Numa intervenção no debate sobre o aumento do custo de vida na Comissão Permanente da Assembleia da República, o presidente do Chega começou por criticar a ausência do ministro das Finanças, considerando que Fernando Medina não quer “enfrentar o embuste de orçamento e o pacote” que o Governo apresentou.

As medidas, na opinião do líder do Chega, constituem “austeridade escondida”.

André Ventura considerou que o Governo “arrecadou no último ano 12 mil milhões em IRS, com IRC 7 mil milhões, com IVA 11,5 mil milhões e até com o infame ISP arrecadou 1,8 mil milhões”, e comparou com as medidas anunciadas, que estão orçamentadas em 4 mil milhões de euros, acusando o Governo de “roubo”.

“Diz o Governo que apesar deste roubo escondido vai dar aos pensionistas um grande aumento. É ou não verdade que foi alterada a fórmula de calculo das pensões, é ou não verdade que o que o Governo está a dar em pensões é uma mera antecipação do que teremos no próximo ano? É ou não verdade que os pensionistas arriscam perder por ano 600 euros a partir de 2024?”, questionou.

E considerou que o Governo “mentiu a Portugal quando disse que ia aumentar pensões ou salvaguardar rendimentos”.

Quanto à descida do IVA da eletricidade de 13% para 6%, André Ventura mostrou uma fatura de uma “pessoa que vive sozinha, num mês de férias em que 12 dias não esteve em casa”, e afirmou que, segundo a sua simulação, essa pessoa só irá poupar “um euro”.

O líder do deputado do Chega defendeu também a descida do IVA dos combustíveis e considerou que o Governo “não é capaz de ajudar os portugueses no momento mais difícil das suas vidas”.

Na intervenção seguinte, a deputada Carla Castro, da Iniciativa Liberal, afirmou que “o Governo fez este ano um aumento encapotado de impostos a todos os portugueses com a inflação”, considerando que “a inflação é também ela um imposto escondido”.

“Custo de vida está caro? Está. Há maneira de resolver? Há, diminuindo impostos”, defendeu, apontando que “desde logo os impostos indiretos que mais afetam proporcionalmente quem menos ganha”, como IVA e ISP, mas “também sobre o rendimento”.

A deputada criticou as “receitas excessivas de impostos”, apontando que o Governo está “viciadíssimo em impostos”.

Concretizando, a deputada indicou que “Portugal já pratica a segunda mais alta taxa de impostos sobre grandes empresas na União Europeia” e, no que toca ao rendimento, alegou que “para iguais níveis de rendimento, Portugal é dos países da União Europeia que mais castiga os salários com impostos”.

Carla Castro defendeu também que as “receitas extraordinárias da inflação estariam melhor nas empresas e nas famílias”.

“Não podermos persistir em politicas e ações erradas e achar que no final vai correr tudo bem”, alertou.

A deputada da IL atirou ainda ao PCP, que marcou este debate, afirmando que “é sempre estranho ouvir o PCP falar de desigualdade”, justificando que “em todas as experiências que partidos comunistas chegaram ao poder, a melhor igualdade que conseguiram foi na pobreza”, recusando “nivelamento por baixo”.