A iniciativa está inserida no plano de ação do projeto “Bike Me” para este ano letivo e vem na sequência do que “a escola tem vindo a fazer na mudança de paradigma na mobilidade”, afirmou à Lusa Francisco Soares, diretor do Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa.
‘Bikes aos pedaços’ é uma das linhas de um plano que incluiu a criação de uma oficina de reparação e manutenção e cujo primeiro conjunto de ferramentas foi “gentilmente oferecido pela Federação Portuguesa de Cicloturismo”, destaca o responsável. Um dos objetivos desta recolha e recuperação é a disponibilização de bicicletas para a comunidade escolar e “pelas seis escolas do 1.º ciclo”.
A escola tem já um historial de intervenção na área do ambiente e mobilidade e desde janeiro de 2019 que seduz os alunos a deslocarem-se de bicicleta, oferecendo um lanche extra, “com um sumo de laranja algarvia e uma sandes”, explica o diretor.
A medida levou a que mais de 20 alunos optassem pelas duas rodas na deslocação entre a casa e a escola, como é o caso de Johnny Coelho, aluno do 12.º ano, que passou a demorar apenas “cinco minutos num trajeto que levava habitualmente 20 minutos a pé”, além de fazer “algum exercício logo de manhã”. Só os dias de chuva fazem com que o caminho volte a ser “feito a pé”.
A escola está envolvida em diversos projetos europeus levando os alunos a várias cidades que “têm a bicicleta como veículo de transporte de eleição”. Francisco Soares sublinha que “Amesterdão era como Portugal já há 40 anos atrás. É preciso mudar as mentalidades!”
O mentor do projeto considera que o número de alunos que aderiu à iniciativa ainda “não é muito elevado”, numa a comparação que faz, tendo como base escolas finlandesas ou alemãs, onde é possível ver ”várias dezenas de bicicletas” à porta da escola. Algo está a mudar, “mas ainda estamos no início”, afirma.
Os professores estão também a alterar os hábitos e, este ano, na reunião geral que juntou as nove escolas do agrupamento, houve “um número considerável de professores que foram de bicicleta”, afirma o responsável.
António Caetano, professor de matemática nesta escola, reativou “um antigo hábito de juventude” e há 18 anos que percorre diariamente, em duas rodas, os 11 quilómetros que separam a sua casa, em Olhão, até à escola, em Faro.
Com 66 anos de idade, revela que a realidade de tráfego é bem diferente de outros tempos, mas, apesar de percorrer grande parte do caminho na EN 125, a sua maior preocupação é dentro da cidade, onde é “bem mais difícil circular”, alerta o professor.
Recorda que Faro já teve, “há uns 50 anos” uma via reservada para bicicletas, na entrada da cidade - simular à que “pode ser encontrada em Beja” -, uma realidade que gostaria de ver implementada nos dias de hoje, mesmo que fosse “em faixas partilhadas por bicicletas e carros.”
Também Johnny Coelho confessa “existir sempre algum perigo, por não haver ciclovias” afirmando que toma “especial cuidado” com os carros, principalmente de manhã”.
Francisco Soares participou na apresentação da Semana da Mobilidade em Faro, na segunda-feira, destacando que há medidas a serem tomadas pela autarquia, com a “construção de ciclovias e a redução de velocidade em alguns zonas da cidade, o que vem ajudar neste nosso caminho”.
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