“Aquilo que se pede é que a política relativamente ao Governo de Israel seja a mesma política que o mundo teve contra o apartheid da África do Sul, que é um boicote, sanções, para obrigar Israel a cumprir a lei internacional”, afirmou hoje a líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, no início de uma manifestação pró-Palestina, em Lisboa, convocada por mais de 30 movimentos sociais.
Portugal, sustentou, “tem o dever de reconhecer o Estado palestiniano, tem o dever de respeitar as intenções de autodeterminação do povo palestiniano e deve fazê-lo autonomamente, sem hipocrisias”.
O executivo português, continuou, “deve também pressionar Israel para que trave este massacre, este atentado aos direitos humanos e esta política de genocídio”.
No mesmo sentido, o deputado comunista Bruno Dias defendeu que Portugal “pode e deve ser mais assertivo em relação à questão da Palestina na exigência de paz e de um cessar-fogo e no reconhecimento do Estado palestiniano”.
O eleito do PCP instou o Governo português a ter uma “atitude consequente, corajosa e firme” e a mostrar “solidariedade para com um povo que está a sofrer uma ocupação há mais de 75 anos e que neste momento está a sofrer um massacre e uma agressão de que não há memória e que é preciso travar”.
Portugal “defende a solução dos dois Estados, Palestina e Israel vivendo lado a lado em paz e segurança, mas isso exige que se reconheça o Estado da Palestina e ainda continua por fazer”, lamentou Bruno Dias, que também se juntou à manifestação.
O Governo português, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, já afirmou que o reconhecimento do Estado da Palestina, já recomendado pela Assembleia da República, “deve acontecer”, mas em coordenação com “alguns parceiros próximos” e num “momento com consequência para a paz”.
Para Philip Baverstock, da concelhia de Lisboa do partido Pessoas – Animais – Natureza (PAN), o executivo “podia fazer muito mais”.
“O Governo esteve muito lento a agir e a reconhecer, de facto, a violação dos direitos humanos das pessoas que estão em Gaza e a conseguir contribuir de forma mais ativa para que a ajuda chegue às pessoas que mais precisam”, referiu à Lusa.
Para o PAN, está em causa “uma guerra completamente injusta e ilegal” que sujeita a população de Gaza a “um perfeito genocídio e violação dos direitos humanos”.
Segundo a organização, entre três a quatro mil pessoas juntaram-se ao protesto de hoje em Lisboa, que foi convocado também no Porto, Braga e Angra do Heroísmo.
Mais de 28.000 pessoas morreram na Faixa de Gaza, segundo o Hamas, em sequência dos ataques das forças de Israel, que declararam guerra ao movimento islamita palestiniano, após o atentado que este realizou em território israelita, em 07 de outubro passado, fazendo mais de 1.100 mortos e cerca de 250 reféns.
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