A rede de oxigénio do Hospital Fernando da Fonseca, vulgarmente conhecido como Amadora-Sintra, entrou em sobrecarga ao início da noite desta terça-feira. Em causa estão flutuações na quantidade de débito de oxigénio que chega à zona de enfermaria e urgência onde estão a ser tratados doentes com covid-19.
Num primeiro momento, a assessoria do hospital indicou que “31 pacientes seriam transferidos” para outros hospitais da região de Lisboa, mas pouco tempo depois esse número foi elevado para 48.
O que aconteceu?
“Não houve colapso na rede de oxigénio do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora -Sintra). Houve uma flutuação do débito de oxigénio”, disse à Lusa Diana Ralha, assessora do Hospital Amadora-Sintra.
“Nossos tanques [dois tanques] têm imenso oxigénio. Não está em causa e nunca esteve em causa a vida dos doentes, porque assim que foram reportadas as flutuações no débito do oxigénio, estes doente iniciarem ventilação através de botijas, de cilindros de oxigénio que nós temos muitos, estamos muito bem fornecidos”, sublinhou a assessora.
Devido aos constrangimentos ocorridos, segundo explicou o hospital em comunicado, é “aconselhável a diminuição do número de doentes internados a quem é necessário administrar oxigénio em alto débito, pelo que se está a proceder à transferência de 48 doentes para outras unidades de saúde da região de Lisboa”.
Segundo a mesma nota “não está em causa a disponibilidade de oxigénio ou o colapso da rede, mas sim a dificuldade da estrutura existente em manter a pressão. Assim é necessário aliviar o consumo de oxigénio para estabilizar a rede e repor a normalidade”.
Algum utente ficou em risco de vida devido a esta falha?
“Nunca esteve em causa a vida dos doentes, porque assim que foram reportadas as flutuações no débito do oxigénio, estes doentes iniciarem ventilação através de botijas, de cilindros de oxigénio que nós temos muitos, estamos muito bem fornecidos”, disse à agência Lusa Diana Ralha, assessora do Amadora-Sintra.
“Os constrangimentos referidos foram colmatados com recurso a garrafas de oxigénio, envolvendo a mobilização de vários profissionais cujo esforço se agradece publicamente”, lê-se no comunicado.
O que está a ser feito para corrigir o problema?
Segundo a nota, “HFF tem já em curso um conjunto de obras para reforço da rede de fornecimento de oxigénio. Está em curso um reforço da rede de gases medicinais que serve esta unidade, designadamente as áreas das enfermarias, serviços de urgência, unidades de cuidados intensivos, entre outras”.
“Na semana passada foi instalada uma nova rede de oxigénio na Torre Amadora para reforço da rede já existente, visando a manutenção de fluxos e estabilização da rede de oxigénio”, referiu o documento.
Segundo o hospital, teve igualmente início “os trabalhos para a instalação de um novo tanque de oxigénio que funcionará em paralelo com o existente. Esta nova infraestrutura, que se estima ficar concluída dentro de três semanas, vai dar resposta a eventuais necessidades de aumento do consumo”.
Além disso, de acordo com a nota, tiveram também já início os trabalhos de instalação de uma rede redundante na Torre Sintra, que tal como a rede redundante instalada na outra torre irá reforçar a rede de gases medicinais já existente.
Adicionalmente, segundo o hospital, vai também ser instalado um tanque de oxigénio para alimentar em exclusivo a área dedicada a doentes respiratórios do Serviço de Urgência e que ficará independente da rede principal do Amadora-Sintra.
O contexto covid-19 no Amadora Sintra
“Já eramos o Hospital com mais doentes com covid-19, com 363 pacientes, e mesmo com estas transferências (48), continuamos a ser o hospital com mais doentes covid-19”, disse Diana Ralha.
“Nunca recusamos nenhum doente, nunca recusamos cuidados a nenhum paciente. Mas devidos a estes problemas de infraestrutura, tivemos que colocar aqui um travão. Nas últimas 72 horas, o Hospital Amadora-Sintra aumentou 90 camas de enfermaria covid-19. O nosso plano de contingência, no pior cenário, previa 120 doentes com covid-19”, sublinhou a assessora do hospital.
Há problemas na rede de fornecimento de oxigénio aos hospitais?
Ao SAPO24, fonte do Infarmed afirmou que o fornecimento de oxigénio aos hospitais não está em rotura.
Ao início da tarde desta terça-feira, o Infarmed em comunicado garantiu que, devido à pandemia de covid-19 e ao aumento de procura de serviços de saúde, está a monitorizar o consumo de medicamentos, incluindo oxigénio, em estreita articulação com os hospitais, afirmando que não havia qualquer perigo de rutura de fornecimento.
"De uma recente monitorização efetuada, conclui-se que atualmente existem cinco titulares de AIM para o oxigénio medicinal e todas as apresentações comercializadas se encontram disponíveis para abastecimento e nenhuma se encontra em situação de rutura ou com rutura prevista", podia ler-se na nota.
*Artigo atualizado às 22h00 com a correção do título depois de a administração do Hospital Amadaora-Sintra ter afirmado que não ocorreu um colapso na rede, mas sim uma "flutuação do débito de oxigénio"
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