“Um motorista da Uber atropelou deliberadamente um profissional do táxi e no momento da fuga ainda chocou de frente com um carro de uma médica que vinha em sentido contrário. A violência do atropelamento partiu as duas pernas ao nosso colega que se encontra neste momento no Hospital Amadora-Sintra, estando o diagnóstico clínico sob reserva”, explica a Federação Portuguesa do Táxi (FPT), em comunicado assinado pelo presidente, Carlos Ramos.
Contactada pela Lusa, a Uber diz desconhecer a situação.
“A Uber não tem conhecimento deste incidente. Lamentamos e condenamos, como sempre temos feito, qualquer ato de violência independentemente de quem o pratica. Permanecemos sempre disponíveis para colaborar com todas as autoridades de forma a contribuir para a proteção da segurança pública”, refere a Uber Portugal, em resposta escrita enviada à agência Lusa.
Contactado pela Lusa, o presidente da FPT, Carlos Ramos, contou que “mais de 400 táxis estão parados desde as 18:00 e até cerca das 20:00 no Aeroporto de Lisboa, como forma de solidariedade para com o colega atropelado”, mas também para demonstrar a “revolta e indignação” perante a falta de atuação das autoridades face ao “transporte ilegal” da Uber.
Também em comunicado, a Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) afirma que tomou conhecimento de que um seu associado “foi violentamente colhido por um veículo ao serviço da Uber”.
No comunicado, o presidente da ANTRAL, Florêncio de Almeida, diz lamentar que esta situação aconteça depois de esta associação ter chamado “inúmeras vezes à atenção para o risco da atividade” destas plataformas e crítica a falta de atuação do regulador, Autoridade da Mobilidade e dos Transportes e dos tribunais para “mandar parar estes transportes ilegais”.
A FPT, por seu turno, acrescenta que, apesar de a polícia não confirmar, esta federação diz saber que o alegado motorista da Uber responsável pelo atropelamento “acabou detido na zona de Rio de Mouro, concelho de Sintra.
Esta federação sublinha ainda ter em sua posse “registos que identificam o veículo Uber no local do atropelamento, captados por profissionais do táxi na Praça da Misericórdia”, em Lisboa.
“A FPT responsabiliza politicamente o Governo por este violento acontecimento que se junta a muitos outros já vividos na capital, mas também no Porto (com pneus de táxis navalhados ou profissionais atingidos na cara com a espuma de extintores dos motoristas Uber)”, frisa a nota.
Para Carlos Ramos, é a “inação do Governo”, através do Ministério da Administração Interna, na fiscalização do transporte ilegal de passageiros e no cumprimento integral da lei 35/2016 “que está a alimentar uma crescente tensão social, explosiva”.
A agência Lusa contactou o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, que disse desconhecer a situação relatada pelas duas associações de táxis.
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