Boris Johnson pronunciou-se hoje sobre o bombardeamento de uma creche na região de Donbas, na Ucrânia, que terá sido feito por separatistas apoiados pela Rússia, como uma "operação de bandeira falsa". De acordo com o primeiro-ministro britânico, a ação foi destinada a desacreditar o Governo ucraniano, avança o The Guardian.

A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) adiantou terem ocorrido “vários incidentes de bombardeamento” na manhã desta quinta-feira ao longo da fronteira, na zona este da Ucrânia.

Um relatório hoje publicado pela organização dá conta de cinco explosões em Donetsk (num total de 17 violações ao cessar-fogo) e 71 e Luhansk (num total de 129 violações ao cessar-fogo) no dia 15 de fevereiro. Apesar de ser um número elevado, está em linha com o número de violações ao cessar-fogo registadas nestes locais nas últimas semanas.

O ataque à cidade de Stanytsia Luhanska fez um buraco na parede do jardim de infância número 21. Na sequência do incidente, três pessoas ficaram feridas.

Numa visita a uma companhia aérea, o primeiro-ministro britânico afirmou ter a “certeza” de que o bombardeamento foi uma “operação de bandeira falsa destinada a desacreditar os ucranianos, com vista a criar um pretexto, uma provocação para a ação da Rússia”. Acrescenta: "Tememos muito que este seja o tipo de coisa que veremos mais nos próximos dias”. 

Um incidente de "falsa bandeira" é aquele no qual a origem está disfarçada, regra geral, numa tentativa de provocar represálias. Por exemplo, para o coronel condecorado Matos Gomes, “bandeira falsa são operações conduzidas por governos, corporações, indivíduos ou organizações que aparentam ser realizadas pelo inimigo, de modo a tirar partido das consequências resultantes”, como escreve num texto de opinião publicado pela Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA).   

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, já tinha dito que os bombardeamentos do outro lado da fronteira indicavam que Moscovo estava a realizar "operações de bandeira falsa", embora não apontasse especificamente para o bombardeamento do jardim de infância, escreve o jornal britânico “The Guardian”.

Boris Johnson sublinhou que ainda há tempo para o regime de Putin recuar e que ainda é possível “evitar uma catástrofe para a Rússia, para a Ucrânia e para o mundo”.

"Não acho que as pessoas devam contar com uma situação simples de se resolver”, continua. Johnson acredita que o conflito se pode tornar “sangrento e prolongado”. Com muitas “baixas, incluindo baixas russas” – conclui.   

 Boris Johnson anunciou que irá viajar para Munique para a conferência de segurança europeia no próximo fim-de-semana, "para falar sobre o que vamos fazer para unificar o Ocidente".

O Ocidente e Kiev receiam que Moscovo utilize um incidente entre os separatistas e as forças ucranianas a leste como justificação para uma invasão. A Rússia, por sua vez, acusa a Ucrânia de tentar provocar uma escalada do conflito nesta região para tentar recuperar terreno.

Desde 2015 que o cessar-fogo trouxe maior acalmia ao conflito separatista no leste da Ucrânia, apesar da OSCE reportar dezenas de violações todos os dias, que causam vítimas mortais todos os meses.U

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