“Esperamos ter o contrato em junho. Iremos enviar para Tribunal de Contas, num processo que esperamos que possa decorrer em dois meses. Depois, temos um prazo mínimo de projeto de sete meses, ou seja, até março. A perspetiva é lançar obra em abril de 2019 com prazo previsto de dois anos”, revelou o independente Rui Moreira.

Na reunião camarária pública em que apresentou o projeto à vereação, o autarca acrescentou estar em causa “um investimento total 40 de milhões de euros, dos quais 36 milhões” serão para a “obra prevista”.

A Câmara do Porto revelou na terça-feira que a reconversão do Matadouro foi adjudicada à Mota Engil, sendo o projeto de arquitetura da responsabilidade do japonês Kengo Kuma, acrescentando estar prevista “uma grande cobertura” que vai unir o antigo edifício a um novo imóvel, bem como uma passagem pedonal por cima da Via de Cintura Interna (VCI).

Na sessão camarária de hoje, Rui Moreira agradeceu “o envolvimento do arquiteto Jorge Garcia Pereira” no que a autarquia entendeu como “mais importante” no processo, ou seja, a “preparação do programa” do concurso.

“Este foi um processo iniciado com o vereador [da Cultura] Paulo Cunha e Silva [entretanto falecido], com a colaboração de muita gente. Devo salientar também a importância da Junta de Freguesia de Campanhã. A feitura de programa pretendia juntar vários vetores, ligando a cultura, a sustentabilidade social e a economia”, descreveu Moreira.

Segundo o autarca, “o grande desafio era pegar num equipamento afundado pela cidade e pela construção da VCI [Via de Cintura Interna] e colocá-lo à superfície”.

“Ainda se pensou num parque de estacionamento mas concluiu-se ser mais prático ter uma rua coberta de ligação aos transportes públicos [nomeadamente à estação de metro do Dragão]. Este pensamento estratégico foi sendo consolidado ao longo de muito tempo”, acrescentou.

O vereador do PS Manuel Pizarro elogiou o cumprimento de “um programa essencial para a cidade do Porto no seu conjunto mas também de um projeto âncora de promoção de desenvolvimento da zona oriental”.

“Desde há muitos anos que olho para o matadouro como uma gigantesca oportunidade. Finalmente vai ver a luz do dia”, observou.

“A ligação à estação de metro, ao estádio do Dragão e ao centro comercial são essenciais e são sinal de modernidade”, acrescentou, agradecendo “à equipa do arquiteto Jorge Garcia Pereira, que já trabalhou no projeto”, afirmou o socialista.

Pizarro defendeu que a intervenção no Matadouro constitui ainda uma “oportunidade para a Câmara olhar para toda aquela zona e criar um programa global de reformulação”, designadamente nas zonas de São Roque e Corujeira.

Para a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, “não basta ter um bonito projeto arquitetónico”.

“É preciso ver como tudo isto vai ser concretizado. É com expectativa que encaro estes desafios aqui lançados”, observou.

A vereadora notou estar em causa uma “zona da cidade profundamente carenciada” e “toda uma envolvente pública e privada que precisa de ter uma grande atenção da autarquia”.

O concurso de concessão que a câmara lançou em agosto do ano passado contou com três concorrentes e indicava “a reconversão integral do complexo, mantendo a sua memória histórica e natureza arquitetónica, em espaços empresariais diversificados e polivalentes”.

De acordo com a informação divulgada pela autarquia na terça-feira, o projeto escolhido, com investimento "inteiramente privado", prevê “áreas para a instalação de empresas”, mas também para museus (o Museu da Indústria ficará lá sediado), “reservas de arte, auditórios, espaços expositivos e equipamentos sociais”.