"A análise dos eventos de ontem mostra que o dispositivo não foi suficiente para conter a violência e evitar as ações dos vândalos", informou o gabinete do primeiro-ministro Edouard Philippe, após uma reunião extraordinária para analisar o ocorrido.

Esta conclusão surge após fortes críticas recebidas por causa dos incidentes ocorridos ontem na avenida Champs-Elysées, em Paris, onde lojas foram saqueadas e incendiadas.

"Temos que assumir as consequências destas falhas", assinalou hoje o gabinete do primeiro-ministro, que apresentará amanhã ao presidente Emmanuel Macron propostas para aumentar a segurança.

"Espero explicações" do Executivo, declarou a socialista de Paris, Anne Hidalgo. "Deveríamos ser capazes de controlar uma situação como a que acabámos de viver", disse, em entrevista ao jornal Le Parisien. "Estamos no meio de uma grande crise política e social. Estas fraturas não podem durar. Não podemos continuar assim!"

A Polícia de Paris informou a detenção de 200 pessoas, incluindo 15 menores.

Na turística avenida Champs-Elysées, lojas e restaurantes foram saqueados e incendiados durante este dia que foi anunciado como um "ultimato" ao chefe de Estado, considerado pelos "coletes amarelos" como "o presidente dos ricos".

De acordo com os comerciantes, 80 estabelecimentos foram afetados, dos quais vinte saqueados ou incendiados.

"Paris em chamas"

A direita critica Macron por não ter adotado rapidamente a chamada lei 'anti-vândalos', votada esta semana no Parlamento. Diante do receio quanto à possibilidade de as suas disposições infringirem a liberdade de manifestação, parlamentares e o presidente decidiram consultar o Conselho Constitucional.

As redes sociais também apontavam o dedo, com base em fotografias do presidente nas pistas de esqui de La Mongie, para onde havia viajado com a sua esposa Brigitte para "recarregar baterias" após uma viagem pela África do leste. Um fim de semana finalmente encurtado pelos eventos.

"Paris está em chamas e Macron a esquiar para as câmeras!", "é revoltante a inconsciência e falta de respeito para com os franceses!", escreveu no Twitter a eurodeputada do partido Os Republicanos Nadine Morano.

"Há um governo que, obviamente, não faz o seu trabalho", lançou o líder do Partido Socialista, Olivier Faure, ironizando os anúncios feitos "entre dois copos" do ministro.

A nova onda de violência pressiona o Executivo, mas também marca uma reversão da tendência da opinião pública, agora a favor do fim do movimento.

Este novo protesto coincidiu com o fim do "grande debate nacional" lançado pelo governo a fim de procurar uma saída para a crise.

Em toda a França, mais de 10.300 reuniões foram organizadas, e 1,4 milhões de contribuições foram registadas no site concebido para este fim. O Executivo tem até meados de abril para decidir o que pretende fazer com estas propostas.

Sete em cada dez franceses, no entanto, não esperam milagres e acreditam que o grande debate não sairá da crise que o país atravessa, segundo uma sondagem recente.

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