“Não só respeito como admiro [o facto de Belmiro de Azevedo ter sempre demonstrado distância relativamente a políticos e governos]”, respondeu Pedro Passos Coelho aos jornalistas, esta tarde, no Porto, junto à igreja de Cristo Rei, onde prestou uma última homenagem, em nome do partido e em seu nome, ao empresário.

Segundo o líder do PSD, Belmiro de Azevedo “foi alguém que se destacou” no país, “não apenas por ser um grande empreendedor, um bom gestor, um empresário audacioso”, mas também porque “foi alguém que cultivou sempre valores importantes e que, não sendo absolutamente consensuais, são valores nos quais muitas pessoas se reveem e que são importantes na sociedade portuguesa”.

Passos Coelho apontou “o nível grande de exigência que [o empresário] colocava no que fazia”, bem como a “independência com que o fazia, valorizando sobretudo as condições de lealdade em que as economias devem funcionar e procurando reclamar do Estado, do poder político, um nível de isenção, de neutralidade que, sem excluir a regulação que é necessária, possa ajudar a dar mais verdade à iniciativa e ao mérito”.

“E nessa medida é alguém que adquiriu um estatuto muito relevante que será seguramente exemplo para muitas pessoas que estão na atividade económica e empresarial, mas também na atividade política e na sociedade”, vincou.

Para o social-democrata, “as pessoas devem ter tanto quanto possível essa independência, reclamar essa distância e exercê-la, com respeito pelos outros, como é evidente”.

“Mas é esse mesmo respeito que impõe a diversidade e a neutralidade”, disse, e “o facto de ter sido sempre alguém que falou com imensa liberdade sobre tudo isso merece ser tão respeitado quanto aqueles que do lado da política também falam e se sentem com essa liberdade relativamente ao mundo dos negócios e da economia”.

Passos Coelho disse ainda que se deslocou hoje ao velório de Belmiro de Azevedo, cuja missa de corpo presente tem início às 16:00, para também “transmitir à família” os “sinceros pêsames” e sublinhar o “enorme valor que o PSD atribui a toda a atividade desenvolvida" pelo empresário, “que foi realmente marcante”.

O empresário Belmiro de Azevedo morreu na quarta-feira aos 79 anos, depois de décadas ligado à Sonae, onde chegou há mais de 50 anos e que transformou num império com negócios em várias áreas e extensa atividade internacional.

Sem tolerância para a incompetência (“não aceito, nem por um nonagésimo de segundo, que alguém menos competente mande em mim – só na tropa, por obrigação, e na vida civil por decisão de órgãos de soberania”, disse citado numa biografia) e com afamada dedicação ao trabalho e a um estilo de vida “frugal”, Belmiro de Azevedo deixa três filhos, Nuno, Paulo e Cláudia, também relacionados com a Sonae, grupo de cuja presidência saiu formalmente em 30 de abril de 2015.