Centenas de pessoas reuniram-se em Paris, apesar da proibição aos protestos em vários pontos da capital, depois dos atos de violência de 16 de março, especialmente na avenida Champs-Élysées, onde nessa data 1500 manifestantes saquearam lojas e restaurantes, segundo o governo.

As críticas dos "coletes amarelos" estão, mais uma vez, concentradas no presidente francês Emmanuel Macron e na sua política fiscal e social.

O novo sábado de manifestação acontece três dias depois da rejeição pelo Conselho Constitucional de um dos principais artigos da "lei contra o vandalismo", que o governo deseja aprovar para combater os distúrbios durante as manifestações dos "coletes amarelos".

O artigo previa proibições administrativas de manifestação para pessoas que representam "ameaça grave para a ordem pública"·.

O Conselho, no entanto, aprovou outros dois pontos da lei: a revista prévia de mochilas e veículos perto das manifestações e a tipificação do delito de dissimulação voluntária do rosto. As medidas não são aplicadas neste sábado porque ainda não foram publicadas no Diário Oficial.

Os "coletes" tentam evitar o enfraquecimento do movimento, cada vez mais visível após cinco meses: em 17 de novembro, primeiro dia de protestos, reuniram 282.000 pessoas em todo o país, mas na semana passada foram apenas 33.700.

Para enfrentar o movimento - a maior crise de Macron desde que assumiu o poder em maio de 2017 –, o governo iniciou um "grande debate nacional", com 10.000 reuniões locais e quase 16.000 "cadernos de reclamações" que permitiram registrar as queixas da população. A iniciativa, porém, não convenceu os "coletes amarelos" a desistir dos protestos a cada sábado.

Entre as exigências dos franceses estão o aumento do poder de compra, mais justiça social e fiscal, assim como o reconhecimento do voto em branco, a redução do número de parlamentares, entre outras.

Durante a próxima semana estão programados dois debates, sem votação, no Parlamento francês, com a presença do primeiro-ministro Édouard Philippe.

A presidência francesa confirmou que o chefe de Estado anunciará as primeiras medidas do governo ainda em abril.

Macron, no entanto, precisa superar o ceticismo da opinião pública: uma sondagem recente mostrou que 68% dos franceses consideram que as suas opiniões não são levadas em consideração e 79% duvidam que o grande debate resolva a crise política.