“Muitas pessoas estão a aproveitar o desacordo entre venezuelanos”, disse à agência Lusa a propósito de situações relacionadas com ativos venezuelanos no estrangeiro, como os 1.726 milhões de dólares (1.553 milhões de euros) que o Presidente Nicolás Maduro diz estarem retidos no Novo Banco.
“Não estou a dizer que é o Governo de Portugal, porque é uma instituição bancária privada, mas, por exemplo, o Novo Banco, está a fazer uso ou a aproveitar-se das riquezas que pertencem a todos os venezuelanos, porque estamos em confronto”, disse.
Segundo Francisco Torrealba, acontece o mesmo com outros “ativos importantes” no estrangeiro.
“Estou a falar da Citgo [petrolífera venezuelana nos EUA], da Monómeros [propriedade da Pequiven, a principal empresa de petroquímica venezuelana, na Colômbia], dos papéis da dívida venezuelana que foram severamente punidos porque nós aqui estamos a brigar”, disse.
Para o deputado, “há pessoas para as quais a confrontação política tem sido um grande negócio e outras para quem tem sido uma grande tristeza, que são a maioria dos venezuelanos” que vivem no país e que querem “que as coisas avancem”.
“Os que têm feito grandes negócios são os que não moram aqui e os que representam os sistemas financeiros, que se estão a aproveitar de uma suposta dualidade [confronto entre Governo e oposição], ignoram um ou não prestam atenção nem a um nem a outro, mas embolsam a riqueza de todos os que estamos aqui”, disse.
Nesse sentido, disse ser preciso que Governo e oposição cheguem a um acordo, que terminem com uma confrontação que “leva a perder e perder”.
“Chegar a uma situação onde alcancemos um equilíbrio, em que todos considerem que as suas expectativas políticas estão satisfeitas e, acima de tudo, consigam que o outro o respeite, em maioria ou minoria, no Governo ou na oposição”, frisou.
“Nas regras do jogo democrático, todos nos devemos respeitar”, acrescentou.
“É o momento de parar de olhar para os erros que uns e outros cometemos, (…) de passar à parte positiva, de ser assertivos, para que os outros se incorporem ao processo de encontrar soluções, que é o que todas as pessoas pedem, porque, caso contrário, vão cobrar-nos a todos por igual”, disse.
o deputado explicou que “já existem muitas pessoas infelizes e não é bom para a saúde da democracia que os cidadãos estejam descontentes com os políticos”.
“A saúde da democracia precisa que os políticos digam as coisas, discordem onde tiverem de discrepar, mas que se respeitem e respeitem as regras de jogo que estão estabelecidas e que todos conhecem”, concluiu.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se em janeiro passado, quando o líder do parlamento, o opositor Juan Guaidó, jurou assumir as funções de Presidente interino do país, até conseguir afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e transparentes no país.
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