“Os nossos contactos com Estados-membros da União Europeia levaram 10 países a participarem no acolhimento” desses 400 menores, disse Horst Seehofer, numa conferência de imprensa em que participou também o vice-presidente da Comissão Europeia, o grego Margaritis Schinas.
Segundo o ministro, a Alemanha e a França vão recolher entre 100 e 150 crianças cada um.
“Estamos a falar com outros parceiros europeus para especificar números, mas partimos do princípio de que nos corresponderá receber o grosso desse grupo”, acrescentou.
Margaritis Schinas agradeceu, numa intervenção virtual, a disponibilidade dos dois países e lembrou que, nos últimos meses, foi possível reduzir o número de refugiados em Lesbos de 25.000 para cerca de 13 mil.
Seehofer, por sua vez, exortou os seus parceiros europeus a alcançarem uma “solução conjunta” que, advertiu, não pode ser adiada por mais tempo.
Situado na ilha grega de Lesbos, Moria – o maior campo de refugiados da Europa e aquele que tinha piores condições, já que albergava cerca de quatro vezes mais pessoas do que a sua capacidade — sofreu vários incêndios na quarta-feira, após confrontos entre os migrantes e as autoridades gregas.
O incêndio foi detetado depois de ter sido anunciado que 35 pessoas do campo tinham obtido resultado positivo no teste para deteção da infeção da covid-19 e que iriam ser transferidas para uma área especial de isolamento.
Nesse mesmo dia, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha pediu aos países da União Europeia para cuidarem dos migrantes atingidos pelo “desastre humanitário”.
“Temos de determinar rapidamente uma forma de ajudar a Grécia” e incluir nessa ajuda “uma distribuição entre os países da UE disponíveis para receber [os migrantes]”, afirmou Heiko Maas.
O custo da deslocação dos 400 menores não acompanhados de Moria para a Grécia continental foi assumida pela Comissão Europeia e o Governo grego declarou estado de emergência na ilha de Lesbos, já que o incêndio destruiu praticamente todo o campo de refugiados.
A Alemanha já acolhe uma média de 300 refugiados por dia – que chegam pelos Balcãs ou outras rotas, ao abrigo das regras de reunificação familiar ou por outras circunstâncias — lembrou hoje o ministro do Interior.
A chanceler alemã, Angela Merkel, explicou na quinta-feira, em Berlim, que, em conversa telefónica, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, lhe pediu apoio para acolher os refugiados que ficaram desabrigados.
“A Alemanha cumpre a sua responsabilidade. Mas não podemos ficar satisfeitos com a política de migração europeia. Na realidade, essa política não existe atualmente”, disse a chanceler, que prometeu trabalhar, durante a atual presidência alemã da União Europeia, para conseguir “avanços nessa matéria”.
As pressões sobre o Governo de Merkel e especialmente sobre o ministro Seehofer para que fosse oferecida ajuda humanitária começaram logo na quarta-feira.
Milhares de manifestantes marcharam em Berlim, Hamburgo e Frankfurt e outras cidades para pedir o acolhimento desses refugiados e as igrejas católica e evangélica apelaram à classe política para fornecer ajuda humanitária.
O governo regional do “Land” de Berlim ofereceu-se para receber cerca de 300 pessoas, enquanto os da Turíngia, Baviera e Renânia do Norte-Vestfália disponibilizaram-se para acolher cerca de 1.000 pessoas cada um.
A Alemanha está entre o grupo de países comprometidos com a realocação de refugiados em campos gregos. Desde meados de julho, já recebeu cerca de 450, na sua maioria menores desacompanhados ou crianças acompanhadas por familiares, em casos de especial vulnerabilidade.
O objetivo do Ministério do Interior era acolher um total de 950 refugiados até ao final de setembro ou início de outubro.
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