“A expansão da NATO, embora apareça como uma solução imediata a quem se sente muitas vezes pressionado pelo conflito – e desse ponto de vista ninguém fez tanto pela NATO como Putin e como esta guerra -, na verdade, não dá mais segurança à Europa a longo prazo nem permite à Europa autonomia para os seus projetos fundamentais”, considerou, à margem de um encontro com moradores do Casal do Gil, em Lisboa.

Questionada pelos jornalistas sobre a eventual adesão da Suécia e da Finlândia à NATO na sequência da invasão da Rússia pela Ucrânia, Catarina Martins defendeu que o alargamento da NATO “não é a solução” e pediu coragem para que a Europa possa “ter uma autonomia” que garanta paz, segurança e “objetivos estratégicos tão fundamentais na energia, que é também boa parte do que está em disputa nesta guerra”.

Rejeitando “o imperialismo de Putin e a invasão” e exigindo “um cessar-fogo e a retirada imediata das tropas da Rússia da Ucrânia”, a líder do BE argumentou que “a NATO foi também muitas vezes agressora na própria Europa”.

“E quem não se lembrar, a Jugoslávia é um exemplo de bombardeamento da própria NATO no centro da Europa e lembro também que há aqui uma pressão, nomeadamente dos Estados Unidos, geoestratégica, de interesses, sobre a energia que contraria todos os esforços que a Europa tem feito ou tem dito querer fazer nomeadamente sobre a energia e sobre a emergência climática”, criticou.

A Finlândia e a Suécia deram no domingo novos passos em direção a uma eventual adesão à NATO, cujos ministros dos Negócios Estrangeiros, reunidos em Berlim, prometeram continuar a ajudar a Ucrânia enquanto for necessário.

É expectável que o parlamento finlandês aprove esta decisão nos próximos dias e que o pedido formal de adesão seja submetido à sede deste organismo, em Bruxelas, durante a próxima semana.

Horas depois, em Estocolmo, o Partido Social Democrata sueco, no poder, aprovou uma candidatura da Suécia à NATO, abrindo caminho a um pedido de adesão pelo Governo.

Após a aprovação, a primeira-ministra sueca, Magdalena Andersson, disse que a proposta conjunta da NATO com a Finlândia é “melhor” solução para a segurança do seu país.

Andersson levará a proposta ao Parlamento na segunda-feira, onde deverá ser aprovada por maioria, pois a direita já defendia a adesão e a extrema-direita é também favorável, desde que a Suécia entre na NATO juntamente com a Finlândia.

A inversão na histórica posição de não alinhamento dos dois países escandinavos surge na sequência da invasão da Ucrânia por Moscovo em 24 de fevereiro, que fez mudar a opinião pública e política na Finlândia e na Suécia.