A iniciativa de lançamento, que decorre ‘online’, tem como parceira a livraria Fonte de Letras, em Évora, e pretende mostrar que, assim como somos o que comemos, também “Somos o que brincamos” (o mote da campanha).

“Hoje em dia, com o politicamente correto, o branqueamento de conflitos e a aposta no sucesso e na eficácia, achámos que era importante voltar a uma filosofia em que se pudesse reabilitar algumas figuras importantes para o desenvolvimento das crianças, que têm que ver com o universo imaginário, em particular das narrativas e personagens dos contos de fadas”, explicou à Lusa Conceição Tavares de Almeida, do Programa Nacional para a Saúde Mental da Direção-Geral da Saúde (DGS).

A especialista da DGS diz acreditar que os contos de fadas são “um instrumento de higiene mental” e defende: “A mente das crianças precisa de cuidados e de proteção”.

“Não temos nada contra as tecnologias, são elas que nos salvam e neste ano de pandemia isso ficou evidente. Mas elas têm de ser um meio e não um fim”, diz, quando questionada sobre a diferença entre a criança passar um tempo com um ‘tablet’ ou a ouvir ou ler contos de fadas.

Um dos perigos das tecnologias “é retirar subjetividade às coisas”, estremando-as e tornando-as muito concretas.

“A mais valia desta forma de comunicar [contos de fadas] é trazer o conflito e as dimensões do fantástico e toda a paleta de emoções que os contos encerram”, explica, lembrando que é importante que as crianças não sejam “deixadas sozinhas com o seu próprio crescimento, as duas dúvidas e angústias”.

“As crianças só se desenvolvem na relação com os outros e o perigo das tecnologias é esse”, acrescentou.

A campanha usará parceiros locais, neste caso a livraria de Évora, e a intenção é que a tertúlia que vai acontecer hoje se possa replicar noutras ocasiões e noutras partes do país, contando sempre com o apoio de livrarias locais.

Serão promovidas atividades que funcionam como ferramentas de promoção de competências sócio-emocionais e há diversos materiais de divulgação que a DGS pretende que sejam usados e trabalhados em jardins de infância e escolas do distrito de Évora e que incluem um jogo de tabuleiro/cenário e várias figuras ilustradas que representam personagens dos contos de fadas.

O desenvolvimento do projeto contou com contributos de professores universitários na área da literatura, educadores de infância, artistas ilustradores, contadores de histórias, técnicos de saúde mental, crianças, pais e cuidadores.

O encontro de hoje, que decorre às 18:00, será transmitido no site da DGS e do Facebook, bem como nas redes sociais da Fonte de Letras.