“Ainda acredito em milagres e estou esperançado que [o centro] não fecha. Que prevaleça o bom senso do presidente Rui Moreira e do vereador Fernando Paulo”, disse aos jornalistas Paulo Pegado, presidente da Assembleia Geral daquela associação, criada há 40 anos.

A Câmara do Porto enviou recentemente à coletividade uma ordem de despejo do pavilhão pré-fabricado no bairro, a concretizar até ao próximo dia 31.

Segundo Paulo Pegado, a autarquia já garantiu que “arranja um novo sítio” para o centro e para os treinos de boxe que ali há, contudo, “não permite ter bar" e sem receitas "não há como garantir" o funcionamento do centro.

Atualmente, admitiu Paulo Pegado, o centro é “um espaço de lazer” para a comunidade residente do bairro, designadamente os mais idosos, que ali “passam as tardes e lancham, por 50 cêntimos”, além de ser um local de treinos de boxe, que conta com cerca de 30 alunos, dos cinco aos 45 anos.

Contactada na sexta-feira pela Lusa, a Câmara do Porto indicou que o centro “deixou há muito de cumprir os princípios subjacentes à sua criação enquanto Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), nomeadamente no que diz respeito ao funcionamento de um ATL e de um centro de convívio para idosos”, sendo que “agora apenas funciona como bar”.

Segundo a autarquia, por deixar de cumprir os princípios subjacentes à sua criação, “o centro viu retirado, pela Segurança Social, o estatuto de IPSS e o respetivo acordo de financiamento para as atividades que se propunha desenvolver”.

Explica ainda que “tem monitorizado” o centro, “disponibilizando todo o apoio para resolver situações pontuais de encaminhamento de utentes”, sendo que “pela própria direção foi apenas identificado um atleta de boxe”.

Para além da demolição do centro, a câmara irá também proceder “à recuperação dos espaços exteriores circundantes, na senda do investimento que o município tem realizado na criação de um contínuo urbano, que não diferencie os bairros sociais do resto da cidade”.

Paulo Pegado afirmou que a ideia da autarquia é “demolir o pré-fabricado para construir um parque de estacionamento” de apoio ao centro de saúde - em construção – que na zona vai abrir.

O responsável pede ainda à Câmara do Porto um tratamento igual ao que é dado a outras associações semelhantes, questionando mesmo: “Qual é a coletividade do Porto que não tem bar?”.

Paulo Pegado disse não ter sequer local para, no espaço de uma semana, colocar todo o material que tem dentro do pré-fabricado.

Idalina Silva, de 86 anos, Fernanda Santos, de 84 anos, e Elvira Guedes, de 75 anos, afirmaram à Lusa estar no centro “todos os dias, a passar a tarde”, desde “há muitos anos”, a jogar 2dominó, cartas ou a fazer renda”.

Não podemos sair daqui. Temos que ficar aqui”, disse Idalina, acrescentando que num outro local terão que pagar e não têm recursos para tal.

A CDU já apresentou na quinta-feira um requerimento ao presidente da autarquia, o independente Rui Moreira, a defender a anulação da ordem de despejo e a criação de apoios à instituição.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.