A propósito do relatório da comissão técnica independente sobre os incêndios de junho em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, divulgado hoje, Valdemar Alves afirmou que é preciso "deixar a caça às bruxas".
"Temos de nos preocupar em criar um novo tipo de prevenção e de combate a este tipo de incêndios, que têm características diferentes, caso contrário vai acontecer o que estamos a ver na Califórnia. Este tipo de fogos é resultado da ação humana, que levou às alterações climáticas", acrescentou o autarca, recentemente reeleito, agora como independente pela lista do PS.
O presidente da autarquia contesta uma das conclusões do relatório que aponta para a existência de falhas no comando do combate ao fogo e a ausência de medidas que "poderiam ter moderado" os seus efeitos.
Para Valdemar Alves, "desde a primeira hora que os comandos locais e depois o segundo CODIS [comandante distrital de operações de socorro de Leiria] responderam da melhor maneira".
"As características do incêndio é que foram bem diferentes", reforçou.
O autarca lembrou ainda que o incêndio começou numa aldeia e assumiu uma velocidade pouco comum.
"Todos fizeram o melhor que puderam. Todos os bombeiros, mesmo os mais jovens, são homens experientes habituados ao combate. Fala-se que não houve evacuação de aldeias, mas não morreu ninguém das pessoas que ficaram junto das suas casas a combater as chamas como podiam, com parcos meios. Esses foram os grandes heróis", sublinhou.
Valdemar Alves disse não ter dúvidas de que a tragédia se deveu "à força da natureza", pelo que é necessário "preparar o futuro com tranquilidade".
O presidente acrescentou que "as chamas foram embora, mas o inferno ficou".
"O que me preocupa agora é a chegada da chuva e o inverno, que irá acentuar a depressão das pessoas", afirmou.
Aceitando que a causa do incêndio se deveu a uma descarga elétrica, Valdemar Alves adiantou que não leu ainda o relatório e que o irá "analisar melhor".
A comissão técnica independente sobre os incêndios de junho em Pedrógão Grande concluiu hoje terem existido falhas no comando do combate ao fogo e faltaram medidas que "poderiam ter moderado" os seus efeitos.
"As medidas que deveriam ter sido tomadas, da responsabilidade do comando, e imediatamente a seguir ao início do incêndio, poderiam ter moderado os efeitos", afirmou o presidente da comissão, João Guerreiro, após ter entregado o relatório de 296 páginas ao presidente do parlamento, Ferro Rodrigues, e aos representantes dos grupos parlamentares, na Assembleia da República, em Lisboa.
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