“A senhora Merkel está a deixar a liderança do partido, não está a deixar a liderança da Alemanha”, vincou, em Londres, a propósito do anúncio da chanceler alemã não se recandidatar à presidência do seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), nem a chefe do governo alemão.
Durão Barroso, que foi presidente da Comissão Europeia entre 2004 e 2014, considera que “ela tem sido uma líder excecional, tem dado muito à Alemanha e à Europa”.
Barroso defendeu muitas vezes a líder alemã contra as críticas que lhe eram feitas devido às políticas de austeridade impostas na Grécia e Portugal durante a crise financeira na zona euro no início desta década.
Sobre o futuro da líder alemã, não quis especular, mas mostrou esperanças em que se mantenha envolvida na política, até porque deverá manter-se em funções até ao final do mandato, em 2021.
“Vamos ver agora o que se passa no futuro. De uma coisa eu estou certo: a Europa deve muito à senhora Merkel e eu espero que continuemos a contar com ela no futuro”, concluiu o atual consultor do banco Goldman Sachs, em declarações à margem de uma palestra intitulada “A União Europeia e o Panorama Internacional em Mudança” na Faculdade de Economia da Universidade City, em Londres.
Angela Merkel é chanceler alemã desde 2005 e presidente dos democratas cristãos desde 2000), mas o mau resultado eleitoral nas eleições regionais no Estado federado de Hesse (centro) no domingo determinou a decisão de se afastar do poder.
“Hoje, é tempo de abrir um novo capítulo”, declarou a chanceler alemã, após ser conhecido que a CDU perdeu cerca de 11% dos votos numa região que dominava há décadas para os rivais, nomeadamente os Verdes.
A CDU de Merkel conseguiu 27% dos votos na votação de domingo.
Com uma votação de 13%, o partido da extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) também conseguiu entrar no parlamento regional de Hesse, o único dos 16 do país onde ainda não tinha representação.
A eleição do próximo presidente da CDU terá lugar no congresso do partido, agendado para 07 a 08 de dezembro, em Hamburgo.
O partido está no poder em coligação a CSU e o SPD desde o ano passado, estando as próximas eleições federais agendadas para 2021.
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