“É agora claro que a Ucrânia está a vencer esta guerra e é importante que Putin [Presidente russo] e o Kremlin [regime russo] percebam que estão a perder para a guerra acabar e, quanto mais cedo o fizerem, melhor”, afirmou Kaja Kallas, num encontro esta tarde com a imprensa europeia em Bruxelas, em que a Lusa participou.
Dias depois de o grupo paramilitar Wagner ter avançado com uma rebelião na Rússia contra o comando militar ocupando Rostov, cidade-chave no sul do país para guerra na Ucrânia, a governante observou que “a Rússia achava que o ocidente iria quebrar antes, mas agora vê-se que eles é que estão a quebrar”.
“Estes são bons sinais, mas não podemos desmobilizar […] e temos de aguentar a pressão porque é possível que, mais cedo ou mais tarde, eles [regime russo] entendam que cometeram um erro”, salientou Kaja Kallas, falando à imprensa europeia um dia antes do Conselho Europeu que será dominado pela rebelião militar na Rússia.
Uma vez que faz fronteira com a Rússia, a Estónia foi um dos países da União Europeia (UE) que ficou em alerta no passado sábado, depois de o grupo paramilitar Wagner ter tomado o controlo de uma cidade russa estratégica e avançado sobre Moscovo.
Vincando que “a Rússia é e vai continuar a ser perigosa”, Kaja Kallas vincou que a UE deve “continuar a apoiar a Ucrânia”.
Neste encontro com a imprensa europeia, a primeira-ministra da Estónia defendeu ainda um plano para ajudar a pagar a reconstrução da Ucrânia devastada pela guerra utilizando bens russos, numa altura em que os 27 Estados-membros da UE já congelaram mais de 200 mil milhões de euros em ativos do banco central russo e outros 30 mil milhões em ativos privados de oligarcas russos devido à invasão, desde fevereiro de 2022.
“Todos estamos comprometidos com a reconstrução da Ucrânia, mas a questão é de onde vêm estes fundos e […] os nossos contribuintes não devem pagar por algo que não destruímos, é a Rússia que deve pagar, por isso devemos perceber como usar os bens russos congelados”, disse Kaja Kallas.
Uma vez que será um feito jurídico sem precedentes, fortemente defendido pela Ucrânia e pelos seus aliados, mas que causa divergências entre os 27, a primeira-ministra garantiu que “isto não quer dizer que se está a tirar os bens da Rússia”, estando-se sim a “usar os que está nas mãos” dos Estados-membros.
“Espero que nos sigam [outros aliados] e que a Comissão Europeia apresente uma solução europeia a este respeito”, adiantou Kaja Kallas.
A ideia é usar os ativos russos para financiar a reconstrução da Ucrânia e, assim, aliviar o peso que recai sobre o orçamento da UE.
A rebelião militar na Rússia vai marcar o Conselho Europeu, no final da semana em Bruxelas, na qual os líderes da UE irão reforçar o apoio à Ucrânia e discutir migrações e relações com a China.
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