Os dois governantes, e também rivais, antecipam o regresso do magnata republicano como um período de mudança e turbulências.

Biden e Xi encontrar-se-ão após o encerramento do Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (Apec), criado em 1989 para promover o livre comércio e que Trump poderia enfraquecer com suas políticas protecionistas.

A aliança de 21 economias, que representam 60% do PIB global, encerrará o encontro anual e ainda não há uma declaração final dos países membros, que incluem Japão, Coreia do Sul, Canadá, Austrália, Indonésia e México.

O diálogo presencial entre Biden e seu homólogo chinês, previsto para começar às 16h00 locais, 21h00 em Lisboa, será o terceiro entre os líderes das duas maiores economias do planeta.

"É uma oportunidade importante para marcar o progresso que tivemos na relação", afirmou o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

Biden e Xi também participam da cúpula do G20 na próxima segunda e terça-feira no Rio de Janeiro.

 "Imprevisível"

Na véspera do encontro, Xi fez um alerta sobre o aumento do "unilateralismo e do protecionismo", assim como de uma maior "fragmentação da economia mundial".

O mundo está a entrar numa fase de "turbulência e transformação", disse o líder chinês.

No campo económico, as preocupações com o regresso de Trump concentram-se na ameaça de aumentar as tarifas sobre todas as exportações para os Estados Unidos, as da China para até 60% e as do México — principal parceiro comercial dos Estados Unidos — para 25%.

Durante o primeiro mandato (2017-2021), o republicano alimentou a guerra comercial entre as duas superpotências, que, no entanto, estabeleceram tréguas em janeiro de 2020.

Mas a escalada das tarifas sobre produtos chineses, como os microprocessadores, "não começou, nem vai terminar com Trump", disse à AFP o analista peruano de assuntos internacionais Farid Kahhat.

Há apenas um ano, Washington e Pequim flexibilizaram a relação durante a reunião da cimeira da Apec em San Francisco, depois de alcançarem acordos antidrogas e para melhorar a comunicação militar.

"Se se alcança um acordo com Biden, o presidente provavelmente cumprirá. O problema com Trump é que, como o próprio se orgulha, é imprevisível", afirma Kahhat.

Alianças para durar?

O próximo mandato do republicano também provoca dúvidas sobre as alianças dos Estados Unidos.

"Chegámos a um momento de mudança política significativa", disse Biden na sexta-feira no seu encontro com os líderes do Japão e da Coreia do Sul em Lima, no âmbito da Apec.

O presidente americano aspira blindar esta coligação para enfrentar a Coreia do Norte e a sua ameaça nuclear.

Anunciou que dotará a aliança de uma secretaria, com o objetivo de que cumpra a sua "esperança e expectativa" de que dure.

Ao mesmo tempo, fez um alerta sobre a "cooperação perigosa e destabilizadora" da Coreia do Norte com a Rússia.

Pyongyang apoia o governo de Vladimir Putin - ausente da cimeira da Apec - com tropas para lutar contra a Ucrânia.

Trump afirma que deseja acabar com as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, "não porque é um pacifista, ou acredita numa solução justa dos conflitos (...) e sim porque acredita que os Estados Unidos não devem dedicar mais recursos a elas", afirma o analista peruano.