Num comunicado divulgado hoje aos mais de mil trabalhadores, a que a agência Lusa teve acesso, a empresa informa que decidiu encerrar a partir de sexta-feira e até ao dia 30 deste mês.

Na origem do encerramento, está o facto de o diretor, João Cachatra, que se encontra em isolamento desde segunda-feira, se encontrar infetado, depois de ter recebido o resultado positivo da análise.

No comunicado, é referido que, em conjunto com as autoridades locais de saúde pública, está a ser feito o levantamento das pessoas com as quais o diretor contactou desde o dia 11, para ficarem em quarentena preventiva nos próximos 14 dias, correspondentes à data do dia 30 deste mês.

É indicado que a laboração hoje "deverá decorrer com a maior normalidade" e que, a partir da data de encerramento, é mantido um serviço de piquete "para ocorrer a situações mais críticas nas áreas da segurança, logística ou de infraestruturas de comunicação".

Se algum trabalhador desenvolver sintomas, recomenda-se que não compareça na fábrica no dia 31, altura em que esta prevê retomar a laboração.

Na quarta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Transformadora do Centro, Sul e Regiões Autónomas pediu o encerramento da unidade, ao apontar alegadas falhas do plano de contingência contra a Covid-19.

"Os trabalhadores estão com muito receio de continuarem a laborar, porque a proximidade entre trabalhadores é reduzida e continuam a trabalhar ombro a ombro no piso inferior", afirmou hoje à agência Lusa Duarte Fontes, dirigente sindical.

Por seu turno, o diretor da fábrica, João Cachatra, esclareceu que o plano de contingência está a ser cumprido, tendo sido implementados procedimentos de higienização e dois horários diferentes, para só metade dos trabalhadores permanecer na fábrica, que passou também a encerrar à hora de almoço, para não haver trabalhadores dos diferentes turnos a cruzar-se.

Contudo, admitiu que precisa ainda de ajustes e que em "mais um ou dois dias tem todas as condições implementadas".

A empresa está a tentar adquirir termómetros, para passar a medir a temperatura, e máscaras em quantidade para haver ‘stock' suficiente para os trabalhadores.

Com o encerramento das escolas, desde segunda-feira que uma centena de trabalhadores está em casa a apoiar os filhos.

A produção "baixou, mas para já não atingiu níveis significativos", nem teve reflexos na faturação, adiantou.

A fábrica já tinha anunciado que vai despedir entre 40 e 50 trabalhadores temporários até ao final deste mês por redução de encomendas e de faturação, com a rescisão do contrato com um cliente, que representada 14% na sua faturação.

A rescisão do contrato com a multinacional já vinha a ser preparada desde há dois anos.

A Eugster Frismag de Torres Vedras, no distrito de Lisboa, emprega 1.060 trabalhadores e faturou 118 milhões de euros em 2019 com o fabrico de pequenos eletrodomésticos, em grande parte máquinas de café.

Além de Torres Vedras, a multinacional tem três fábricas na Suíça e outra na China.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 220 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.900 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 85.500 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 176 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, com a Itália, com 2.978 mortes em 35.713 casos, a Espanha, com 767 mortes (17.147 casos) e a França com 264 mortes (9.134 casos).

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira. O número de mortos no país subiu para três.