“A posição de Portugal é muito simples: nós esperamos que a situação em Cuba evolua de forma positiva e que sejam respeitados os direitos das pessoas, entre os quais, do nosso ponto de vista, se inclui o direito a manifestações e reuniões pacíficas”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa, em declarações à Lusa.
O chefe da diplomacia portuguesa manifestou o desejo de que “os problemas da natureza económica social e política tenham respostas e soluções políticas”, porque “essa é a melhor maneira de resolver os problemas”.
O ministro também abordou as sanções económicas impostas pelos EUA à ilha do Caribe e reafirmou críticas antigas.
“Portugal também, entende como muitos outros países no mundo, que o levantamento de sanções por parte dos Estados Unidos ajudaria bastante superar algumas das dificuldades económicas com que Cuba se confronta”.
O bloqueio económico norte-americano “não explica tudo, mas o regime de sanções é mais um elemento negativo, neste caso exógeno, com que a população cubana tem de lidar”.
Agastados com a crise económica, que agravou a escassez de alimentos e medicamentos e obrigou o governo a cortar a eletricidade durante várias horas por dia, milhares de cubanos saíram às ruas espontaneamente no domingo, em dezenas de cidades do país, aos gritos de “Temos fome”, “Liberdade” e “Abaixo a Ditadura”.
Trata-se de uma mobilização sem precedentes em Cuba onde as únicas reuniões autorizadas são geralmente as do Partido Comunista Cubano (PCC, partido único), tendo as forças de segurança procedido a dezenas de detenções e se envolvido em confrontos com manifestantes.
Até ao momento, as autoridades não divulgaram ainda um número oficial de detenções, mas existe uma lista provisória elaborada por ativistas locais que conta já com 65 nomes só em Havana.
Entre os detidos há personalidades conhecidas como o artista Luis Manuel Otero Alcántara, o dissidente moderado Manuel Cuesta Morúa ou o dramaturgo Yunior García Aguilera.
O Presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, exortou no domingo os seus apoiantes a saírem às ruas prontos para o “combate”, em resposta às manifestações que aconteceram contra o Governo em vários pontos do país.
Comentando também a situação sanitária no país, o ministro português mostrou-se preocupado e solidário.
“Em relação ao combate à epidemia, desejo que tudo corra pelo melhor em Cuba como em qualquer outro país do mundo”, disse, recordando que a luta contra a covid-19 tem sido um desafio muito grande para os governos de todo o mundo.
“É uma luta muito desigual que nós todos estamos a travar porque parece que o vírus anda mais depressa do que nós próprios na resposta”, pelo que deseja “a todos, e, portanto, também a Cuba, o melhor desempenho e o melhor sucesso no combate à pandemia”, acrescentou o ministro.
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