“Decidi vir aqui hoje de manhã usar o direito de voto por inerência por ter tido esse cargo, nunca o tinha feito antes por imparcialidade, mas achei que eram circunstâncias absolutamente excecionais”, afirmou, aludindo ao facto de o CDS ter perdido, pela primeira vez na história, representação parlamentar.
Ladeado de Nuno Melo e de outros dirigentes, como Cecília Meireles, Luís Pedro Mota Soares ou Paulo Núncio, Portas disse querer expressar com o seu voto “confiança e admiração” no eurodeputado por se ter candidato em condições “tão hostis e adversas”.
Questionado, por várias vezes, sobre o que significava o regresso do antigo líder Manuel Monteiro aos Congressos do CDS-PP - discursou no sábado - e se se antevia uma reconciliação entre os dois, Paulo Portas nunca disse o nome do antigo presidente centrista.
“O mais importante deste congresso pareceu-me que o CDS deitou contas à vida e não fez ajustes de contas e isso é um primeiro passo bom. Todas as ajudas para poder reconstruir o CDS como instituição são bem-vindas e por isso acho que o primeiro passo foi bom”, disse.
Perante a insistência dos jornalistas no tema, elogiou Nuno Melo por ter “um discurso de respeito por todos os passados do CDS”.
“E, meu caro amigo, estamos no século XXI em 2022, não estamos no século XX, nos anos 90”, afirmou, num aparente ‘recado’ sobre o discurso de Manuel Monteiro, que liderou o partido entre 1992 e 1998.
Tal como tinha referido no sábado, quando anunciou a sua deslocação a Guimarães, Paulo Portas salientou que “este sinal” não significa um regresso à vida partidária.
“Tudo na vida tem um tempo, mas tem esse poder simbólico de que eu venho desejar ao Nuno Melo e à sua equipa bom trabalho, eficácia nos resultados - talento ele tem - e um pouco de sorte, que na política é importante, e ser capaz de recuperar o partido”, afirmou.
O antigo líder referiu que este gesto é “um sinal tanto para as pessoas que são do CDS, como para as que não são, mas acham que um partido como o CDS deve existir no sistema partidário” português, enfatizou.
Admitindo que Nuno Melo terá uma tarefa “muito difícil” nos próximos anos, Portas considerou que, por deter “o único cargo eleito do CDS-PP” como eurodeputado, tem “uma circunstância excecional” para presidir ao partido.
Paulo Portas, líder do CDS-PP entre 1998 e 2005 e depois entre 2007 e 2016, despediu-me desejando a todos “um bom domingo” e recebeu aplausos dos congressistas já presentes no pavilhão multiusos de Guimarães, a quem acenou à saída.
A moção de estratégia de Nuno Melo foi a mais votada, obtendo 73% dos votos hoje de madrugada, decorrendo agora as eleições para os órgãos nacionais do partido.
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