“Estou a imaginar entre 37 mil, 38 mil [peregrinos a pé]. Como máximo 40 mil”, disse, em entrevista à agência Lusa, o padre Manuel Antunes, assistente espiritual do movimento.
Segundo Manuel Antunes, a maioria dos fiéis que faz a caminhada a pé até Fátima — 60% – são mulheres e destacou a presença de “muitos jovens”.
“É um fenómeno que estamos agora a perceber, que os jovens começam a entrar um pouco nesta peregrinação a pé”, afirmou o sacerdote.
O responsável admitiu que se está a passar “o contrário daquilo que imaginava, que quando acabasse esta geração mais antiga que as peregrinações a pé iriam diminuir ou acabar, pelo menos o interesse”.
Questionado sobre as motivações que levam as pessoas a peregrinar a pé, Manuel Antunes informou que, num questionário feito há três anos, 60% dos inquiridos apontava o cumprimento de promessas, sendo que mais de 30% indicava outras razões, como pedir uma graça ou fazer penitência.
“Há uma percentagem muito mínima que vem com espírito de turista, não são muitos”, esclareceu, reconhecendo, contudo, que “alguns vêm por curiosidade, para ver, para passear” e até para fazer desporto, “mas isso é um mínimo de pessoas”.
De acordo com o responsável, atualmente o cumprimento de promessas está a diminuir entre as motivações da deslocação a pé a Fátima, mas, por outro lado, nota que “os peregrinos que vêm em grupo começam a distanciar-se uns dos outros”, vendo-se “uma caminhada isolada em determinados momentos da peregrinação”.
“Quer dizer que eles [peregrinos] querem vir sozinhos, talvez com um espírito um bocadinho mais de interiorização, de contemplação e por espiritualidade pessoal”, observou, reforçando que isto se nota cada vez mais.
O assistente espiritual do Movimento da Mensagem de Fátima assumiu, ainda, haver descrentes entre quem faça a caminhada a pé até Fátima.
“Vêm alguns descrentes, descrentes neste sentido, sem uma vivência cristã normal”, declarou, frisando que “vêm pelo amor que têm a Nossa Senhora, por alguma coisa que lhe toque interiormente”.
À pergunta se não é um contrassenso quem procura fazer uma caminhada espiritual escolher estradas nacionais ao invés de vias rurais com menor tráfego rodoviário, o sacerdote reconheceu que as primeiras distraem muito e absorvem muitas energias para os peregrinos “se poderem concentrar e rezar”, mas assinalou que “ainda não têm confiança” nos caminhos alternativos.
A este propósito acrescentou que “outras vezes, nesses caminhos, por enquanto, não têm um café, uma possibilidade de adquirir alguma coisa que precisem para a viagem”.
Ainda assim, o sacerdote declarou-se convencido de que, desde que ofereçam condições, a opção dos peregrinos no futuro serão essas alternativas, assinalando que alguns desses caminhos já dispõem de condições.
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