jorge Sampaio, destacando o “inestimável contributo” para a democracia em Portugal e a dedicação à causa pública.
“O país fica mais pobre. Um bom homem partiu”, refere a Comunidade Israelita de Lisboa (CIL), numa nota de pesar pela morte de Jorge Sampaio, avançando que “oportunamente, como tributo à amizade dedicada e ao legado de frutuosa colaboração “, vai prestar “a devida homenagem e reconhecimento públicos” ao ex-Presidente da República.
A CIL lamenta profundamente “o desaparecimento físico de Jorge Sampaio”, considerando-o “um grande homem e um grande português, cuja dedicação à causa pública e amor a Portugal o levaram, em dois mandatos consecutivos, a assumir as elevadas funções de Presidente da República”.
“Um cidadão exemplar, que, em todo o seu percurso de vida, ofereceu um inestimável contributo para a consolidação e afirmação da democracia no nosso país. Profundamente humanista e empático, Jorge Sampaio fez questão de, por duas vezes, nos seus dois mandatos como Presidente da República, visitar oficialmente a CIL. Foram visitas planeadas e preparadas com genuíno interesse”, refere a nota, assinada pela direção, realçando que “de forma próxima, interessada e atenciosa fez questão de se inteirar plenamente da vida e atividades da comunidade e dos seus membros”.
Conselho para os Refugiados recorda capacidade de inquietar e levar à ação
Numa nota publicada nas suas redes sociais, o CPR começa por lembrar a intervenção de Jorge Sampaio em 2014 no XII Congresso Internacional do CPR, onde apontou que fazia “falta um sobressalto cívico global”, referindo-se à sua iniciativa de criação da Plataforma Global de Assistência Académica de Emergência a Estudantes Sírios.
“Uma iniciativa entre várias que, ao longo da sua vida, souberam inquietar-nos e levar-nos à ação: em Timor-Leste, na Aliança das Civilizações, na luta contra a tuberculose”, refere o CPR.
Salienta também a dedicação de Jorge Sampaio aos direitos humanos e à transformação social para que, e citando o antigo presidente da República, “as disparidades sociais não se agravem ainda mais”, entendendo, por isso, o CPR que “apesar das crises, há margem para criar soluções inovadoras e criativas por parte da sociedade civil”.
Além de deixar condolências à família, o Conselho Português para os Refugiados garante que irá manter viva a ambição de Jorge Sampaio por um mundo melhor e recorda ainda algumas frases escritas pelo estadista como “a solidariedade não é facultativa, mas um dever”, ou “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade".
Artista Paula Rego “muito triste” com morte de amigo
A pintora Paula Rego manifestou-se hoje “muito triste" pela morte do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, com quem manteve uma relação pessoal há cerca de 50 anos e do qual pintou um retrato oficial.
“Adeus querido amigo”, escreveu a artista hoje na rede social Instagram, após serem conhecidas as notícias da morte de Sampaio esta manhã, acompanhando com uma fotografia dos dois datada de 2002 e com dedicatória do então chefe de Estado à “querida amiga”.
Em declarações à agência Lusa, Paula Rego disse estar “muito, muito triste”, recordando que a amizade remonta a antes do 25 de Abril, quando Sampaio foi seu advogado e a ajudou “durante uns tempos difíceis”.
“Eu admirava-o muitíssimo e ele vai fazer muita falta”, acrescentou.
Nações Unidas destacam trabalho como enviado especial e Alto Representante
António Guterres, secretário-geral da ONU, divulgou uma declaração à imprensa internacional que dá cobertura dos trabalhos das Nações Unidas, dizendo que se perdeu um “estadista extraordinário, lutador e defensor da democracia e da justiça social”.
Nas palavras do secretário-geral, Jorge Sampaio “foi um cidadão global dedicado, servindo como enviado especial da ONU para a luta contra a tuberculose [nomeado em 2006], bem como o primeiro Alto Representante da Aliança de Civilizações das Nações Unidas”, entre 2007 e 2013.
“Ele lançou as bases para a missão essencial desta iniciativa de construir pontes de diálogo e compreensão entre culturas e religiões. O seu legado de serviço à humanidade foi reconhecido de várias maneiras, inclusive como recetor do primeiro Prémio Nelson Mandela da ONU”, em 2015, acrescentou.
António Guterres declarou ainda ter sido “pessoalmente inspirado pela sua paixão e empenho em trazer estabilidade e prosperidade a Portugal”.
Advogados manifestam profundo pesar e recordam defensor dos presos políticos
O bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Luís Menezes Leitão, e o Conselho Geral da OA, manifestaram hoje o seu "mais profundo pesar" pela morte do antigo presidente da República Jorge Sampaio.
Em comunicado, a OA evoca o percurso do antigo chefe de Estado, recordando o seu papel, enquanto advogado, na denúncia da situação dos presos políticos os quais "defendeu ativamente no Tribunal Plenário de Lisboa".
Na mesma nota de pesar, o bastonário e o Conselho Geral sublinham ainda a "intensa carreira profissional que se estendeu por todos os ramos de Direito, tendo desempenhado igualmente funções diretivas na Ordem dos Advogados.
Mota Amaral diz que “há uma luz que se apaga” na política portuguesa
O antigo presidente da Assembleia da República Mota Amaral defendeu hoje que “há uma luz que se apaga” na política com a morte de Jorge Sampaio, um “entusiástico servidor de causas”, esperando que o seu exemplo tenha sempre seguidores.
“Com a morte de Jorge Sampaio há uma luz que se apaga, no quadro político português. Oxalá o seu exemplo de desapego de honrarias e de compromisso para ajudar os necessitados tenha sempre seguidores. Curvo-me perante a sua memória!”, pode ler-se numa nota de Mota Amaral (PSD) enviada à agência Lusa.
O antigo presidente do Governo Regional dos Açores associa-se ao luto da família de Jorge Sampaio, que considera que “foi durante toda a vida um entusiástico servidor de causas”.
“Do seu envolvimento, ainda aluno universitário, nas arriscadas tarefas das Associações de Estudantes, que a Ditadura então vigente perseguia de forma sistemática, passou a advogar em favor de presos políticos nos repugnantes Tribunais Plenários, criados para os condenar a duras penas”, elencou.
Com o 25 de Abril, recordou Mota Amaral, o antigo Presidente da República surgiu na primeira linha do Movimento da Esquerda Socialista e depois no PS, seguindo-se a Câmara Municipal de Lisboa e a Presidência da República.
“Admirei o desempenho presidencial de Jorge Sampaio, que pude seguir de perto enquanto fui Presidente da Assembleia da República. Mas talvez mais ainda o seu envolvimento dedicadíssimo em missões internacionais, confiadas pelo Secretário-Geral da ONU, após a sua saída do Palácio de Belém, de luta contra a tuberculose e em prol do diálogo entre civilizações”, elogiou.
Biógrafo destaca capacidade de diálogo
O jornalista José Pedro Castanheira, que escreveu a biografia do antigo Presidente da República Jorge Sampaio, recordou hoje a sua capacidade de diálogo, considerando que essa foi a "sua matriz" ao longo dos dois mandatos em Belém.
"Eu acho que foi fundamentalmente um homem de diálogo. Se houver uma palavra que melhor o define é o diálogo", afirmou, em declarações à agência Lusa.
O jornalista referiu que um dos exemplos dessa faceta do antigo chefe de Estado foi a coligação com o PCP para a Câmara de Lisboa nas eleições autárquicas de 1989, diálogo que abriu depois também à direita, com a celebração de um "acordo com os vereadores do CDS" e a abertura da "vereação da Câmara de Lisboa também ao CDS e ao PPM".
"E na Presidência da República essa sua conduta de diálogo permanente à esquerda e à direita passou a ser a sua regra essencial, a sua matriz em termos de magistratura presidencial", defendeu.
E "essa preocupação, essa linha dominante continuou a marcá-lo, a orientá-lo de forma vincadíssima quando deixou a Presidência da República, quando virou a página da política nacional e passou a exercer cargos internacionais", prosseguiu.
Também quando foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações "exerceu um papel de pregador permanente, tentando estabelecer consensos, entendimentos entre culturas e religiões muito diferentes".
José Pedro Castanheira destacou também a iniciativa de Jorge Sampaio ao fundar, em 2013, a Plataforma Global para os Estudantes Sírios, com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens sem acesso à educação.
"Melómano, homem de afetos e muito culto" que provocou o reencontro dos Trovante
O músico e compositor João Gil lamentou hoje a morte de Jorge Sampaio,”um melómano, homem de afetos e muito culto”, lembrando que foi o então Presidente da República que “provocou” o reencontro dos Trovante, em 1999.
“Jorge Sampaio era uma pessoa muito afetiva, um homem de afetos, um presidente, um melómano e um homem muito culto que fez toda a diferença, frisou João Gil em declarações à agência Lusa, numa reação à morte do antigo Presidente, hoje, aos 81 anos.
Lembrou ainda que foi Jorge Sampaio, então Presidente da República que “provocou” os Trovante – banda que fundara em 1976 com Luís Represas, João Nuno Represas e Manuel Faria e que foi dissolvida em 1991 – para um concerto, que viria a realizar-se em 1999, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa
Foi na altura das comemorações do 25º aniversário do 25 de Abril de 1974 que o Presidente Jorge Sampaio incitou o grupo a reunir-se, oito anos depois de se ter desagregado - para um concerto ao vivo, “movido pela causa de Timor-Leste, por que sempre se bateu”, contou João Gil.
O antigo Presidente da República Jorge Sampaio morreu hoje aos 81 anos, disse à agência Lusa fonte da família.
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