O autor de “Construção”, uma das canções mais representativas da música de protesto da América Latina e cujo lançamento completa 50 anos, concluiu o seu primeiro livro de contos e já o entregou à editora Companhia das Letras.
A informação foi divulgada nesta quinta-feira por um colunista do jornal Folha de São Paulo e confirmada à agência Efe pela Companhia das Letras, que esclareceu que por enquanto não divulgará mais detalhes, mas que em breve publicará uma primeira resenha.
“Os anos de chumbo” é uma referência no Brasil à repressão sofrida por opositores da ditadura que vigorou no país entre 1964 e 1985 e que obrigou Buarque, de 77 anos, ao exílio e o tornou alvo da censura.
Francisco Buarque de Hollanda, um dos mais populares cantores e compositores do Brasil, com mais de 17 álbuns gravados e uma carreira musical de mais de cinco décadas, também se destacou no mundo das letras como escritor de romances, poesias e obras de teatro, que o tornaram vencedor do Prémio Camões em 2019, principal prémio de literatura em língua portuguesa.
No seu último romance, “Essa Gente”, lançado em novembro de 2019 e com claras referências autobiográficas, Buarque retrata a vida de um escritor fictício e decadente que enfrenta uma grave crise criativa, financeira e emocional no meio de um Rio de Janeiro que também colapsa.
O músico, compositor e escritor brasileiro estreou-se como romancista em 1974 com a “Fazenda Modelo” e ganhou três vezes o Prémio Jabuti, outro dos mais representativos prémios da literatura portuguesa, pelas suas obras “Estorvo” (1991), “Budapeste” (2004) e “Leite derramado” (2010).
“O irmão alemão” (2014) foi o quinto romance de Buarque, famoso mundialmente por canções como “Construção”, “A Banda”, “Cálice” e “Apesar de Você”, que fizeram estremecer a ditadura brasileira.
Antes da sua incursão no romance, Buarque publicou livros infantis, poesia e até musicais infantis. O seu primeiro livro publicado foi “Ulisses”, lançado em 1966, mas até então não havia lançado uma coleção de contos.
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