Em entrevista telefónica à agência Lusa, o bispo auxiliar do Porto e reitor do Seminário Maior, Vitorino Soares, explicou que o projeto da hospedaria monástica prevê “55 quartos” decorados com “alguma austeridade”, aproveitando objetos de arte sacra do museu, e o ambiente que será ali vivido terá um “clima religioso” e vistas privilegiadas para o rio Douro.

“Será um espaço diferente, totalmente autónomo do seminário”, garantiu o bispo auxiliar do Porto, reconhecendo que será um espaço perfeito para quem “quiser descansar” e respirar um “ambiente de silêncio” e, sobretudo, para quem quiser “usufruir da situação geográfica e paisagísticas das vistas para o Douro”.

A futura hospedaria vai estar aberta a todos os turistas que também queiram ter uma experiência especial, a de poder de viver ao lado de uma comunidade religiosa.

A unidade hoteleira, num futuro e caso seja necessário, pode mesmo servir para o próprio seminário, caso haja muitos alunos.

Albergar peregrinos do Caminho de Santiago — embora não vá ser um albergue – pode ser outra opção, explica, alertando que o espaço não vai ser como uma hospedaria monástica típica do antigamente, onde se participava na vida comunitária e onde se podia participar da oração.

“Trata-se apenas de poder partilhar um espaço, um ambiente onde se pode respirar exatamente esse clima religioso”, observa Vitorino Soares.

Estima-se que a obra esteja pronta entre 2027 e 2028, se não existirem “imprevistos” durante os trabalhos.

“Prevemos neste primeiro ano fazer os projetos da especialidade e adquirir a licença de construção. Fazer a arrumação da casa e de alguns arquivos que é necessário retirar para poder efetuar as obras. O plano que temos é um ano para preparar a casa, e quatro a cinco anos para a sua construção. É o que temos como previsão”, declarou.

A previsão dos custos para a construção da hospedaria e para realizar as obras de reabilitação do Seminário Maior vão rondar os “10 milhões de euros”, esclarece.

“Estamos a falar de três milhões para a recuperação e requalificação do Seminário, e de sete milhões de euros para a obra de raiz para a hospedaria monástica”, concretizou.

O Seminário Maior do Porto, próximo da Catedral e próximo do Paço Episcopal, é um edifício com mais de 400 anos e as últimas obras de vulto foram há 200 anos.

“O edifício exigia obras de conservação e segurança que não poderíamos adiar e obras”, explicou, recordando que os quartos dos seminaristas são “celas onde nem sequer há casa de banho privativa”.

A razão das obras no Seminário é “fundamentalmente” adquirir quartos com casa de banho privativa para os alunos a nível interno, bem como “construir um elevador” para uma maior acessibilidade do clero que tem uma faixa etária “elevada” e não tem condições de visitar a casa devido aos degraus, explicou.

Esta unidade hoteleira não vai ter uma categoria de nível superior, até porque terá alguns constrangimentos, como por exemplo a dificuldade para o estacionamento de carros.

O projeto de arquitetura tem também previsto a existência de uma rua pública envolvente e virada para o rio Douro que vai valorizar o espaço, onde toda a população poderá circular livremente e usufruir de uma paisagem privilegiada que é a de estar “em cima do rio Douro”, concluiu Vitorino Soares.