A central nuclear de Zaporizhzhia, na cidade de Enerhodar, responsável pela produção de um quarto da energia da Ucrânia, foi palco de confrontos entre forças russas e ucranianas. Um reator terá sido atingido por artilharia russa, fruto das hostilidades. “Exigimos que parem os disparos com armas pesadas. Há uma ameaça real de perigo nuclear na maior central da Europa”, alertou o porta-voz desta estação, Andriy Tuz.

No entanto, as autoridades ucranianas já fizeram saber que a segurança da central nuclear atacada está "garantida". "O diretor da central disse que a segurança nuclear agora está garantida. Segundo os responsáveis pela central, um prédio de formação e um laboratório foram afetados pelo fogo", declarou no Facebook Oleksander Starukh, chefe da administração militar da região de Zaporizhzhia.

Também o autarca de Enerhodar denunciou bombardeamentos contra a central nuclear, que originaram um incêndio.

“Ameaça à segurança global. Como resultado do contínuo bombardeamento inimigo de edifícios e unidades da maior central nuclear da Europa, esta está a arder”, referiu Dmitry Orlov através da sua conta da rede social Telegram.

O autarca explicou que a guarda nacional confirmou a ocorrência de um incêndio e que irá defender a central.

Após ser contactada pela Ucrânia, a Agência Internacional de Energia Atómica fez saber que está ao corrente da situação, alertando para o "perigo sério" desta ocorrência e pedindo o fim do uso de força na central. Entretanto, a Ucrânia não detetou, para já, mudanças nos níveis de radiação em Zaporizhzhia.

"O regulador ucraniano disse à AIEA que não há mudanças registadas nos níveis de radiação em Zaporizhzhia", anunciou o órgão da ONU no Twitter.

Esta informação contraria a apresentada por um funcionário do Governo, que disse à Associated Press que elevados níveis de radiação estavam a ser detetados junto ao local da central. Esta fonte falou sob a condição de anonimato porque a informação ainda não foi publicamente divulgada.

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, utilizou a sua conta oficial de Twitter para avisar que uma explosão nesta central "será 10 vezes maior que em Chernobyl".

"Os russos têm de parar imediatamente de cessar fogo, deixar os bombeiros passar e estabelecer um perímetro de segurança", pediu.

A ocorrência levou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a ligar ao seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, sobre este incêndio. Biden "acaba de falar com Zelensky" sobre esta central localizada no centro da Ucrânia, informou um alto funcionário dos EUA.

Durante o dia de quinta-feira as autoridades ucranianas tinha relatado que as forças militares russas estavam a caminho da central nuclear, enquanto apelavam ao Ocidente que encerre o espaço aéreo sobre as centrais nucleares.

As autoridades ucranianas realçaram ainda que “tiros altos” foram ouvidos na cidade de Enerhodar na noite de quinta-feira.
"Muitos jovens com roupas desportivas e armados com kalashnikovs entraram na cidade. Estão a arrombar portas e a tentarem entrar nos apartamentos”, destacou a Energoatom, em comunicado.

Já o primeiro-ministro ucraniano, Denys Shmyhal, juntou-se ao Presidente da Ucrânia para pedir ao Ocidente que feche os céus sobre as centrais nucleares da Ucrânia.

Denys Shmyhal revelou que apelou à NATO e à Agência Internacional de Energia Atómica, o órgão de vigilância das Nações Unidas.

“Fechem os céus sobre a Ucrânia. É uma questão de segurança para o mundo inteiro”, alertou o governante.

Os Estados Unidos e a NATO já descartaram a criação de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, visto que essa medida colocaria diretamente os militares russos e ocidentais em confronto.

Os russos têm usado o seu poder de fogo superior nos últimos dias, lançando mísseis e ataques de artilharia em áreas civis e obtendo ganhos significativos no sul da Ucrânia, como parte de um esforço para cortar a ligação deste país com o mar Negro e Azov.

O corte do acesso da Ucrânia ao litoral seria um rude golpe para a economia do país e permitira à Rússia construir um corredor terrestre que se estende desde a sua fronteira até à Crimeia, anexada por Moscovo desde 2014, seguindo depois para oeste até à Roménia.

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