O "Hospital Porto." está a nascer no interior do Pavilhão Rosa Mota, nos jardins do Palácio de Cristal. Este hospital improvisado vai a receber doentes infetados com o novo coronavírus (SARS-CoV-2), responsável pela covid-19, mas que estejam assintomáticos ou com sintomas ligeiros sem possibilidade de isolamento em casa.

O espaço pode ser também usado por doentes infetados e com necessidade de cuidados médicos devido a outras patologias e acolher doentes em fase de convalescença.

A unidade, que servirá de retaguarda ao São João e ao Santo António, estará pronta dentro de pouco mais de uma semana, segundo as previsões da autarquia. Este espaço fica muito próximo do Santo António, uma das unidades de referência para a covid-19.

A gestão clínica fica a cargo do Conselho Regional da Ordem dos Médicos. A câmara do Porto, com o Centro Hospitalar Universitário do Porto (Santo António) e o Centro Hospitalar de São João, são os responsáveis pela logística.

A imprensa foi convidada a estar hoje presente na montagem deste hospital. No espaço estava inicialmente previsto o acolhimento dos idosos dos lares da cidade, mas a Diocese do Porto disponibilizou o Seminário de Vilar para esse efeito, libertando, assim, o Rosa Mota.

Na arena estão a ser erguidas paredes provisórias e camas, estruturas montadas pelo município, com o apoio do Exército.

Segundo a autarquia, “esta transformação do SuperBock Arena / Pavilhão Rosa Mota num hospital, em tempo recorde, permitirá aliviar a pressão sobre os dois principais hospitais públicos da cidade que têm estado na primeira linha de atuação à doença”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil.

Dos casos de infeção, pelo menos 148.500 são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 413 mil infetados e mais de 26.500 mortos, é aquele onde se regista atualmente o maior número de casos.

Em Portugal, segundo o balanço feito na segunda-feira pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 140 mortes, mais 21 do que na véspera (+17,6%), e 6.408 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 446 em relação a domingo (+7,5%).

Semana começou com polémica

A conferência desta segunda-feira ficou marcada pelo anúncio de Graça Freitas, em resposta ao SAPO24, de que estaria a ser equacionada uma cerca sanitária no Porto. A ideia foi imediatamente contestada pelo executivo de Rui Moreira, que a considerou "inútil", "absurda" e "extemporânea" — afirmando ainda que deixa de reconhecer autoridade à diretora-geral da saúde.

A polémica surge no meio de outras entre a Invicta e as autoridades nacionais: que vão desde os ventiladores da Galp alegadamente desviados para Lisboa, ao hospital de campanha que a RTP quer ajudar a montar também na capital.

Na semana passada, vários jornais deram conta de que a Comissão Distrital de Proteção Civil do Porto tinha pedido — por três vezes — cercas sanitárias para cinco concelhos do Grande Porto (nenhum dos quais a Invicta), que supostamente foram recusadas pela Administração Regional de Saúde do Norte (ARS-N).

Todavia, Marco Martins, presidente da estrutura distrital da Proteção Civil, esclareceu ao SAPO24 que, como previsto, a questão foi levantada nas reuniões de coordenação, mas não houve um pedido, tendo a medida sido apenas colocada à consideração da ARS-N.

A manchete desta terça-feira do 'Jornal de Notícias' acrescenta mais uma polémica: a Direção-Geral de Saúde admitiu erros na contagem de casos no Porto devido à metodologia adotada, que será entretanto corrigida.

Segundo declarações da DGS ao jornal, está a ser utilizada uma "metodologia mista" que recolhe dados reportados pelas administrações regionais e pela plataforma Sinave (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica), onde os médicos inserem informação sobre os doentes.

Assim, "o universo [de casos] pode ser indevidamente maior do que o número de casos por dupla contagem", adianta fonte da DGS.