Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, Bolieiro foi presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada entre 2012 e fevereiro deste ano, quando abandonou o cargo para se concentrar a 100% na liderança do PSD/Açores e nas legislativas regionais do passado mês de outubro.
Tido pelos próximos como um homem de consensos, José Manuel Bolieiro começou a sua carreira política em 1989, quando foi adjunto do subsecretário regional da Comunicação Social, cargo que desempenhou até 1995, antes de passar a assessor jurídico do presidente do Governo dos Açores (1996), no final do mandato de Mota Amaral e durante o curto período em que governou Madruga da Costa.
Em 1998, Bolieiro chega a deputado à Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, onde esteve até 2009 e onde exerceu as funções de presidente do grupo parlamentar do PSD e de presidente da Comissão Permanente de Política Geral.
Foi ainda presidente da Assembleia Municipal de Povoação (2002-2009) e vice-presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada (2009-2012), antes de subir à cadeira maior da autarquia.
Em entrevista à agência Lusa antes do sufrágio de outubro, Bolieiro havia defendido não ter concorrido a deputado em 2020 - e putativo presidente do governo açoriano - "por uma questão de ambição pessoal".
"Saí de uma zona de conforto para cumprir uma missão", disse, sustentando que, quando assumiu o mais recente mandato na maior autarquia açoriana, estava "longe de assumir" a intenção de concorrer às regionais deste ano.
"As circunstâncias é que se alteraram", insistiu.
José Manuel Bolieiro, que foi vice-presidente de Rui Rio na direção nacional do PSD, foi eleito em dezembro de 2019 líder do PSD/Açores, eleição para a qual era o único candidato.
O social-democrata sucedeu no cargo a Alexandre Gaudêncio, alvo de uma investigação da Polícia Judiciária por suspeita de violação de regras de contratação pública, de urbanismo e ordenamento do território enquanto presidente da Câmara da Ribeira Grande.
Na sua direção regional, Bolieiro conta com Pedro Nascimento Cabral, Mónica Seidi, José António Garcia, José António Soares e Cristina Abrantes como vice-presidentes. O jovem Luís Pereira transitou da JSD para secretário-geral da estrutura.
Outros dirigentes próximos são José Andrade, responsável pelo gabinete de estudos e antigo chefe de gabinete na autarquia de Ponta Delgada, ou Paulo Nascimento Cabral, que coordenou a recente campanha eleitoral. Também a antiga eurodeputada Sofia Ribeiro é próxima do líder, tendo concorrido em terceiro lugar pela ilha de São Miguel.
Em 25 de outubro, o PS venceu as eleições legislativas regionais dos Açores, mas perdeu a maioria absoluta, que detinha há 20 anos, elegendo apenas 25 deputados. Vasco Cordeiro, presidente do Governo dos Açores desde 2012, falou nessa noite numa vitória "clara" e "inequívoca" do PS, embora num quadro parlamentar "desafiante".
O PSD foi a segunda força política mais votada, com 21 deputados, seguindo-se o CDS-PP com três. Chega, BE e PPM elegeram dois deputados e Iniciativa Liberal (IL) e PAN um cada.
PSD, CDS-PP e PPM, que juntos têm 26 deputados, anunciaram esta semana uma coligação, mas necessitam de mais três mandatos para alcançar uma maioria absoluta. Ao final da manhã de hoje, após ser recebido pelo representante da República, o líder regional dos sociais-democratas disse que já existem acordos com Chega e IL.
De acordo com o Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores, cabe ao representante da República nomear o presidente do Governo Regional "tendo em conta os resultados das eleições", mas só depois de ouvir os partidos políticos representados no parlamento.
No final das audiências com os partidos políticos, o representante da República, Pedro Catarino, indigitou o líder do PSD/Açores presidente do Governo Regional, na sequência das eleições de 25 de outubro.
O anúncio foi feito por Pedro Catarino em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
A Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores integra 57 deputados e terá pela primeira vez oito forças políticas representadas.
A instalação da Assembleia Legislativa está marcada para 16 de novembro. Habitualmente, o Governo Regional toma posse, perante o parlamento, no dia seguinte.
Comentários