Na habitual videoconferência de imprensa sobre a evolução da pandemia da covid-19, a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, disse, respondendo a uma pergunta sobre a recomendação francesa, que “as diretrizes” da organização continuam a ser o uso de duas doses, apesar de os países procurarem “otimizar” a inoculação perante a “escassez de vacinas”.
Soumya Swaminathan assinalou que são necessários “mais estudos” para se perceber se a primeira dose pode atuar como “um reforço” da imunidade à covid-19 para as pessoas infetadas, que desenvolveram naturalmente anticorpos contra o novo coronavírus, o SARS-CoV-2.
A médica e cientista indiana adiantou que os anticorpos gerados naturalmente contra um vírus após uma infeção podem durar seis meses, enquanto a resposta das células imunitárias de memória (que reconhecem o agente infeccioso depois de um contacto anterior) pode persistir durante anos.
As vacinas contra a covid-19 já autorizadas e administradas em diversos países, incluindo Portugal e França, são administradas em duas doses, com intervalos de tempo variável.
Hoje, a Alta Autoridade de Saúde francesa (o correspondente à Direção-Geral da Saúde portuguesa) recomendou a administração de apenas uma dose das vacinas contra a covid-19 a pessoas que já tenham sido infetadas, tornando-se França o primeiro país a fazê-lo.
No seu parecer, que aguarda aprovação do Governo, a autoridade sanitária francesa apresenta como justificação o facto de as pessoas terem desenvolvido “na altura da infeção uma memória imunológica”.
“A dose única da vacina irá desempenhar assim a função de um aviso”, refere o parecer, que aconselha esperar “mais de três meses” após a infeção, “de preferência seis meses”, antes de injetar a dose.
A pandemia da covid-19 provocou, pelo menos, 2.368.493 mortos no mundo, resultantes de mais de 107,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP.
Portugal totaliza 15.034 mortes associadas à covid-19 e 781.223 infeções, de acordo com o balanço mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Comentários