Marta Temido, ministra da Saúde, começou a conferência de imprensa com a habitual leitura do relatório epidemiológico de hoje.

  • Sobre o risco de transmissão (Rt), a ministra frisou que foi hoje recebido um relatório do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA), que indica que o valor médio deste ao longo do tempo, para os dias 19 a 23 de julho, foi de 0,94. "Vale a pena sublinhar que o número de casos a cada nova geração está numa trajetória de decréscimo paulatino ao nível nacional", acentuou. Foi ainda referido que o Rt varia no país, entre 0,86 na região Norte e 1,09 no Alentejo.
  • Marta Temido referiu que a taxa de transmissão no país continua a baixar. Nos últimos sete dias, a taxa de incidência é de 14,9 novos casos por 100 mil habitantes e nos últimos 14 dias é de 33,8.
  • Sobre a evolução da situação da região de Lisboa e Vale do Tejo, a ministra disse que Sintra regista uma variação negativa, mantendo-se nos restantes concelhos uma tendência decrescente. "Todos os cinco concelhos da AML que temos monitorizado mais estreitamente indiciam um comportamento decrescente, que naturalmente temos de continuar a acompanhar, na medida em que sabemos que esta é uma doença que tem um comportamento que exige sempre a maior prudência e a maior atenção".
  • Marta Temido afirmou que continuam ativos 196 surtos em todo o país, a maioria (119) na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), 41 na região Norte, 13 no Centro e no Algarve e 10 no Alentejo, perfazendo 13.205 casos ativos de covid-19.
  • Reportando-se a dados da aplicação Trace Covid – que apoia os médicos na gestão de casos – a maior percentagem de casos ativos do novo coronavírus encontra-se em LVT, totalizando 67%, seguindo-se a região norte, centro e depois Alentejo e Algarve.
  • Entre as seis unidades hospitalares da região que receberam mais pessoas para internamento, a ministra destacou a “grande pressão” sofrida pelo Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, e Fernando da Fonseca, na Amadora.
  • Foi também comunicado na primeira parte da conferência que a DGS disponibilizou uma nova norma sobre rastreio de contactos, na passada sexta-feira. "É absolutamente decisivo, para manter uma trajetória que nos dê conforto, que mantenhamos um acompanhamento da situação e um cumprimento rigoroso daquilo que são as medidas de prevenção da transmissão".

  • De acordo com relatórios do INSA, há uma distribuição assimétrica no que diz respeito aos indivíduos mais afetados nas diferentes regiões do país. "Um artigo da Escola Nacional de Saúde Pública mostra também hoje [o impacto da doença] em indivíduos com maiores comorbilidades associadas", explicou Marta Temido.
  • Em relação ao reforço dos profissionais de saúde no Algarve, a ministra referiu que foi feito um despacho excecional para permitir a mobilidade de recursos humanos para a região. Com isto, foi possível "cativar mais alguns enfermeiros", o que em nada afeta o que é a atribuição de vagas pelo concurso que vai ser aberto em breve, no mês de agosto. O despacho pretende dar resposta à habitual "flutuação" da população no período do verão.
  • Este ano já foram contratados 3.995 profissionais de saúde para o SNS, ao abrigo do regime excecional que está em vigor e que permite às instituições continuarem a contratar diretamente profissionais para a prestação de cuidados. Está também em curso o aumento da capacidade instalada e de aquisição de equipamentos, nomeadamente no que diz respeito a testes e ventiladores.
  • Graça Freitas, Diretora-geral da Saúde, referiu que existem circuitos bem definidos nos hospitais, uma vez que é necessário tratar pessoas que têm covid-19 e pessoas que não têm. Mantém-se também o reforço da "proteção individual e de medicamentos, vacinas e todas as questões que fazem parte do plano de inverno".
  • Quanto à reunião que acontece esta tarde, sobre a situação na região de Lisboa, Marta Temido frisou que esta é "uma reunião de trabalho", para "afinamento de procedimentos e correção de intervenções", escusando-se a fazer antecipações sobre a avaliação final que dali sairá.
  • Questionada sobre os recursos humanos para a Medicina Intensiva, a ministra lembrou que formar um profissional "é um processo que demora vários anos", pelo que "não é possível obter intensivistas com a mesma velocidade com que se adquirem equipamentos de cuidados intensivos ou como se conseguem fazer reformulações estruturais como aquelas que agora temos em curso para a instalação definitiva dos ventiladores". Contudo, está a ser desenvolvido trabalho nesse sentido.
  • Sobre o caso do feto de oito meses que morreu infetado com SARS-CoV-2, Graça Freitas disse que foi relatada uma situação de "transmissão vertical" e que o episódio está a ser acompanhado "com muita atenção, uma vez que continua a ser investigado". A Diretora-geral da Saúde referiu ainda que há poucos casos de transmissão de covid-19 da mãe para o filho, durante a gravidez, em todo o mundo. Contudo, "têm nascido bastantes crianças de mães positivas, mas que nascem bem, que se desenvolvem bem e que não contraem a doença". Graça Freitas deixou ainda "uma palavra de confiança para as grávidas", garantindo que "não há nenhuma evidência que leve a alterar a norma da vigilância da gravidez e do recém-nascido".
  • Sobre a máscara que foi desenvolvida em Portugal e inativa o vírus, Marta Temido frisou não ter ainda mais pormenores além dos que foram já divulgados. Por sua vez, Graça Freitas referiu que houve uma reunião em que foram apresentadas algumas características da máscara, havendo um produto "que é suposto inativar de facto o vírus, mas estão a decorrer muitos estudos e muitos testes".
  • No que diz respeito à evolução global da pandemia, a ministra lembrou que "não está a ser equivalente em todos". Da mesma forma, também Portugal esteve "em dissonância" com aquilo que se verificada em outros locais, sendo que, de momento, alguns países europeus se estão a distanciar "do que era um comportamento mais regular".
  • Marta Temido voltou a lembrar que o Hemisfério Sul é agora um observatório "para se retirar aprendizagens que nos possam ser úteis" no inverno. Todavia, até que exista uma vacina ou um tratamento eficaz não vai ser possível "eliminar a doença".
  • Quanto aos transportes públicos, a ministra reforçou que estes "constituem espaços onde há mais risco de transmissão". Desta forma, além das recomendações já emitidas pelas autoridades de Saúde, "cabe também aos utentes procurar evitar, quando isso é possível, a utilização de espaços sobrelotados", devido ao maior risco.
  • Sobre as "festas ilegais", Marta Temido lembrou que "não há forma de o Governo, o Estado, por mais cuidadoso que seja, por mais atento que seja, por mais diligente que seja, impedir os indivíduos de cometerem atos que ponham em causa a sua saúde e a dos demais". Assim, a ministra deixa o apelo para que "esse tipo de condutas" não sejam mantidas. "Esta é uma doença que não se compadece com facilitismos nem com correr riscos que possam ter consequências fatais", disse.